quarta-feira, 24/04/2024
Segundo o infectologista Matheus Todt, o risco é muito elevado para se pensar em festas populares como Réveillon e Carnaval.

A flexibilização acontece “no pior dos cenários e infelizmente mais pessoas vão morrer”, alerta infectologista

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O infectologista e professor da Universidade Tiradentes, Matheus Todt, disse hoje, 29, que a retomada da atividade econômica, anunciada pelo Governo do Estado,  começa “no pior cenário”, diante da pandemia da covid-19. Ele alerta que dentro de duas ou três semanas, o número de casos da doença vai aumentar, assim como as mortes, em virtude da flexibilização.  “Se quisesse flexibilizar agora, teria que ser mais duro antes”, ressaltou. “Infelizmente, mais pessoas vão morrer. Não tem como pensar de outra forma”, lamentou.

De acordo com Matheus Todt, “estamos em colapso, em ascensão da doença, a situação é muito perigosa e as pessoas estão tranquilas. Não sei se é negação ou aceitação da morte”. Para ele, na atual conjuntura da doença no Estado e em Aracaju, “é uma imaturidade das pessoas em defender a reabertura”. O médico alerta que os leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTIs) da rede privada estão superlotados e os da rede pública estão com taxas de ocupação altas.

Boletim

Segundo o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (SES) divulgado no domingo à noite, 28, a taxa de ocupação de UTI adulto, na rede privada, que tem 115 internados, é de 126,4%, enquanto que na rede pública, com 121 pacientes, é de 76,1%. Nas enfermarias particulares, com 139 pacientes, a taxa é de 111,2%, enquanto que  na pública, são 225 pacientes, com 66,8%.

Também no Boletim de domingo, foram confirmados 1.102 novos casos e 15 mortes. Com isso, Sergipe tem 24.421 pessoas com covid-19 e 620 morreram. Aracaju, epicentro da doença, tem 14.251 casos e  261 mortes. Entre estes novos casos, 462 correspondem a exames realizados entre 8 a 22 de junho, que foram processados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),no Rio de Janeiro. Pelo menos 8.126 pessoas estão curadas da covid-19.

CNPJ x CPF

O infectologista disse que entende a situação dos empresários que defendem a reabertura das atividades comerciais, mas não tem como fazer comparação entre CNPJs e CPFs. “Alguns dizem que com as lojas fechadas as pessoas vão morrer de fome, mas a covid-19 mata mais rápido que a fome”, destaca.

“Estão equiparando a importância do CNPJ com CPF. É o que o nosso infeliz presidente tem dito: ‘a vida é mais importante que o CPNJ, mas… Não tem ‘mas’. Não se pode salvar CNPJ se não houver CPF”, argumenta.

Diante da situação dramática e muito complicada, Todt destaca que os governos são pressionados por dois lados: pelas equipe de saúde e pelos empresários. “Sei do desespero do comércio, mas não há alternativa. Estão criando alternativas fantasiosas. Não sei em que mundo essas pessoas estão vivendo. Os números de doentes e mortes aumentando e as pessoas querendo ir à praia. Ninguém está confortável. Se afrouxar agora, ao invés de encurtar a curva, vai alongá-la. É troca de jirico. É assustador ver as pessoas tranquilas. É para todos ficarem preocupados”, alerta.

Em todo o Brasil existem 1.313.667 casos confirmados da covid-19 e 57.070 mortes. No mundo são 10.032.150 casos e 495.760 mortes.

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