segunda-feira, 22/04/2024
Temos a responsabilidade com as gerações futuras de perpetuar a nossa espécie Foto: Pixabay

Desafios da economia: Bioética e Processos Produtivos (parte 7)

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As mudanças necessárias

Iginio Rivero Moreno (*)

É muito importante ressaltar que embora exista um panorama triste no mundo, também existem grandes possibilidades de retomar um caminho para a reconstrução. A Bioética não se refere só ao setor das ciências experimentais. Assim também, a produção não se restringe às fábricas. Do mesmo jeito, a economia  não é uma área separada das dinâmicas sociais no geral. A visão obsoleta que considera a história como uma continuidade linear, que sustenta ideologicamente os pensamentos da direita como da esquerda, que tem a ideia do destino manifesto e de realidades imutáveis, com a sociedade como uma estrutura fragmentada em especialidades, fazendo ver uma realidade virtual da vida, é errada.

Nesse caso, essa visão da realidade só serve para fazer análises intelectuais, hipotéticas, na qual a política é entendida como um segmento da sociedade que tem que ser administrada por um pessoal especializado, dedicado à política o tempo todo. Porém, a realidade tem outro comportamento, é dinâmica, complexa e integrada.

A política, além de ser uma ciência social, é o sistema fundamental através do qual se organizam todos os aspectos da dinâmica social, ordenando e coordenando seu funcionamento, chamando a atenção de que é um dever, obrigatório, ético,  de todo cidadão para  exercer responsavelmente uma participação protagonista e converter num marco jurídico que consiga garantir os direitos de convivência, o viver harmônico,  o viver bem de todo cidadão, sem discriminações e sem prejuízos na produção dos bens econômicos de uma nação, sempre que sejam coerentes na preservação ecológica da vida.

A única maneira é incorporando todos os setores da sociedade numa organização articulada, com fundamento no respeito ecológico da vida, incluindo, com certeza, a vida humana como principal responsável da sua realização. A experiência da pandemia da COVID-19 tem que ser motivo, como está sendo, para mudar radicalmente muitas atitudes.

A forma?

Em todo o mundo já se observa iniciativas de produção baseadas na Bioética, como: agricultura bio-sustentável, alimentação e nutrição saudável, práticas alternativas de saúde, permacultura, energias renováveis, alternativas sustentáveis parceiras do ambiente, governos com resoluções e ações comprometidas com o meio ambiente para reverter as mudanças climáticas. E os  empreendimentos produtivos como alternativas econômicas de autonomia, na ideia de auto sustentabilidade e cooperação nas redes de micro e macro empreendedorismo.

Com políticos sérios dando exemplo de gestão pública, como o prefeito de Colatina, um município do estado do Espírito Santo, no Brasil, entre inumeráveis referências, desconhecidas pela maioria das pessoas que só utiliza as redes sociais para consumismo das empresas da mídia.

Temos que fazer uma autoavaliação séria, responsável e honesta de nós mesmos, antes de criticar o sistema. O que é que estamos fazendo como cidadãos? Como contribuímos com o caos? Estamos sendo parte da solução?

Logo, se os resultados da nossa autoavaliação são favoráveis a favor da causa do planeta, da consciência ecológica para mudar o modo de produção poluente e ecocida, então comecemos a praticá-los. Ainda que sejam simples, vão ser de muito valor, ajudando na soma de iniciativas e vontades que no final nos permitam sentir que fizemos o correto,  mesmo não dando certo no futuro. Afinal, sendo finitos como indivíduos, temos a responsabilidade com as gerações futuras de perpetuar a nossa espécie. E isso só é possível salvando a vida do planeta como um todo.

Aqui (neste texto 7), concluímos parte da reflexão em torno da Bioética, embora as reflexões continuem nos futuros textos na busca de uma vida responsável, sustentável e possível a todos os seres humanos e não humanos que povoam a terra, a galáxia, o universo.

(*) Poeta e artesão venezuelano. Licenciado em Educação, especializado em Desenvolvimento Cultural pela Universidade “Simón Rodríguez”, Venezuela.

** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a).  Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.

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