sexta-feira, 19/04/2024
As testagens continuam em Sergipe Foto: Divulgação

Um ano de Covid-19 no Brasil: a região Nordeste

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Economia Herética/ Emerson Sousa

Em 6 de março de 2020, o Secretário de Saúde do estado da Bahia comunicou o registro do primeiro caso de coronavírus do Nordeste.

Se tratava de uma mulher, de 34 anos, residente na cidade de Feira de Santana, que retornou da Itália em 25 de fevereiro.

Nos 366 dias seguintes, até 6 de março de 2020, a região iria testemunhar a contaminação de 2.552.341 dos seus moradores e a morte de 58.411 dos seus filhos.

Com tais números, o Nordeste passa a deter uma taxa de 44.722 infectados por 1 milhão de moradores e 1.023 óbitos por 1 milhão de habitantes.

Se assumisse uma condição de nação soberana, ele estaria 50ª posição dentre as maiores proporções de contaminados – superando a Colômbia e o Chile – e 35ª colocação de óbitos relativos, deixando para trás a Alemanha e África do Sul.

Ressalte-se que o Brasil possui indicadores de 52.053 casos por 1 milhão de pessoas e 1.258 mortes por 1 milhão de moradores.

Abrangendo em suas fronteiras 27,2% da população brasileira, o Nordeste possui 23,3% dos casos de Covid-19 do país e 22,1% das vítimas da doença.

Com uma razão de 2,29% de mortos em relação ao total de acometidos, em 6 de março de 2021, se convergisse para a proporção internacional, que era de 2,22%, teria sido possível evitar o falecimento de 1.750 nordestinos.

Desde o advento do novo coronavírus, em média, o Nordeste vem notificando 6.970 casos diários e sepultando 160 pacientes atacados pela pandemia.

Por essa perspectiva, seus piores momentos foram em 17 de fevereiro de 2021, quando ela contabilizou 20,3 mil casos de Covid-19 e em 09 de junho de 2020, com a morte de 480 doentes.

Porém, faz-se mister registrar que, em 5 de março de 2021, a média móvel de 14 dias dessas duas medidas ainda está no patamar diário de 12,2 mil infectados e de 256,9 óbitos.

Por essa época o mosaico de desempenhos dos estados nordestinos, em termos de diagnósticos e óbitos relativos a 1 milhão de habitantes, era o seguinte:

  • Sergipe (67.071 e 1.311), Paraíba (56.737 e 1.159), Piauí (54.545 e 1.053), Ceará (48.449 e 1.277), Rio Grande do Norte (49.098 e 1.060), Bahia (47.798 e 837), Pernambuco (32.226 e 1.167), Alagoas (40.436 e 921) e Maranhão (31.547 e 740).

Com base nesses números é visto que Sergipe é a única unidade federativa do Nordeste que possui indicadores acima dos níveis nacionais, ao passo que Alagoas e Maranhão são os únicos que apresentam resultados melhores do que o da região nos dois indicadores analisados.

É preciso pontificar que o Maranhão é o dono das melhores taxas de contaminação e mortalidade do país, ainda que eles sejam considerados muito altos em relação à experiência internacional.

Por sinal, mesmo sendo uma das regiões mais pobres do país, o Nordeste conseguiu, no decorrer do ano de 2020 e início de 2021 manter, dentre as cinco grandes regiões do Brasil, o segundo menor índice de contaminação por milhão de habitantes e o menor de mortalidade ao mesmo nível.

Um artigo da revista Ciência e Saúde Coletiva, de setembro de 2020, talvez tenha uma resposta para esse fenômeno quando desvela a importância de um fator: as medidas de mitigação tomadas precocemente pelos governantes amenizaram os efeitos da pandemia.

Leia amanhã: Um ano de Covid-19 no Brasil: a Região Sudeste

(*) Emerson Sousa é Mestre em Economia e Doutor em Administração

** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor.  Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe

 

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Sobre Emerson Sousa

Economista Emerson Sousa
Doutor em Administração pelo NPGA/UFBA e mestre em Economia pelo NUPEC/UFS

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