segunda-feira, 09/06/2025
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Com juros elevados e falta de previsibilidade fiscal, o capital se desloca do setor produtivo para o rentismo. O ambiente empresarial é sufocado por burocracia, carga tributária e escassez de crédito para inovação Ilustração: Agência Senado

Por que as Nações Fracassam

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Por Juliano César Souto(*)

 

O Diagnóstico Institucional

Capa do livro
Capa do livro

Seguindo meu propósito de compartilhar com amigos/leitores minhas reflexões após leitura , tomo a liberdade (sem que pra isto tenha a capacitação técnica) de trazer alguns pontos relevantes que pude compreender no best seller Por que as Nações Fracassam dos autores: Daron Acemoglu e James A. Robinson, publicado em 2012.

Assim, partindo da tese do livro citado, tento , de forma simplória, analisar as raízes do atraso econômico e social brasileiro. Segundo os autores, nações fracassam não por falta de recursos naturais, cultura ou clima, mas por manterem instituições extrativistas: estruturas políticas e econômicas que concentram poder e riqueza em poucos, barrando inovação, inclusão e desenvolvimento sustentável.

As instituições inclusivas, por outro lado, permitem a destruição criativa, asseguram direitos de propriedade, promovem igualdade de oportunidades e incentivam investimentos de longo prazo.

Frases-chave do livro:

“O extrativismo econômico restringe o crescimento sustentável ao impedir a inovação e a destruição criativa.”

“A riqueza baseada em recursos naturais frequentemente reforça regimes extrativistas, dificultando o desenvolvimento de instituições inclusivas.”

“A diferença entre países ricos e pobres está na diferença entre instituições econômicas inclusivas e extrativas.”

Paralelo com o Brasil (1970–2025)

Nos últimos 50 anos, o Brasil ilustra com clareza a armadilha das instituições extrativistas: crescimento excessivo do Estado sem entrega social, juros reais historicamente altos, dependência de commodities, estagnação educacional, baixa produtividade e concentração de poder político-econômico. Mesmo após a redemocratização, não houve ruptura institucional capaz de impulsionar o país rumo à inovação e à inclusão produtiva.O Brasil, apesar de crescimento de gasto público e de aumento de produção agropecuária e mineral, permaneceu prisioneiro de uma estrutura exportadora extrativa, reforçando o ciclo de baixo crescimento de longo prazo — como explicado por Acemoglu e Robinson em Por que as Nações Fracassam.

O Modelo Perverso Brasileiro: Gasto, Dívida e Consumo

O aumento constante dos gastos públicos – hoje acima de 40% do PIB – não se traduziu em avanços sociais. Ao contrário, vemos um ciclo de endividamento público, estímulo ao consumo via crédito caro e fuga de capital do setor produtivo para o rentismo.

Evolução das Despesas Públicas (% PIB)

Frear crescimento de gastos e incentivar inovação são as chaves para o ajuste fiscal efetivo, diz Marcos Lisboa.

Evolução da Taxa Selic (2024–2025)

 Participação da Indústria no PIB (1980–2022)

Investimento em P&D (% do PIB)

O Desvio da Poupança e a Inibição do Empreendedorismo

Com juros elevados e falta de previsibilidade fiscal, o capital se desloca do setor produtivo para o rentismo. O ambiente empresarial é sufocado por burocracia, carga tributária e escassez de crédito para inovação.

Síntese e Caminhos para um Brasil Sustentável até 2050

O Brasil precisa abandonar a lógica de planos de governo para adotar um projeto de nação. Isso passa por escolhas que independem de ideologia: foco em educação, estímulo ao trabalho, base institucional sólida e contenção de desperdício público.

Brasil 2050: Cinco Propostas Estruturantes

  1. Educação em tempo integral com foco em trabalho, empreendedorismo e tecnologia.
    2. Limitar os gastos públicos a 30% do PIB.
    3. Domínio das cadeias econômicas estratégicas.
    4. Reforma política com voto distrital misto e mandato com dedicação cívica.
    5. Ambiente favorável ao empreendedorismo produtivo.

Conclusão

O Brasil fracassa por insistir em proteger interesses de curto prazo enquanto sacrifica gerações futuras. A saída não virá de um partido, mas de um novo senso de propósito coletivo. Quando o Brasil decidir ser uma nação e não um conjunto de governos, o caminho da prosperidade será possível.

 

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Sobre Juliano César Faria Souto

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Estanciano, 61 anos, Administrador de Empresas graduado pela Faculdade de Administração de Brasília, com MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Atua como sócio-administrador da FASOUTO, empresa do setor atacadista distribuidor e autosserviço.

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