Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos
Até o fechamento do presente texto, ainda não havia recebido, por parte do poder público municipal de Lagarto, uma posição oficial e efetiva sobre o questionamento e a solicitação que fiz ao prefeito, no dia 20 de outubro do corrente ano, via entrevistas que eu concedi a emissoras de rádio locais (por ocasião do Dia da Lagartinidade), sobre o uso cultural do Grupo Escolar Sílvio Romero, reinaugurado pelo Governo de Sergipe, com o uso de emendas parlamentares do deputado federal Fábio Reis, no dia 6 de agosto de 2024. Refiro-me ao poder público municipal, pois este ocupa, atualmente, cinco dos seis espaços daquele lugar pensado para ser a Casa de Cultura de Lagarto e dispor de uma sede da Academia Lagartense de Letras, que seria responsável por sua administração e salvaguarda.
Enquanto isto, a Prefeitura Municipal de Aracaju, na gestão da senhora Emília Corrêa, e por iniciativa do seu secretário de Cultura, Paulo Corrêa, celebra a memória da gente sergipana por meio de um gesto que, além de muito justo, traduz o sentimento de pertença dos mesmos às suas origens lagartenses, bem como, presta uma grande homenagem a um dos nomes mais significativos da cultura do tempo presente, o jornalista e escritor Luiz Antônio Barreto, cujo nome passa a ser, oficialmente, dado ao tradicional Centro Cultural de Aracaju.
O espaço onde hoje funciona o Centro Cultural de Aracaju, localizado na parte central da capital sergipana, foi construído no final do século XIX pelo engenheiro civil Leandro Maynard Maciel para ser a Alfândega. Na gestão do governador João Alves Filho, em 2003, o lugar foi reconhecido como patrimônio material de Sergipe, sendo, por isso, tombado pelo Decreto Estadual nº 21.765. Em 2005, na gestão do governador Marcelo Déda, foi doado pelo Governo Federal à Prefeitura Municipal de Aracaju.
Na gestão do prefeito Edvaldo Nogueira, a partir de 2006, o prédio passou por uma ampla reforma e restauração, com recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Coube a outra lagartense, a professora Aglaé Fontes, vice-presidente da Fundação Municipal de Cultura e Turismo (Funcaju), levar o projeto adiante. Somente em 2014, as obras foram concluídas com êxito, passando a funcionar o Centro Cultural de Aracaju. Até a presente data, foi palco de inúmeras atividades culturais e pronto turístico.
Centro Cultural de Aracaju segue sendo administrado pela Secretaria Municipal da Cultura (Secult) e pela Funcaju. Por indicação do vereador Isac Silveira, Câmara Municipal de Aracaju aprovou o Projeto de Lei nº 362/2025 que passa a denominar o lugar como sendo Centro Cultural Luiz Antônio Barreto. A proposta foi sancionada pela prefeita Emília Corrêa, em evento festivo, no dia 31 de outubro, fechando, com chave de ouro, as comemorações alusivas ao mês da Sergipanidade.

Sobre o processo que levou à homenagem, conversei com Paulo Corrêa quinta-feira e ele partilhou comigo algumas informações que enriquecem o presente texto.
A respeito da ideia de dar o nome de Luiz ao Centro Cultural de Aracaju, ele assim se expressou:
Meu caro Claudefranklin Monteiro, a ideia da homenagem a Luiz Antônio Barreto surgiu de uma conversa minha com a prefeita, ainda no ano passado, após sua eleição e o convite feito a mim, para assumir a pasta da Cultura, sobre ações a serem desenvolvidas pela Secretaria de Cultura de Aracaju. Lembrei à Prefeita da grande injustiça que era uma personalidade da importância de Luiz Antônio Barreto, 13 anos após a sua partida, não ter recebido uma homenagem do tamanho da sua contribuição para a Cultura Sergipana, no que a Prefeita concordou e decidiu imediatamente, “Sim vamos fazer essa homenagem”.
Para esta nova fase, perguntei a ele quais os planos para o espaço neste final de ano e próximo, no que se refere à programação cultural e exposições/eventos:
(…) quanto às exposições, desde o primeiro semestre, estão acontecendo diversas delas, simultâneas, de artistas renomados, a exemplo da Exposição sobre os 75 anos de arte do artista plástico Ismael Pereira, que se encerrou no último dia 20 de outubro. Neste dia 31 de outubro, vai ser aberta a Exposição “Luiz Antônio Barreto, Vida e Obra do Sr. Sergipanidade“. Também tivemos em agosto a realização da 18° Edição do Fórum de Forró de Aracaju, com a pré-estreia nacional do Filme “Luiz Gonzaga – Légua Tirana”, na nossa sala de cinema, com a presença dos dois diretores e de dois atores, que interpretaram Luiz Gonzaga no filme. Estamos programando para as três primeiras sextas feiras de dezembro, a apresentação do Coral Vivace com as tradicionais canções natalinas, se apresentando nas janelas do Centro Cultural de Aracaju, aproveitando a belíssima arquitetura do prédio. No nosso planejamento está previsto também para 2026, a realização de um Festival de Cultura Popular, um Festival de Teatro, a Bienal do Livro de Aracaju, a reforma e reinauguração da nossa sala de Teatro e já temos um projeto de criação de um Memorial Digital. Atendendo a nossa determinação de um Centro Cultural Vivo.
Considerando o fato de ambos, ele e Emília, terem raízes lagartenses, qual a sensação de estarem prestando um valioso serviço à cidade de Aracaju?
Nós fomos abraçados e acolhidos pelo município de Aracaju, desde quando saímos de Lagarto para cursarmos o ensino médio e depois o superior. Então, nós estamos retribuindo com ações esse nosso acolhimento, numa cidade que aprendemos a amar, mas sem esquecermos das nossas fortes raízes lagartenses e do nosso orgulho de sermos naturais de Lagarto.

Luiz Antônio Barreto nasceu em Lagarto, no dia 10 de fevereiro de 1944, filho de João Muniz Barreto e Josefa Alves Barreto. Ao longo de seus 68 anos de vida (Luiz faleceu no dia 17 de abril de 2012), construiu uma sólida trajetória pessoal, profissional, intelectual e cultural, se notabilizando entre os grandes nomes da História de Sergipe, ocupando cargos importantes e estratégicos como os de diretor da Galeria de Arte Álvaro Santos (1971–1973), secretário Municipal de Educação e Cultura de Aracaju (1979–1981), secretário de Estado da Cultura (1995–1997) e presidente da Academia Sergipana de Letras (1981–1983). Escreveu e publicou dezenas de livros e é patrono da cadeira de número 7, da Academia Lagartense de Letras, da qual ele foi um grande entusiasta e estimulador.
Sobre Luiz Antônio Barreto, assim se expressou Paulo Corrêa:
Luiz Antônio Barreto é uma referência e um farol quando nos debruçamos a estudar e conhecer as histórias do povo sergipano, o nosso folclore, os nossos antepassados e os grandes vultos da cultura e da vida pública. Foi ele que incutiu nas nossas vidas a expressão “Sergipanidade”, como a identidade e a alma do povo sergipano. Foi o maior pesquisador de Sergipe no Século XX e sempre abriu as portas do Instituto Tobias Barreto, para todos que o procuravam para pesquisas e orientações sobre a história de Sergipe.
Meus parabéns a todos os envolvidos nesta homenagem, notadamente à prefeita Emília Corrêa e ao seu secretário Municipal de Cultura, Paulo Corrêa e ao vereador Isac Silveira. Que este gesto de amor à cultura sergipana e à gente lagartense possa sensibilizar nossos governantes locais, eleitos na esteira da promessa de fazer e mobilizar condições para a melhoria de nossa cena cultural lagartense, que, prove-se o contrário, segue sendo a prima pobre e desprezível da nossa essência papa-jaca na seara política saramandaiense e bole-bolense.
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