quinta-feira, 25/04/2024

A vida é tão rara…

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Por Luiz Thadeu Nunes e Silva (*)

 

A vida é mistério, a morte… um mistério ainda maior. Todos nós que aqui aportamos, chegamos com algumas indagações que ninguém, absolutamente, ninguém sabe responder. De onde viemos? Por que viemos? Para onde vamos? Quando vamos? E tudo isso torna a vida ainda mais bela, surpreendente e fascinante.

Quando vamos?

Nem o mais sábio, o mais estudado dos homens, não sabe as respostas para tais perguntas. Tudo é mistério. Deus, que alguns acreditam que nos criou – eu, inclusive -, não permitiu que desvendássemos as respostas. Acredito que ele se diverte muito com nossa ignorância.

A vida é dádiva, concessão divina, para os que são crédulos, assim como eu.

A vida em sua quase totalidade é democrática, e nivela todos.

Tanto o nascimento quanto a morte é um ato solitário. Viemos só, partiremos só.

Nascemos nus, e ao morrermos só não vamos nus por que alguém nos veste. Ao nascer não trazemos nada; ao morrer não levamos nada. E, no intervalo, brigamos, matamos e morremos pelo que não trouxemos e não levaremos. Quanta idiotice.

Todos, absolutamente todos, têm o mesmo tempo, ou seja um dia de 24 horas, e nem mais um segundo. O que nos diferencia é a maneira que escolhemos para gastar nosso tempo. Se estudarmos ou não, o dia termina. Se trabalharmos ou não o tempo se esvai todos os dias. Se amarmos ou odiarmos o tempo segue seu curso todos os dias. Para isso nos foi dado o livre arbítrio.

Uns são mais inteligentes do que outros; uns mais belos; mais ricos e/ou poderosos. Até mais cheirosos uns mais do que outros. Mas, aí vem a libitina e iguala todos.

Gosto muito de uma frase que leio em muros de cemitérios por onde ando por esse mundão de meu Deus. “Aqui acaba toda a arrogância, a soberba, a empáfia, o dinheiro, o poder”. É nos Campos Santos – gosto dessa designação para cemitérios – que tudo acaba.

Quando percebemos que absolutamente nada é definitivo, inclusive a vida na terra, compreendemos a inutilidade do orgulho, a tolice das disputas, a estupidez da ganância e a incoerência das vaidades, a idiotice das mágoas.

Mesmo sabendo que estamos aqui de passagem e a passeio, não aprendemos nada. Brigamos por poder, por um punhado de terra, por pura vaidade. Adoecemos por inveja, por soberba, por arrogância, por pensarmos que somos melhor do que o outro. O Criador deve gargalhar de nós, a nos observar lá de cima, pensando “não foi pra isso que os criei”.

Em um mundo cada vez mais capitalista, em que a nova religião é o consumismo, estamos nos consumindo por nada e para nada.

Em tempos em que nós, ditos humanos, não aprendemos a amar, muito menos respeitar quem está ao lado, definitivamente não evoluímos.

Em tempos ditos modernos, em que temos todo tipo de tecnologia a nosso dispor, aceleramos o tempo e fritamos os miolos. Vivemos angustiados, ansiosos ou deprimidos. Eu, no alto de minha ignorância, pergunto: Por quê? Para que tudo isso? Respondo: “Para nada. Passaremos, e tudo vai ficar”.

Definitivamente nada levaremos, a não ser boas histórias e boas lembranças que deixaremos nos corações e mentes dos que nos amam.

Ter medo de morrer não nos impede de morrer, nos impede de viver. E viver de bem com a vida, com alegria e gratidão é construção, aprendizado.

Tudo é temporário. A vida é fugaz, efêmera… Não somos, apenas estamos… de passagem.

Viva como se tudo fosse uma despedida, porque é…

A vida é tão rara…

A grande maioria não vive, apenas existe. O tempo segue seu curso.

A vida é mistério, a vida é bela, a vida é mágica.

 

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Sobre Luiz Thadeu Nunes

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Eng. Agrônomo, palestrante, cronista e viajante: o latino-americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da Terra. Membro do IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; ABLAC, Academia Barreirinhense de Letras, Artes e Ciências. Autor do livro “Das muletas fiz asas”. E-mail: luiz.thadeu@uol.com.br

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