segunda-feira, 22/04/2024
Professor Magno Francisco
Professor Magno Francisco

O  nascimento da urbe sergipana por Magno Francisco

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Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos (*)

Mesmo estando radicado desde 2016 na cidade de Natal, atuando como docente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, o historiador sergipano Magno Francisco de Jesus Santos, em seu fazer historiográfico, recorrentemente, revisita a seara da História de Sergipe e nos brinda com importantes, bem escritos, originais e fundamentos estudos.

“Limites e redes urbanas em Sergipe oitocentista (1802-1855)”, de sua autoria, é um dos 19 capítulos que compõem o livro “Urbanizações brasileiras (1800-1850)”, organizado por Fania Fridman e Carlos H. C. Ferreira, publicado pela editora Letra Capital (RJ), em 2023. A obra é um desdobramento de um projeto, intitulado “Urbanizações brasileiras no século XIX”, iniciado com 12 docentes e pesquisadores e chegando ao seu final com cerca de 30 deles. Todos eles imbuídos da missão de recuperar e entender a formação e desenvolvimento do quadro urbano das províncias brasileiras, tendo como fonte principal o “Dicionário Geográfico, Histórico e Descritivo do Império do Brasil” (1845), de J.C.R. Milliet de Saint-Adolphe.

Em “Urbanizações brasileiras (1800-1850)”, além de Sergipe, são objeto da pesquisa lugares como Grão-Pará, Maranhão, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso e a antiga região da Cisplatina, hoje Uruguai. Textos que visaram “(…) estabelecer as bases da urbanização como um processo inerente à concentração de população, à organização interna e à repartição no território dos centros de atividades econômicas, políticas e culturais” (p. 7).

No caso específico de Sergipe, Magno Francisco, Licenciado e Bacharel em História pela Universidade Federal de Sergipe, com Mestrado em Educação pela mesma instituição, apresenta o que ele chama de escopo do processo de urbanização em Sergipe, tendo como ponto de partida a primeira metade do século XIX, à luz do processo de fragmentação dos municípios e da criação de novas vilas, que a exemplo do que ocorreu no Brasil não foi homogêneo.

Entre as primeiras questões postas pelo Prof. Dr. Magno Francisco, a escassez de estudos referentes ao assunto, em que pesem trabalhos importantes como os de autoria de José Silvério Leite Fontes (1974), Beatriz Góis Dantas (1975), Maria Thétis Nunes (1978), Maria Nele dos Santos (1984) e Ibarê Dantas (2009). Com relação à contribuição de Thétis, ressalta o autor: “(…) o mais completo quando da vida urbana sergipana no século XIX” (p. 149).

Tendo como marco temporal o período que vai de 1802 a 1855, Magno Francisco estabelece sua análise a partir de três situações históricas de Sergipe, a saber: dependente da Bahia (1802-1820), capitania independente (1820-1822) e província (1822-1855). Afora o fato de o fazer nas seguintes instâncias e circunscrições: judiciária, administrativa ou civil e eclesiástica. Elementos que colaboraram sobremaneira para definir o tipo de movimento e características que determinaram o nascimento da urbe sergipana, em lugares como (toponímia e nomenclatura de época): São Cristóvão, Itabaiana, Lagarto, Santa Luzia do Rio Real, Santo Amaro das Brotas, Vila Nova do Rio São Francisco, Tomar do Gerú, Propriá, Capela, Campos do Rio Real, Itabaianinha, Nossa Senhora do Socorro, Divina Pastora, Rosário, Espírito Santo, Estância, Laranjeiras, Simão Dias, Itaporanga, Porto da Folha, Vila Nova e Maruim.

Entre as assertivas apresentadas pelo autor, destaco: a importância da Emancipação Política de Sergipe no reordenamento e maturação do processo de urbanização da Província nascente  e a importância e influência do clero secular e regular, neste último caso, das ordens franciscana, capuchinha e carmelitas. No que diz respeito a Lagarto, meu torrão amado, o trabalho de Magno fundamenta ainda mais a tese de que o lugar nunca fora dependente de outro, tendo feições emancipadas desde o seu nascedouro em 1669, enquanto Freguesia, e em 1679, como paróquia. Sem falar em seus condicionantes históricos de ordem jurídica, administrativa e econômica.

Obrigado, professor Magno Francisco por mais uma pérola historiográfica que não deixa a desejar aos melhores historiadores sergipanos de ontem e do tempo presente. Em tempo, quero dizer que sentimos inveja dos potiguares, que certamente estão lhe tratando bem, não somente a você, mas também `a sua esposa, à professora e historiadora Ane Luíse Silva Mecenas Santos.

Saudações sergipanas!

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Sobre Claudefranklin Monteiro

Claudefranklin Monteiro Santos
Professor doutor do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe.

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