quinta-feira, 20/11/2025
Robert Redford
Robert Redford — ator, diretor e ativista — morreu aos 89 anos, em Utah, nos Estados Unidos Foto: Reprodução/Redes sociais

Robert Redford — bonito, elegante e talentoso

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Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos (*)

 

Certa feita, numa conversa informal entre amigos e familiares, me perguntaram qual seria o ator mais bonito, em nível internacional. Sem pestanejar, respondi que era Robert Redford. Houve quem entendesse que seria Leonardo di Caprio, Brad Pitt  ou mesmo Michael Douglas. Em comum a todos eles, o fato de serem brancos, loiros e de olhos claros. Para além da estética padrão, sobretudo norte-americana, Robert Redford é um ponto fora da curva. Aliado que deva ser a esta análise, pelo menos a meu ver, também a elegância e o talento, características inerentes a qualquer ser humano e em qualquer lugar, acima de quaisquer discussões de gênero ou mesmo étnicas.

Posto isto, ressalto que já vi praticamente todos os seus filmes, sendo “Butch Cassidy” (1969) o meu predileto, além daqueles na mesma pegada de aventura, tramas e tiros, a exemplo de “A caçada humana” (1966), “Mais forte que a vingança” (1973), “Golpe de Mestre” (1976), “Todos os homens do presidente” (1976), “Uma ponte longe demais”, “Brubaker” (1980), “Quebra de sigilo” (1992),  “Jogo de espiões” (2001), “Conspiração e poder” (2015) e “Um ladrão com estilo” (2018).

Antes mesmo de “Butch Cassidy”, a primeira vez que vi um filme de Robert Redford foi quando assisti à “Mais forte que a vingança”. Trata-se de um dos clássicos de Sydney Pollack, naquele estilo do qual sempre fui fã, conhecido popularmente como “bang, bang”. Centrado na vida de um homem comum que se isola do mundo civilizado e tendo que enfrentar as consequências de sua decisão, sobretudo, num território hostil, a narrativa apresenta um ator que se apresenta acima da estética, com gestos e jeitos muito particulares de encenar que chamaram a minha atenção. Não era mais um bonitão na tela, além de já ser um homem com 40 anos de idade e não um novinho começando a carreira.

Ainda sobre Robert Redford em “Mais forte que a vingança”, uma curiosidade que a imprensa está explorando desde a confirmação de sua morte, no último dia 16 de setembro. Uma cena do filme rendeu um dos memes mais populares da internet, na qual ele aparece cabeludo e barbudo, na pele do personagem Jeremiah Johonson. Após ele capturar um peixe, num gélido rio, a câmara fecha em seu rosto, ele sorri levemente, e balança a cabeça positivamente.

“Mais forte que a vingança” me levou a ver, também, “Butch Cassidy” e aí pude atestar o que poderia ser uma primeira impressão. Ao lado de Paul Newman, ele faz uma das maiores interpretações de toda a sua carreira. Baseado na história real do criminoso mais popular dos EUA, o filme é um primor, tendo sido premiado com o Oscar de melhor trilha sonora.

O que posso dizer é que desconheço um só filme, pelo menos os que vi até então, em que Robert Redford tenha sido mais ou menos. Em todos os papéis, ele se entregou com maestria e não somente os que envolvem ação, mas também, e nesse particular, com destaque, nos de temática romântica ou dramática, dos quais, destaco: “Nosso amor de ontem” (1973), “O grande Gatsby” (1974), “Entre dois amores” (1985), “Nada é para sempre” (1992), “Proposta indecente” (1993), “Íntimo e pessoal” (1996)”, “Lendas da vida” (2000), “Refém de uma vida” (2004) e “Um lugar para recomeçar” (2005). Sem falar em “Nossas noites” (2017), com seus 81 anos de idade, onde interpreta um viúvo, ao lado de nada mais nada menos que Jane Fonda. Dessa seara, uma outra curiosidade, também relembrada nos últimos dias, quando ele contracenou com Meryl Streep no filme “Entre dois amores”. Segundo ela, foi o melhor beijo que já recebeu em toda a sua carreira no cinema.

Além do Robert Redford aventureiro, dramático e romântico, vale também ressaltar outras participações dele em filmes que, em tese, não fariam jus aos perfis que o tornaram famoso, como em filmes infantis – “A menina e o porquinho” (2006) e “Meu amigo o dragão” (2016), ou ainda em “Os quatro picaretas” (1972), “Quiz show – a verdade dos bastidores” (1994), entre outros; ou mesmo nos chamados filmes de super-heróis, tais como “Capitão América 2” (2014) e “Vingadores Ultimato” (2019), em ambos, interpretando o vilão Alexander Pierce.

A atuação de Robert Redford em películas de aventura, ação, policial, drama, romance, infantil, seriado, documentário e comédia, fizeram dele um dos atores mais completos do cinema internacional. Não bastasse isso, também se notabilizou como diretor e produtor, o que lhe rendeu grande reconhecimento, com premiações importantes a exemplo do Oscar de Melhor Direção em 1981, com o filme “Gente como a gente”, além do Oscar Honoário em 2002.

Como se diz no popular, “beleza não põe a mesa”, e de fato isso não valeu para Robert Redford, que além de bonito, como já disse, foi extremamente elegante, seja no trato com as pessoas e também nos personagens que pediam isso dele, mas, sobretudo, firmando-se na história do cinema internacional por seu talento incontestável. Méritos estes que lhe garante, de há muitos anos, um lugar entre os maiores atores, produtores e diretores de todos os tempos.

 

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Sobre Claudefranklin Monteiro

Claudefranklin Monteiro Santos
Professor doutor do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe.

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