sábado, 20/04/2024
Anne Ferreira, presidente do É de Sergipe Mulher: "A mulher acima de tudo tem que ter amor próprio, não permitir se intimidar e nem se sentir inferior Foto: Studio Jorge Henrique

Anne Ferreira Costa, sobre  empreendedorismo feminino: “Quanto mais se dá importância a essas barreiras, mais elas aparecem”

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Há um ditado corrente de que “ao lado de um grande homem, há sempre uma grande mulher” . E a essa sabedoria popular pode-se acrescentar mais características: a inquietude e a liderança. E foi por ter esse perfil, que a empresária Anne Danielle Ferreira Costa, 35, psicóloga por formação e empreendedora por vocação, criou em 2019 o Movimento É de Sergipe Mulher, tempos depois que o marido, Lincolin Amazonas, criou o É de Sergipe para conectar os empresários sergipanos e estimular o consumidor a adquirir produtos comercializados por empresas locais. Ela comparecia às reuniões, mas a tal inquietude a levou a querer unir as empreendedoras.

Ela sempre soube que empreender não é uma tarefa fácil, pois lidera uma empresa de material de construção que, historicamente, sempre foi comandada por homens. “Sempre enfrentei muitas barreiras no meu ramo, mas não tenho tempo para me importar, foco muito no meu trabalho e no movimento, e essas coisas acabam passando despercebidas. Quanto mais se dá importância a essas barreiras, mais elas aparecem”, diz, de cátedra, Anne, que dirige a Edmundo Material de Construção, empresa fundada por seu pai, Edmundo Vieira Costa, já falecido.

O É de Sergipe Mulher tem o propósito de conectar mulheres
Unindo empresariado e Psicologia – ciência que é aplica no seu dia a dia – Anne, no É de Sergipe Mulher, já mobilizou mais de 70 empresárias e atraiu outras que querem empreender. Essa experiência aconteceu durante uma Rodada de Negócios, ocorrida recentemente em Aracaju. “Foi um dia incrível, e uma das coisas que chamou atenção foi a presença de mulheres que não empreendem, mas estavam lá para se inspirar e aprender a fazer network, e saíram desse dia transformadas”, conta.

Para este segundo semestre, outros projetos estão em andamento e serão colocados em prática. “Estamos lançando um projeto para mulheres de baixa renda que desejam empreender em casa. Será um curso de culinária, no qual irão aprender a transformar isso em um negócio”, avisa. O É de Sergipe Mulher, como a fundadora define, “tem o propósito de conectar mulheres para além de fazer network. Trocar experiências como mães, esposas; e, além disso, temos a missão de promover momentos de autocuidado e fortalecimento umas das outras.”

Embora já tenham terminado as convenções dos partidos políticos, que definem quais serão os candidatos para o pleito eleitoral deste ano, Anne Ferreira Costa destaca que é importante a participação de mais mulheres na vida política de Sergipe e do Brasil. “A mulher tem que estar em todos os lugares, inclusive na política, por ter uma maior sensibilidade e facilidade para resolver conflitos, mas é preciso também que tenham projetos eficazes para toda população”.

Para aquelas que querem empreender, a palavra de ordem de Anne é não desistir e seguir em frente.

E para ficar por dentro da conversa, sem perder os detalhes, leia a entrevista que Danielle Ferreira Costa concedeu ao Só Sergipe.

SÓ SERGIPE – No dia 19 de setembro de 2019 a senhora fez o lançamento oficial do É de Sergipe Mulher. Nestes quase três anos, como foi o crescimento do movimento?

ANNE FERREIRA – Desde que lancei o É de Sergipe Mulher só tenho tido crescimento e a aceitação por parte das mulheres. Muitas mulheres são carentes de networking, e a partir do momento em que elas conhecem o movimento se encantam e abraçam a causa.

SÓ SERGIPE – Qual o papel do É de Sergipe Mulher?

ANNE FERREIRA – O É de Sergipe mulher tem o propósito de conectar mulheres para além de fazer network. Trocar experiências como mães, esposas; e, além disso, temos a missão de promover momentos de autocuidado e fortalecimento umas das outras.

SÓ SERGIPE – Quais foram as principais conquistas neste período?

ANNE FERREIRA – As nossas conquistas são diárias. Na medida em que conectamos mais uma mulher, se torna uma conquista, e hoje estamos com 71 associadas. Isso mostra que estamos seguindo no caminho certo. Tivemos um momento muito marcante, que foi nossa Rodada de Negócios de Mulheres de Sergipe, na qual reunimos mais de 60 empreendedoras para fazer negócios durante o dia inteiro. Foi um dia incrível, e uma das coisas que chamou atenção foi a presença de mulheres que não empreendem, estavam lá para se inspirar e aprender a fazer network, e saíram desse dia transformadas.

SÓ SERGIPE – Para este segundo semestre, há outros encontros programados?

ANNE FERREIRA –Nossa meta é manter esse encontro por semestre, fora os encontros mensais que temos, como cafés, almoços, happy-hour, sem falar nos projetos que estão em andamento como mentorias e cursos. Inclusive estamos lançando um projeto para mulheres de baixa renda que desejam empreender em casa. Será um curso de culinária, no qual irão aprender a transformar isso em um negócio.

SÓ SERGIPE – O movimento realizou, recentemente, um encontro que funcionou como um importante networking para as empreendedoras.  A senhora tem como mensurar os resultados?

ANNE FERREIRA – No nosso grupo já temos grandes empreendedoras, com histórias lindas e de superação. Nos nossos encontros fazemos questão de que elas contem como foram suas trajetórias, mas pretendemos ter um evento exclusivo para isso, um evento de histórias de sucesso de empreendedoras sergipanas.

Entre as empresárias não faltam histórias lindas e de superação

SÓ SERGIPE – O Brasil é o sétimo país em número de mulheres empreendedoras no mundo. Dos 50 milhões, 3O milhões são mulheres, o que corresponde a 57,%. Em Sergipe, 39%. O que a senhora acha desses percentuais?

ANNE FERREIRA – Acho que estamos avançando aos poucos no crescimento desse percentual, mas podemos estar em uma posição melhor, basta nós mulheres querermos. Porém não basta só empreender, tem que se capacitar cada vez mais para poder estar se destacando ainda mais.

SÓ SERGIPE – É uma unanimidade dizer que empreender no Brasil é difícil, isso na visão dos homens. Para as mulheres é mais complicado ainda?

ANNE FERREIRA – Empreender não é fácil, sendo mulher é ainda mais desafiador pelo fato de existir a falta de apoio dos homens e muitas vezes da família. Mas a mulher acima de tudo tem que ter amor próprio, não permitir se intimidar e nem se sentir inferior. O que ela tem que fazer para se destacar é ter postura, segurança e profissionalismo e estar conectada com mulheres inspiradoras.

Anne e o marido, Lincolin: “Meu esposo é muito parceiro” Foto: Studio Jorge Henrique

SÓ SERGIPE – Como a senhora cita a falta de apoio dos homens, pergunto: o seu esposo, Lincolin, é um parceiro?

ANNE FERREIRA – Meu esposo Lincolin é muito parceiro, está o tempo todo me impulsionando. Conversamos muito sobre tudo, principalmente sobre onde podemos melhorar, quando um desanima o outro incentiva e vice versa. Confesso que sou sortuda de ter um marido que me incentiva a ir mais longe, e sempre fala que sou capaz de ir muito além.

SÓ SERGIPE – Estamos às vésperas de um período eleitoral. A senhora defende uma maior participação das mulheres na política partidária?

ANNE FERREIRA – A mulher tem que estar em todos os lugares, inclusive na política, por ter uma maior sensibilidade e facilidade para resolver conflitos, mas é preciso também que tenha projetos eficazes para toda população.

SÓ SERGIPE – A senhora, como empresária, atua no ramo dominado pelos homens. Quais foram ou quais são os problemas que enfrenta no seu dia a dia?

ANNE FERREIRA – Sempre enfrentei muitas barreiras no meu ramo, mas não tenho tempo para me importar. Foco muito no meu trabalho e no movimento, e essas coisas acabam passando despercebidas. Quanto mais se dá importância a essas barreiras, mais elas aparecem.

Anne: “Reerguer um négocio é muito mais desafiador que começar um novo”

SÓ SERGIPE – Qual foi sua maior dificuldade quando começou a empreendeder?

ANNE FERREIRA – Minha maior dificuldade foi assumir um negócio que já existia há muitos anos e estava praticamente falido. E reerguer um negócio é muito mais desafiador que começar um novo.

SÓ SERGIPE – Como você concilia suas atividades profissionais com Anne mãe e esposa?

ANNE FERREIRA – Consigo conciliar minha vida através do controle do meu tempo. Quando controlamos o nosso tempo, conseguimos fazer tudo. E separo por prioridades, vejo o que é mais importante. Consigo ter tempo de qualidade para meus filhos, marido, cuidar do corpo, encontro com amigas.

SÓ SERGIPE – Com sua experiência, quais sugestões ou conselhos que a senhora pode dar às mulheres que desejam empreender?

ANNE FERREIRA – Então, para você mulher que quer empreender, vá em frente, acredite no seu potencial, busque algo que você saiba fazer e pratique muito, porque quanto mais você pratica mais será boa no que faz, esteja sempre conectada com pessoas de sucesso e tente extrair o máximo que puder, e para fechar faça parte do É de Sergipe porque lá você vai fazer um networking inteligente!

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Sobre Antônio Carlos Garcia

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