quinta-feira, 10/10/2024
Com estrutura para produzir anualmente 2 milhões de mudas, SergipeTec contribui para produtividade de espécies frutíferas e recuperação de matas ciliares e nativas para reflorestamento Foto: Mário Sousa/Supec

Biofábrica de mudas do SergipeTec fortalece produção de espécies nativas e frutíferas

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Produtor pretende expandir a produção de banana prata para Neópolis no segundo semestre de 2022 Foto: Arquivo Pessoal

“A seleção deixa a muda mais produtiva, vigorosa. A colheita é boa e a economia no manejo de pragas e doenças é grande. Já estamos em contato para pegar mais mudas e ampliar a plantação”. A afirmação é do produtor rural Geraldo Fernandes, que obteve bons resultados em sua propriedade com o plantio de 29 mil mudas de banana fornecidas pela biofábrica do Sergipe Parque Tecnológico (SergipeTec). Assim como Geraldo, outros produtores vêm alcançando sucesso com as mudas advindas da biofábrica, que conta com espécies nativas e frutíferas.

Geraldo, que produz banana prata em uma propriedade localizada no município de Nova Soure (BA), pretende expandir a produção para o município de Neópolis no segundo semestre de 2022. “Já entramos em contato com o SergipeTec para receber mais 90 mil mudas. Queremos aumentar a variedade com banana-da-terra, porque as vantagens das mudas da biofábrica são muitas. Além da produtividade e tolerância, elas são mais fáceis de transportar e já vêm limpas”, salienta o produtor.

Uma experiência semelhante é contada pelo produtor Wellington Searah, desta vez com árvores nativas. As mudas de Ipê, Pau-ferro, Angico e outras 20 espécies foram recebidas da biofábrica a partir de uma parceria com a Associação Sergipana de Apicultores, então presidida por Wellington. As 5 mil mudas foram distribuídas entre 20 famílias de apicultores, nos municípios de Itaporanga D’Ajuda, Laranjeiras, Santo Amaro das Brotas, Maruim, Divina Pastora, Estância, Salgado e São Cristóvão.

“O trabalho do SergipeTec com a biofábrica nos chamou atenção pelo fato de as sementes serem coletadas nas próprias áreas nativas, direto com a comunidade. Quem tem caixa de abelha, tem interesse em plantar árvores. Então, uma demanda foi ao encontro da outra. Plantei, pessoalmente, 200 mudas. Nem todas pegaram, mas estamos vendo o desenvolvimento de uma alameda de Ipês que nos deixou satisfeitos. Pretendemos fazer uma nova rodada”, conta Wellington, referindo-se ao plantio realizado no povoado Arame, em São Cristóvão.

 

 Biofábrica

Antes de chegar às mãos de produtores como Geraldo e Wellington, as mudas passam por diversos estágios dentro do Complexo Biofábrica do SergipeTec. Além da própria biofábrica, a unidade é formada pelo Laboratório de Controle de Qualidade e pela Unidade de Produção de Inimigos Naturais (Upin). “O complexo cumpre o propósito de auxiliar o processo de seleção natural, reproduzindo em ambiente controlado mecanismos que a natureza demoraria milhões de anos para realizar”, resume o técnico de Biotecnologia do Parque, Fabrício Santos.

Criada em 2010, a biofábrica possui hoje uma capacidade de produção de 2 milhões de mudas por ano. “O projeto está vinculado a uma parte de capacitação de toda a população local, que vai orientar sobre questões de solo, irrigação, valor e multiplicação. Nas ações de recomposição de matas ciliares e reflorestamento, trabalhamos muito com a população do entorno, para que entendam que o benefício da natureza é também o benefício de sua existência. Até porque, como são regiões de difícil acesso, é a população local que terá que dar continuidade”, salienta o gestor de Pesquisa & Desenvolvimento e Energia do SergipeTec, Marcos Felipe Sobral.

Após a coleta, a semente ou muda selecionada passa por assepsia e preparação em laboratório, sendo encaminhada a seguir para a sala de inoculação. Cada muda é separada em gemas, que são depositadas em substâncias gelatinosas contendo nutrientes especificamente dosados. O próximo passo é a sala de crescimento, de onde a muda (gema já com raiz) é levada após o tempo necessário para o viveiro ou estufa. Em alguns casos, a muda pode ser levada depois para o processo de rustificação, na qual é submetida de forma controlada a condições diferenciadas de irrigação, iluminação e oferta de substratos, a fim de desenvolver resistência. Cada espécie tem seu tempo e protocolo de desenvolvimento.

Destinação

A distribuição das mudas é realizada em parceria com diversas instituições. Atualmente, a Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) é uma destas parceiras, desenvolvendo um projeto de recuperação de matas ciliares. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Aracaju (Sema) é mais uma parceira, que vem aplicando as mudas recebidas em projetos de arborização e urbanismo.

Em paralelo à biofábrica, a Unidade de Produção de Inimigos Naturais traz suporte ao desenvolvimento integral das espécies trabalhadas, trazendo alternativas ao uso de agrotóxicos nas culturas. “O que fazemos no laboratório é recolher os fungos no meio ambiente e propagá-los em meio artificial, para que possam ser aplicados no controle de pragas agrícolas, evitando a utilização de inseticidas”, explica o pesquisador da UPIN e doutor em biotecnologia industrial, Tárcio Souza Santos.

“A biofábrica e a Upin são fundamentais dentro do modelo atual mundial de sustentabilidade. A biofábrica permite o trabalho com empresas privadas e governo em recomposição florestal, com mudas naturais e agrícolas. No aspecto comercial, colaboramos para a produção leiteira a partir do desenvolvimento de palmas para o semiárido de Sergipe. Há ainda a produção de espécies frutíferas, como o abacaxi, para empresas do ramo de sucos. Estamos também buscando mudas de cana A e B para produção de alto nível. Já a Upin está sendo ampliada com algumas parcerias e antenada com as demandas de biotecnologia, estimulando a agricultura natural com alta produtividade”, define o diretor-presidente do SergipeTec, Eduardo Prado.

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