domingo, 21/12/2025
Liderança
Liderança: o exemplo arrasta Imagem: Pixabay

Lucro e propósito

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Juliano César Souto (*)

 

Como a coragem de decidir e a empatia de servir podem andar juntas na liderança

 

Após mais de uma década escrevendo reflexões — inicialmente voltadas ao nosso time de colaboradores e, mais tarde, ampliadas com o apoio de amigos jornalistas e os recursos do mundo digital — conseguimos consolidar um propósito: compartilhar conhecimento e estimular a discussão de temas de interesse geral por meio do meu livro Cultura Empresarial – Reflexões, Vivências e Aprendizados.

Recentemente, um e-mail marketing do LinkedIn, com o provocativo título “Ser ‘bonzinho’ demais pode atrapalhar sua carreira? Veja o que líderes bem-sucedidos fazem diferente”, despertou minha curiosidade. Li e gostei muito da mensagem da executiva Lara Bezerra, ex-executiva de sucesso e, atualmente,  empresária da Workcoherence. Fui, então, aos meus arquivos e encontrei mais de dez textos com temas convergentes.

Decidi, então, reunir e sintetizar essas ideias nesta nova reflexão, que busca mostrar como desempenho e humanidade — muitas vezes vistos como opostos — podem, na verdade, ser forças complementares na liderança. Espero que este conteúdo contribua para novas perspectivas e inspire boas conversas. Ao final, incluo os links para os textos completos citados.

No mundo corporativo, é comum tratar o resultado econômico e o cuidado humano como forças opostas. De um lado, a pressão por lucros, eficiência e metas. Do outro, a demanda por propósito, empatia e legado. Parece um dilema — mas, na prática, é uma falsa oposição. Lucro e propósito não apenas podem coexistir: eles se fortalecem mutuamente.

Autenticidade que constrói confiança

Liderar não é distribuir sorrisos forçados nem fugir de conversas difíceis. Feedbacks vagos ou elogios genéricos apenas para manter o clima “agradável” corroem a credibilidade. A confiança nasce da honestidade com respeito. Um líder que fala a verdade — mesmo quando desconfortável — transmite que se importa com o crescimento real de sua equipe.

Lucro como meio, não como fim em si mesmo

Lucro não é um pecado corporativo: é o combustível que mantém vivo o propósito. Empresas que ignoram resultados, comprometem sua capacidade de inovar, investir e cumprir sua missão. A saúde financeira permite melhorar processos, criar empregos, remunerar melhor e ampliar ações sociais. Sem lucro, o propósito se torna apenas discurso.

O exemplo fala mais alto que o discurso

As equipes percebem, antes de qualquer comunicado, a coerência das atitudes da liderança. Cortar desperdícios, rever privilégios e enfrentar ineficiências comunica, sem palavras, o que é realmente importante. Mais que slogans motivacionais, é a conduta diária que molda a cultura e inspira o time.

Propósito e legado como bússola

O propósito responde ao “porquê” da organização existir. O legado é o impacto concreto e duradouro que ela deixa. Quando guiada por um propósito genuíno, uma empresa constrói um legado que transcende produtos, serviços e balanços. É a marca que permanece na sociedade, nos clientes e nos colaboradores.

Firmeza com compaixão

Decisões duras, como demitir um colaborador querido, exigem coragem e justiça. Processos claros, métricas transparentes e comunicação respeitosa asseguram que a firmeza não se confunda com frieza. O respeito ao indivíduo preserva a confiança da equipe e reforça a imagem de liderança íntegra.

O círculo virtuoso

Lucro e propósito não são rivais: são aliados num ciclo positivo. Empresas que alcançam bons resultados investem mais em inovação, qualidade e responsabilidade social. Quanto mais o cliente percebe e confia no propósito, mais a empresa prospera — e essa prosperidade reforça seu impacto positivo.

Conclusão

O verdadeiro desafio executivo não é escolher entre resultado e humanidade, mas integrar os dois. O líder do futuro — e do presente — é aquele que entende que a coragem de decidir e a empatia de servir não são polos opostos, mas lados complementares da mesma moeda. Quando lucro e propósito caminham juntos, o crescimento deixa de ser apenas numérico e se torna também humano, duradouro e inspirador.

 

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Sobre Juliano César Faria Souto

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Estanciano, 61 anos, Administrador de Empresas graduado pela Faculdade de Administração de Brasília, com MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Atua como sócio-administrador da FASOUTO, empresa do setor atacadista distribuidor e autosserviço.

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