quarta-feira, 24/04/2024
Elon Musk e sua guerra midiática. O que há detrás disso? Foto: Wikipedia

Elon Musk contra a liberdade

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Por Gabriel Barros (*)

 

O bilionário Elon Musk, dono do X, da SpaceX e da Tesla, voltou a usar sua conta oficial no antigo Twitter para atacar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Desta vez, sobrou também para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), outro alvo do empresário.

A polêmica envolvendo Elon Musk e Alexandre de Moraes começou no sábado (6), quando Musk publicou na plataforma mensagens com uma série de críticas ao magistrado e até ameaçou fechar o escritório do X no Brasil.

“Em breve, o X publicará tudo o que é exigido por Alexandre de Moraes e como essas solicitações violam a legislação brasileira. Esse juiz traiu descarada e repetidamente a Constituição e o povo do Brasil. Ele deveria renunciar ou sofrer impeachment. Vergonha, Alexandre, vergonha”.

Mas, afinal, qual o interesse do magnata em atacar o judicário brasileiro e provocar intensos debates nas redes sociais?

Usa-se do fantoche da “liberdade de expressão” para justificar suas ameaças, no entanto, é óbvio que não existe a mínima disposição em defender esse que é um direito fundamental da República brasileira. Devemos sempre observar esses movimentos mediante um olhar crítico, sobretudo porque estamos diante de uma típica articulação imperialista, onde o poder concentrado em um meio de produção trasnacional tenta subjugar um país economicamente dependente das nações mais ricas, como é o caso do Brasil.

Explico. Como o próprio disse em 2020 “vamos dar golpe em quem quisermos. Lide com isso”, no contexto em que eram apontadas as suas relações com o golpe de Estado policial-militar que solapou a democracia da Bolívia no ano anterior. Também fez ingerências na Venezuela e Argentina, portanto não sendo a primeira e nem parecendo ser a última vez que tenta interferir no funcionamento dos referidos países, em clara afronta à soberania de cada um.

A América Latina concentra 68% das reservas mundiais de lítio, o metal que é considerado o “petróleo branco”, sendo fundamental na produção de baterias, energia solar e eólica, além dos carros elétricos. O debate ganha especial relevância em tempos de transição energética.

Nesse sentido, a fabricante chinesa BYD, a principal concorrente da Tesla na produção de carros elétricos, vem ganhando cada vez mais espaço em solo brasileiro e em todo o mundo. Em outubro do ano passado, a BYD assumiu a fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia, e terá capacidade inicial para produzir até 150 mil veículos por ano.

Ou seja, mais do que nunca o interesse segue sendo o lucro das suas empresas acima de tudo, usando a “liberdade” como mero interesse de mercado, se aliando cada vez mais à extrema direita para obter êxito nessa empreitada criminosa, chegando a cobrar do governo norte-americano a implementação de barreiras tarifárias para BYD, uma latente contradição de quem é tão “apegado” à livre concorrência.

Precisamos urgentemente regular as redes socias. Importante salientar que segundo pesquisa Atlas Intel, 8 em cada 10 brasileiros é a favor da regulamentação, razão pela qual é imprescindível para assegurar a nossa capenga soberania, dando um basta ao discurso de ódio e os diversos crimes cometidos na internet, principalmente aqueles perpetrados pelos poderosos como Elon Musk.

 

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(*) Advogado e graduado em Direito Público

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