terça-feira, 15/07/2025
As ferramentas: Esquadro, Compasso, Prumo, Cinzel, Malho, Alavanca
Os instrumentos simbólicos: Esquadro, Compasso, Prumo, Cinzel, Malho, Alavanca Imagem gerada por IA

E assim caminha a humanidade

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Professor Manuel Luiz Figueiroa (*)

O homem como criatura divina

O homem, como criatura divina, habita a Terra — um ponto da nossa galáxia. Ao longo de sua caminhada, vivenciou — e continuará a vivenciar — transformações no habitat, nos costumes, no pensamento e em outros aspectos da vida.

O homem e sua jornada

Para melhor compreensão dessa trajetória, dividiremos a análise em períodos: Idade Antiga, Idade Média e Revolução Industrial (esta última em quatro fases distintas).

1. Idade Antiga

Esse período inicia-se com a invenção da escrita cuneiforme pelos sumérios (entre 4.000 a.C. e 3.500 a.C.) e vai até a queda do Império Romano, em 476 d.C. Nele, surgem a escrita, a formação de civilizações complexas e a criação de Estados e impérios, como a Mesopotâmia, o Egito Antigo, a civilização do Vale do Indo, a China Antiga, a Grécia Antiga e Roma Antiga. Houve avanços em ciência, tecnologia e cultura, com destaque para a religião e a mitologia.

2. Idade Média (século V ao século XV)

A Idade Média inicia-se com a queda do Império Romano (476 d.C.) e termina com a tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453. Nesse período, surgem as Corporações de Ofício, com hierarquia definida — mestre, oficial (ou companheiro) e aprendiz — embriões dos atuais conselhos regionais. Foi a partir delas que surgiu a Maçonaria Operativa.

Para fins de estudo, a Idade Média divide-se em:

  • Alta Idade Média (século V ao século X): formação do sistema feudal, ruralização da Europa e fortalecimento da Igreja Católica.

  • Baixa Idade Média (século XI ao século XV): auge do feudalismo, desenvolvimento urbano e comercial, Cruzadas, Peste Negra e início da formação dos Estados nacionais.

Pedreiros e construtores de catedrais (maçons operativos) formavam guildas ou corporações para defender seus interesses, manter segredos técnicos e regular o aprendizado.

3. Revolução Industrial (séculos XVIII, XIX e XX)

Neste período, o artesão incorpora o uso de máquinas, como a máquina a vapor, teares mecânicos, ferrovias, entre outros. Núcleos urbanos se formam com o surgimento da classe operária e do capitalismo.

É também nesse contexto que a Maçonaria Operativa evolui para a Maçonaria Simbólica ou Especulativa, com o ingresso dos “maçons aceitos” — pessoas não envolvidas na construção civil. A fundação da Grande Loja de Londres, em 1717, marca o início da Maçonaria moderna.

Divisão da Revolução Industrial em fases:
a) Primeira Fase (1760–1850):
Teve como berço a Inglaterra. A matriz energética era o carvão e o vapor. Surgem o tear mecânico e o Spinning Jenny. Início da mecanização da produção, urbanização e formação do proletariado. Aparece o capitalismo industrial.

b) Segunda Fase (1850–1945):
Expandiu-se para Inglaterra, Alemanha, França, EUA e Japão. A matriz energética se diversifica com eletricidade e petróleo. Desenvolvem-se o motor a combustão, o aço, o telégrafo e o telefone. Há produção em massa, crescimento urbano, sindicalismo e indústrias pesadas.

c) Terceira Fase (1945–2000):
Chamada de Revolução Técnico-Científica. A matriz energética passa a incluir energia nuclear. Tecnologias como computadores, internet, robótica, biotecnologia e automação ganham destaque. Ocorre a globalização do conhecimento, desemprego estrutural e aumento da desigualdade tecnológica.

d) Quarta Fase (2000–atualidade):
Conhecida como Indústria 4.0, integra tecnologias digitais, físicas e biológicas, com alta conectividade e automação. Destacam-se: inteligência artificial (IA), big data, IoT, robôs autônomos, impressão 3D, personalização em massa e novos modelos de trabalho.

Comparação entre Maçonaria Operativa e Maçonaria Simbólica

A Maçonaria Operativa tinha como foco a construção física, enquanto a Simbólica se dedica ao desenvolvimento moral e ético. Os obreiros operativos utilizavam ferramentas reais, que, na Simbólica, assumem significados filosóficos.

Instrumentos simbólicos:

  • Esquadro: retidão, moralidade, honestidade.

  • Compasso: espiritualidade, razão, autocontrole.

  • Prumo: justiça, equilíbrio, integridade.

  • Cinzel: intelecto, disciplina, lapidação do caráter.

  • Malho: força dirigida pela inteligência.

  • Alavanca: superação, sabedoria, capacidade de transformação.

Quadro comparativo entre a Maçonaria Operativa e Maçonaria Especulativa

Aspecto Maçonaria Operativa Maçonaria Especulativa
Natureza Corporativa, de ofício Filosófica, simbólica
Membros Pedreiros profissionais Cidadãos interessados em filosofia, ética etc.
Objetivo Construção de edifícios Aperfeiçoamento moral e espiritual
Símbolos Ferramentas reais de trabalho Ferramentas com significados morais

Reflexão atual

Os termos “livres” e “bons costumes”, na nossa geração, têm significado conservador. No entanto, para a geração que está chegando, essas expressões já não seguem as mesmas regras. Os conceitos de moral e ética não são mais os mesmos das gerações passadas.

Na ótica dos que já percorreram a maior parte de sua jornada na Terra — e que tinham como heróis figuras como Tarzan, Superman, Fantasma, entre outros, simbolicamente representando as mais fortes instituições —, esses ídolos já não são mais os mesmos.

Enquanto a escola da vida existir, o discípulo continuará em seu processo de aprendizagem. A esse, será exigida compreensão e tolerância para conviver com os “eborns”, com a teatralização de humanos se metamorfoseando em animais de outras espécies e, principalmente, com a busca por novos heróis.

A Maçonaria Moderna teve grande influência no Iluminismo, nas revoluções liberais (como a Revolução Francesa e a Independência dos EUA) e continua presente em diversos setores sociais e culturais. Entre seus membros célebres estão George Washington, Voltaire, José Bonifácio, entre outros.

Dessa forma, os operários modernos — não imunes às transformações — estarão atentos às mudanças sociais nos aspectos morais, éticos, filosóficos, religiosos, entre outros.

Ao adotar o Criador sob a denominação de GADU – Grande Arquiteto do Universo –, a Maçonaria inteligentemente incluiu na confraria todos os crentes em algum Deus, excluindo aqueles que se declaram ateus. Assim, pressupõe-se que a ausência de fé em um Deus implica exclusão do canteiro de obras.

É fato que os maçons admitem que a lapidação da pedra bruta está presente durante toda a vida. Quanto mais rústico for o minério, maior deve ser o esforço para transformá-lo em pedra quadrada. E que todos, indistintamente — crentes ou não —, sejam convidados à grande construção do cidadão livre e de bons costumes.

A jornada continua.

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Referências Bibliográficas
CASTELLANI, José. História da Maçonaria no Brasil. São Paulo: Madras, 1994.
NAUDON, Paul. História da Maçonaria: das origens aos nossos dias. 2ª ed. São Paulo: Madras, 2006.
JACOB, Margaret C. The Origins of Freemasonry: facts and fictions. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2007.
MEINDL, B.; FRANK, M. R.; MENDONÇA, J. Exposure of occupations to technologies of the fourth industrial revolution. 2021.
LUCASSEN, Jan. História do trabalho: uma nova história da humanidade. Lisboa: Temas e Debates, 2023.
SMIL, Vaclav. Energia e civilização: uma história. Porto Alegre: Bookman, 2023.
COUTINHO, Rodrigo R. A. A revolução industrial. São Paulo: Amazon Serviços de Varejo do Brasil, 2023.
SILVA, A.; MADEIRA, F. Automação & sociedade: quarta revolução industrial – um olhar para o Brasil. 2023.
MOVAHED et al. (2025); MEINDL et al. (2021). Artigos acadêmicos recentes sobre tecnologias emergentes da Indústria 5.0 e seus impactos nas ocupações e na produção industrial.

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Professor Manuel Luiz Figueiroa é aprendiz maçom da Loja Maçônica Clodomir Silva

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