Por Sílvio Farias (*)
Região: Vale do Rhône, França
Uma das grandes regiões francesas, o Vale do Rhône, destaca-se por produzir vinhos tintos e brancos de altíssima qualidade e muita personalidade. Os melhores tintos de Rhône estão entre os grandes vinhos do mundo e são encorpados, potentes e complexos.O nome da região é derivado do rio Rhône, um dos principais afluentes de todo o continente europeu. O Vale do Rhône é dividido em três regiões, nas quais é possível encontrar uma grande variedade de tipos de uva e métodos de produção. Os vinhos do Norte de Rhône, como Côte-Rotie, Hermitage, Saint-Joseph, Crozes-Hermitage, entre outros, são belas expressões da uva Syrah, enquanto os vinhos do Sul, Châteauneuf-du-Pape, Gigondas, Côtes-du-Rhône, são elaborados com uma ampla variedade de castas, entre as quais, a uva Grenache tem um papel importante na reputação da região.
A História
Etienne Guigal era o caçula de uma humilde família italiana. Por ser o mais robusto dentre os irmãos, foi deixado por seus pais no mercado local para que passasse a viver por sua conta e risco, uma vez que eles já não tinham condições de mantê-lo.
E foi assim que E. Guigal chegou em Ampuis visando trabalhar na colheita de damascos. No entanto, em meados de 1930 e com apenas 14 anos de idade, o jovem Etienne teve um golpe de sorte ao conseguir um emprego nas vinhas do Fleury Vidal.
Com esforço e dedicação, E. Guigal construiu dentro das vinhas uma carreira que evoluiu relativamente rápido: ao longo de 15 anos ele passou do árduo trabalho nas podas para Maitre de Chai, até que em 1946 conseguiu iniciar sua própria empresa, a E. Guigal.
Ao contrário de sua experiência pessoal anterior, Etienne fez questão de contar com a ajuda de seu filho Marcel e o envolveu naturalmente nos negócios da família desde muito cedo. Mas foi a partir de 1961 que essa parceria provou sua força. Um certo dia, Marcel teve que voltar às pressas da escola para casa devido a uma doença que acometeu Etienne e o levou à cegueira total. A partir daí a administração da propriedade passou a ser feita por pai e filho, até que Marcel tivesse conhecimento e autonomia suficientes para assumir a empresa.
Crescimento e Expansão
A trajetória da E. Guigal teve sua ascendência nos últimos 30 anos. Em meados da década de 1980 eles compraram a Fleury Vidal, empresa onde Etienne começou sua carreira. Etienne morreu em 1988. A partir da década de 1990, a força de expansão da E. Guigal se intensificou.
Em 1995, Marcel comprou o Château d’Ampuis e, após uma extensa reforma, o local que foi construído no século XII e é considerado um monumento histórico passou a abrigar a sede da empresa, as adegas e os vinhos envelhecidos. É nesta propriedade, inclusive, que ficam alguns dos vinhos mais cobiçados do mundo: Château d’Ampuis, La Mouline, La Turque e La Landonne. Já em 2001, a família comprou Grippat e Vallouit, e em 2006, o Domaine de Bonserine.
Ao todo, são mais de 150 hectares de extensão de propriedade E. Guigal! Atualmente, a tradição de liderança está em sua terceira geração, nas mãos de Phillipe, filho de Marcel. Ele se tornou Diretor e Enólogo da E. Guigal e carrega consigo o compromisso firmado pelos seus antecessores, que sempre primaram pela produção com alta qualidade.
Guigal, uma empresa líder em excelência e qualidade
Para uma empresa chegar à liderança dentro do ramo de atuação ao qual pertence, deve-se considerar que muitos acertos, principalmente administrativos, foram feitos em prol de seu crescimento. Vamos entender como a família E. Guigal lidou com a administração de suas terras e fez de sua propriedade uma das mais admiradas no mundo dos vinhos?
A primeira diretriz vem da decisão de que só vão comprar vinhedos que sejam capazes de produzir vinhos verdadeiramente grandiosos. Portanto, apesar de sua importante e volumosa produção, possuem apenas 150 hectares, todos no Rhône Norte: são donos da melhor seleção de vinhedos na Côte-Rôtie; uma área cuidadosamente selecionada em Condrieu; quatro parcelas em Hermitage e alguns dos melhores vinhedos em Crozes-Hermitage. Estes 150 hectares são, de fato, as melhores áreas na Rhône do Norte e servem como base para todos os seus vinhos produzidos.
A segunda diretriz importante vem da abordagem E. Guigal de viticultura. A família é incansável no trabalho nas vinhas abruptamente inclinadas. Eles são metódicos no cultivo e acreditam nos solos, exposições ao sol e micro-climas das regiões. Sua filosofia é, através da poda, limitar estritamente o número de brotos por videira, visando diminuir o rendimento e melhorar a qualidade de vida da vinha e do fruto, sempre à procura do equilíbrio natural.
ROBERT PARKER
Etienne e Marcelle faleceram em 1988 e não puderam vivenciar em sua totalidade a completa “virada” da família Guigal, de assalariados a empresários de sucesso, conduzida por seu filho. Com seus dois single vineyard caindo nas graças de Parker, recebendo os tão almejados 100 pontos em diversas safras, os preços de Guigal foram às alturas – já que a produção é ínfima – e a fama fez com que outros de seus produtos também fossem cobiçados pelos enófilos. O sucesso levou Marcel, em 1984, a comprar Vidal-Fleury, onde seu pai havia começado a carreira.
Marcel isolou o vinhedo de La Turque, de vinhas de menos de um hectare que antes pertenciam à Vidal-Fleury, no centro da Côte Brune, e completou o que ficaria conhecido como o trio “La-la-la” – os vinhos mais cobiçados do Rhône. Em 1995, Marcel foi ainda mais longe e adquiriu o renomado Château d’Ampuis, no qual sua mãe havia trabalhado como doméstica.
Philippe nascido em 1975, juntou-se à empresa como o enólogo da casa. Pai e filho juntos não pararam com a expansão do “império” Guigal e continuaram adquirindo propriedades no vale do Rhône. Hoje, eles produzem vinhos nas mais diversas denominações da região, inclusive nas clássicas Hermitage e Châteauneuf-du-Pape.
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Excelente matéria.
Nem penso em comentar mais sobre vinhos.
Agora é com o especialista e amigo.