Com a voz marcada pelo autêntico forró sergipano e uma trajetória que se confunde com a história da própria festa, o cantor Antônio Carlos Du Aracaju é uma das figuras mais simbólicas do Forró Caju. Presente em quase todas as edições desde a criação do evento, (apenas uma vez o cantor não participou) ele vê no festival muito mais do que uma vitrine, segundo ele é um verdadeiro palco de formação artística e pessoal.
“O Forró Caju me ensinou a ser artista. Porque ser bom em casa é uma coisa, mas ser bom lá fora é outra história. Fora de Sergipe, você precisa concorrer de igual pra igual com artistas de todo o Brasil. E foi aqui que eu aprendi isso”, afirma o cantor, com emoção na voz.
Antônio Carlos lembra com carinho das primeiras apresentações, ainda nos tempos da Praça Fausto Cardoso, e celebra o crescimento da festa ao longo dos anos. “A gente não tinha um palco tão grande, não vivia esse turbilhão de gente, essa multidão vibrando, batendo palma, torcendo com a gente. O Forró Caju ficou muito bonito, muito grande. Isso dá orgulho demais.”
O artista, que canta ao lado da irmã Cidinha, também relembrou com carinho de outros nomes de músicos sergipanos com os quais ele dividiu o palco do Forró Caju. “Eu sou quase um pioneiro do Forró Caju. Aqui já cantei com muita gente boa, com Josa, o Vaqueiro do Sertão, com Clemilda, nomes fortes que passaram por este palco”.
Ao longo das décadas, ele viu ritmos surgirem, modismos passarem, mas defende que o forró tradicional resistiu e continua forte. “Já passamos por umas ‘trovoadas’ mas até isso serviu de aprendizado. Hoje, a gente também ensina. Sergipe é celeiro de música boa, de xote, de baião, da verdadeira música nordestina.”
Mesmo com as transformações no cenário musical, Antônio Carlos mantém os pés fincados na tradição. “A gente não aderiu aos ritmos mais modernos que na maioria das vezes some rápido. Continuamos modernos à nossa maneira, com músicas novas na cabeça, compondo com qualidade e sentimento. E temos muito material gravado, muita gente boa por aqui.”
Para ele, o potencial dos artistas sergipanos vai além da música. “A gente tem um potencial criativo, poético, humano enorme. Isso tudo é grande demais pra caber em palavras. É no palco que a gente mostra.”
E é com esse espírito que Antônio Carlos Du Aracaju segue fazendo história com sanfona, voz e alma mantendo acesa a chama do forró raiz, enquanto inspira novas gerações que sonham, como ele um dia sonhou, em fazer parte dessa festa que já é patrimônio de Sergipe.