terça-feira, 23/04/2024
Julieta Hernandez
Julieta Hernandez, a palhaça Jububa Foto: Redes sociais

Ciclistas e artistas de rua, em Aracaju, fazem ato em homenagem à venezuelana Julieta Hernandez, assassinada no Amazonas

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Será realizado, nesta sexta-feira, a partir de 19h30, um pedal manifesto e homenagem à artista venezuelana Julieta Hernandez, a palhaça Jujuba, assassinada por um casal no Amazonas. A concentração será na praça Camerino e a saída está prevista às 20 horas. Esse é um evento internacional e a inciativa foi do grupo Circo di SóLadies, companhia de palhaças mulheres, que convocou a população e artistas para que se concentrem nesta sexta-feira, em homenagem à Jujuba.

Em Aracaju, o ato está sendo organizado por um grupo de ciclista e artistas de rua e de circo. Eles percorrerão algumas ruas da capital e irão até a Aldeia Circo, na rua Maruim, onde farão mais homenagens à Julieta Hernandez.

A venezuelana Luz Rivero, que reside em Aracaju e é artista de rua, não conhecia pessoalmente Julieta Hernandez, mas acompanhava o trabalho dela nas redes sociais e ambas conversavam via WhatsApp. De acordo com Luz Rivero, além do Brasil, esse ato também acontecerá, no mesmo horário, em Portugal, Espanha, Venezuela. No Brasil, segundo o grupo Circo di SóLadies, mais de 20 cidades já confirmaram manifestações para esta sexta-feira.

“Convocamos pessoas por todo o Brasil a mobilizarem pedais nas suas cidades simultaneamente na próxima sexta-feira, a fim de homenagear Julieta Hernandez, a Miss Jujuba, para ocupar as ruas do Brasil em solidariedade à Julieta e para gritar contra a barbárie, o feminicídio, a violência e o extermínio que as mulheres sofrem diariamente”, diz o grupo.

Hoje, o governo venezuelano, que presta auxílio da vítima, disse que o sepultamento será feito nesta sexta, na cidade de Puerto Ordaz, onde mora a mãe de Miss Jujuba.

Homenagem da irmã de Julieta

 

A irmã de Julieta, Sophia la Roja Hernández, escreveu uma carta em sua homenagem, que foi publicada  no site Pluriverso Online, e o portal Só Sergipe reproduz. A carta foi escrita em espanhol e traduzida para o português pelos responsáveis do Pluriverso Online.

“Há alguns dias, recebemos a pior notícia, aquela que ninguém deveria nunca ouvir. A imprensa sensacionalista faz o seu trabalho, mostrando-nos informações e detalhes horríveis que fizeram muitos terem medo. Mas Julieta sempre rejeitou o medo, ela era uma ariana poderosa, nunca teve medo, pelo contrário, rebelava-se com o poder de uma tempestade. Hoje, devemos contar essa parte de sua história, que não é de forma alguma a mais importante nem a que queremos que seja lembrada, mas sua trágica morte é uma história de proeza inimaginável.

Julieta se imortalizou e essa é a maior expectativa de qualquer artista! E dói, claro, dói a todos nós porque sentimos que tínhamos muito a aprender com ela, tantos planos interrompidos pela realidade injusta. Mas Juli era assim, ela vivia o presente buscando sempre a expressão mais elevada de sua alma. Sua bondade e disposição para servir sempre foram sua forma de se relacionar. Julieta não acreditava em impossíveis, como acreditar neles se ela percorreu milhares de quilômetros com a força de suas pernas.

Num dia sombrio, em seu caminho ela encontrou cinco grandes razões para se martirizar, cinco crianças, crianças pobres. Os assassinos dela foram os monstruosos pais dessas criaturas. Com o último dinheiro que tinha, ela comprou leite para essas crianças e decidiu ir para a casa dessa família pobre e miserável. Possivelmente, pelo que as pessoas contam, ela percebeu o abuso contra elas. Não era a primeira vez que Julieta se comovia diante do sofrimento infantil e se disponibilizava para lhes levar ao menos um pouco de alegria e amor, e foi naquela casa que aconteceu tudo o que não conseguimos mencionar. O homem, bêbado, quis abusar de Juli, ela se defendeu com todas as suas forças, mas a mulher dele foi quem conseguiu deter nossa Julieta, agarrou-a cansada e muito machucada.

Eles a enterraram com a sua bike, com os seus sonhos e os nossos corações. Hoje ambos estão e estarão presos pelo resto de suas vidas.

As crianças estão agora em um abrigo com um futuro, com outra oportunidade. Obrigada, Juli, por sua dedicação, pois nessa cena final você salvou cinco crianças de tantas misérias, e com isso gerou um movimento que não se apagará, porque aqueles que morrem pela vida não podem ser chamados de mortos. E você, irmã, foi isso, luz, amor e sorrisos que sempre ressoarão em todos nós que tivemos a sorte de conhecê-la, e em todos que ouvirem e conhecerem sua história.

Sophia la Roja Hernández e suas irmãs de alma e caminhos.”

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Sobre Antonio Carlos Garcia

Editor do Portal Só Sergipe

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