quinta-feira, 25/04/2024

O futuro é autoritário!

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Emerson de Sousa

 

Esqueça a perspectiva de uma sociedade democrática, igualitária, justa e solidária.

Esqueça, porque isso não interessa às pessoas.

O que interessa a elas é trabalhar, ganhar seu dinheiro e se divertir no fim de semana.

Só que a construção de uma sociedade cidadã requer mais do que isso.

Sim, a Emancipação Humana não é um almoço grátis!

Esse projeto pede um grau de compromisso que só pode ser alcançado com um forte envolvimento político e um ostensivo exercício democrático.

Ele cobra das pessoas participação em entidades associativas e de representação, um maior acompanhamento da vida política e, claro, o desenvolvimento de uma consciência classista (Aceita, porque dói menos, a Luta de Classes existe!).

Mas quem quer isso?

Nós não vamos nem para a reunião de condomínio!

Logo, como a Política não suporta o vácuo, o espaço que sobra é reservado para as ideias autoritárias e suas soluções fáceis e vazias.

As pessoas não querem assumir a responsabilidade de intervir em suas realidades para assim erigirem uma nação solidária.

Elas querem apenas saber de propostas prontas (E, geralmente, inócuas).

As pessoas só querem saber de alternativas individuais.

As pessoas querem tudo fácil, não querem se empenhar.

Mais fácil é colocar a culpa nos políticos.

É por isso que o futuro é autoritário!

Porque, ao seu modo canhestro, o Autoritarismo pede às pessoas que fiquem em casa, porque ele “resolve” o resto.

Afinal, não foi assim que as Milícias invadiram nossas periferias, as Facções controlaram nossos presídios e o poder econômico dominou nossas eleições?

O Autoritarismo promete tudo – ainda que nada cumpra – e só pede das pessoas uma coisa: a liberdade para violentar os segmentos mais frágeis de nossa sociedade.

Só que isso não é um problema para as pessoas.

Pelo contrário!

Não se esqueça de que, ao menos desde Barrabás, elas estão acostumadas a descontar suas frustrações nos mais fracos.

Na cabeça das pessoas, um menino de rua é algo mais danoso à sociedade do que um bilionário, quando, em verdade, é exatamente o oposto.

Por isso que é mais fácil às pessoas abraçarem o Autoritarismo do que se empenharem na defesa da Cidadania.

O Autoritarismo as submete a uma vida opaca, fechada em si mesma, ao passo em que a Cidadania lhes reclama o brilho do protagonismo político.

O Autoritarismo as encerra nos limites do senso comum, enquanto a Cidadania lhes exige a elaboração de um pensamento crítico.

O Autoritarismo as conforta na alienação, por sua vez, a Cidadania postula a conscientização.

O Autoritarismo se realiza na preguiça do individualismo, por outro lado, a Cidadania se concretiza no trabalho fraternal.

O Autoritarismo é instintivo, já a Cidadania exige a elaboração de um apurado raciocínio.

Percebeu?

Ante o Autoritarismo, a Cidadania não tem muitas chances.

E quanto mais complexos se tornarem os problemas comunitários, maior será o pendor das pessoas pelo Autoritarismo, porque elas não vão querer assumir a responsabilidade por tais soluções.

Claro que isso não é uma fatalidade, tem como mudar esse cenário, basta que as pessoas passem a apostar em ações democráticas e em políticas igualitárias.

Mas não crie muitas esperanças.

Pois, como já disse o Barão de Itararé: “De onde menos se espera é que nada sai!”.

E, como a história já nos mostrou, na hora “H”, no dia “D”, por pura conveniência, as pessoas tendem a preferir o Autoritarismo.

É mais fácil!

Logo, é mais produtivo você agir estrategicamente.

Procure se organizar junto a outros que defendem a Cidadania para, coletivamente, criarem ferramentas e mecanismos de contenção e proteção contra esse porvir.

Passe a estimular o surgimento de contextos gregários e de ambientes de convergência.

Aposte em soluções conjuntas e defenda amplamente a Democracia.

Argumente em favor da Solidariedade como valor central da ação política.

Em suma, se coordene politicamente, porque as pessoas não irão!

 

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Sobre Emerson Sousa

Economista Emerson Sousa
Doutor em Administração pelo NPGA/UFBA e mestre em Economia pelo NUPEC/UFS

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