terça-feira, 19/03/2024
Novo mecanismo de transação tributária deve arrecadar R$ 12 bilhões Foto: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil

Prepare-se: vai começar a era do Open Banking

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David Rocha (*)

Prepare-se para uma competição feroz e você será o alvo dessa guerra que começa dia 15/07/2021.

Parece um pouco extremada essa visão? Pode até parecer, mas não é, já que vai começar a era do Open Banking, ou seja, agora os seus dados bancários pertencerão a você e cabe à sua decisão de liberar ou não esses dados a novas instituições.

Para que fique claro como isso irá desencadear uma guerra voraz das instituições bancárias pelo consumidor, basta dizer que em 2021, 76,6% do mercado bancário está nas mãos dos cinco maiores bancos de nosso país.

Com isso esses bancos tinham uma fortaleza imensa, que são os dados de seus clientes. Sabendo, dessa forma, a quem pode conceder crédito ou não? As instituições menores teriam de lutar para angariar um ou outro dado quando o cliente começava a consumir com elas.

O Open Banking vem para mudar esse cenário. Agora, se o consumidor desejar ele pode abrir todos os seus dados bancários. Isso inclui todo o histórico de compras, créditos e financiamentos que a pessoa já fez, inclui sobretudo investimentos e movimentações como um todo.

Logo, toda instituição pode ter acesso ao perfil desse correntista e decidir por dar crédito ou vantagem a ele. Sendo assim, os bancos irão começar uma guerra para que você leve todas as suas informações para eles.

Muitos acham que isso irá beneficiar as fintechs, pois permitem que elas possam concorrer com um Itaú da vida. Mas os grandes bancos também podem passar a pegar clientes das fintechs, claro. Eles vão focar no segmento de alta renda, já que os mais jovens e de baixa renda não dão lucro nem mesmo aos bancos digitais.

Mas imagine que esses bancos têm clientes que tenham uma renda legal e um histórico bom:  esse pode ser alvo de investidas de quem tem maior poder como os cinco maiores bancos. Lembre que eles podem queimar caixa como uma fintech não pode.

A competição ficou mais acirrada com o advento do pix, que tirou uma grande vantagem dos bancos digitais que eram as taxas zero para transferência. Agora você pode transferir com taxa zero de qualquer banco.

Com o Open Banking os bancos grandes, inicialmente, vão se canibalizar. Mas, e depois? Será que o feitiço não voltará contra o feiticeiro e eles olharão para os segmentos de mais alta renda das fintechs, oferecendo vantagens que esses bancos nem sonham em conseguir oferecer?

Venhamos e convenhamos, nessa briga quem sairá ganhando é o consumidor, que provavelmente terá acesso a taxas mais baratas em todos os bancos e taxas de investimentos e serviços mais interessantes.

Porém lhe dou uma dica. Tome cuidado com seus dados bancários, não entregue a qualquer instituição, seja ela banco, fintech ou financeira. Saiba, antes de tudo, que você pode escolher aquela que lhe ofereça a maior vantagem.

Até a próxima.

(*) David Rocha escreve semanalmente, às terças-feiras. Ele é assessor de investimentos e educador financeiro, que vive o mercado diariamente, desde 2011, e autor do livro Tesouro Direto – Um Caminho para a liberdade financeira de 2016.

** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor.  Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.
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