quinta-feira, 14/03/2024

Por que você investe?

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David de Andrade Rocha (*)

Sei que essa pergunta pode parecer retórica, já que a primeira coisa que vem em nossa mente é fazer render o dinheiro que temos. Mas, se pararmos para observar direito, a rentabilidade do dinheiro é consequência de um motivo que pode ser bem maior, por exemplo: realizar seus objetivos financeiros.

Vejamos: cada pessoa tem um motivo para investir. Seja para conseguir comprar algo no futuro sem necessitar de caríssimos financiamentos; seja viajar ou estudar ou até mesmo conseguir a tão sonhada liberdade financeira. Soma-se a esses objetivos diversos outros. Para ser sincero existem tantos objetivos quanto investidores.

Sabendo quais seus objetivos é muito mais fácil saber por que investir e onde investir para rentabilizar o dinheiro de forma a maximizar as chances de concretizá-los.

Por que falo disso hoje? Porque temos uma grande quantidade de pessoas migrando da poupança para investimentos sem saber claramente quais são seus objetivos e sem estudar corretamente as aplicações para esse dinheiro. Às vezes até caindo em pirâmides financeiras que prometem o absurdo e só geram prejuízo.

Então, antes de você investir, recomendo uma prática importante. Anote quais são seus objetivos e em quanto tempo você quer vê-los concretizados. Mas, lembre. Seja sincero quanto aos seus objetivos e realista quanto ao prazo. Sei que queremos que seja o mais rápido, mas temos que ver se é realmente possível, de maneira segura, concretizá-los nesse prazo.

Sabendo disso você pode estudar e consultar profissionais da área para achar o melhor investimento para você naquele momento, e com isso rentabilizar seu dinheiro de forma consciente.

Quando você já tiver detectado qual seu real objetivo ao investir, o tempo necessário para realizá-lo e o investimento mais indicado, você investirá com segurança e poderá responder a pergunta feita no início desse texto.

Agora vamos refletir mais um pouco: Você já pensou no aspecto social desse seu investimento?

Pode parecer estranho falar isso, já que à primeira vista o fato de investir é para beneficiar o investidor. Sim, isso é verdade, tanto diretamente (com o rendimento) quanto indiretamente (com a melhora da economia geral).

Para explicar melhor, darei um exemplo:

Imagine que um investidor chamado João resolva aplicar seu dinheiro em algo que tenha que ser seguro e ele acha um CDB (Certificado de Depósito Bancário) de 120% do CDI* de um banco qualquer. Ele aplica R$ 10.000,00 e faz as contas, já descontado o Imposto de Renda** ele nota que receberá no final de 2 anos R$ 11.267,22. Uma rentabilidade de 11,27%*** em dois anos, para ele um valor justo, e fica tranquilo, só aguardando receber os juros.

O banco nesse momento está com um saldo positivo de R$ 10.000,00 que pode emprestar a algum cliente que, naquele momento esteja precisando de dinheiro, em troca de receber o principal mais juros em algumas parcelas.

Imaginamos agora que Maria, uma empreendedora da mesma cidade de João, busca o banco para pedir um financiamento para abrir um atelier, como MEI (Micro Empreendedor Individual). Ela pretende contratar um funcionário e tem um plano de negócios sólido.

O banco então empresta aqueles R$ 10.000,00 para ela pagar em 24 parcelas, acrescido de juros. Com isso, Maria consegue criar seu atelier, contratar o funcionário e com o faturamento do seu negócio pagar as parcelas ao banco, que tira para ele uma parte dos juros recebidos e paga a outra a João.

Já Maria agora tem uma fonte de renda vinda de seu trabalho, no qual ela paga impostos para manter o seu MEI. Já o funcionário de Maria agora tem uma renda, deixando de estar desempregado. Com essa renda ele poderá consumir de comerciantes próximos, o que pode ajudar a aquecer um pouco o comércio naquela região, podendo vir a gerar outros empregos.

Esse exemplo foi bem simplório, mas prático, pois é isso que acontece toda vez que você investe. O dinheiro é posto para trabalhar de acordo com aquele investimento. De forma mais visível, ele lhe gera o retorno financeiro. Mas ao somar você e milhares de outros investidores esse dinheiro ajuda a economia a girar e crescer no Brasil inteiro e isso, logicamente, afeta positivamente sua cidade e seu estado. Pode não ser de forma tão direta quanto no exemplo, mas acontece.

Economia gira

Imagine que quanto mais a economia gira, mais empregos são gerados. Essas pessoas com renda consomem, criando um círculo virtuoso de crescimento. Com isso, é provável que a qualidade de vida melhore, pois, mais pessoas com dinheiro vão pagar mais imposto que deveriam (às vezes não são) ser gastos com segurança, saúde e saneamento básico.

Mas, mesmo que os governantes não cumpram seu papel, é notório que em países que existem mais investimentos os níveis de criminalidade são menores, o investimento em planos de saúde faz com que a saúde pública fique menos lotada e por aí vai.

Tendo visto toda essa reflexão, você pode estar se perguntando: Tá, mas têm pessoas que investem no Brasil e o país continua nessa situação, por quê?

Isso é simples, pois, infelizmente, no nosso lindo país – e podemos dizer aqui em Sergipe também – temos muito mais endividados que investidores. Logo, nossa meta deve ser mudar tal realidade, já que quanto mais pessoas investindo, melhor para elas porque seu dinheiro estará se valorizando, e melhor para toda a sociedade, pois terá mais dinheiro trabalhando.

Agora, depois de ver que o dinheiro pode te ajudar a cumprir seus objetivos financeiros, desde que você saiba quais são eles e o tempo necessário para atingi-los e ainda pode, no médio ou longo prazo, ajudá-lo indiretamente a viver em uma cidade mais segura e com a economia girando livremente, eu te faço uma pergunta como última reflexão desse texto:

Por que você ainda não investe?

(*) David Rocha escreve semanalmente, às terças-feiras. Ele é assessor de investimentos e educador financeiro, que vive o mercado diariamente, desde 2011, e autor do livro Tesouro Direto – Um Caminho para a liberdade financeira de 2016.

* = CDI significa Certificado de Depósito Interbancário, é uma das principais taxas de referência para investimentos de renda fixa.

** = Imposto de renda, incide sobre a rentabilidade da aplicação.

*** = Se o CDI permanecer o mesmo durante esse tempo. 

P.S = Em breve teremos oportunidade de falarmos a fundo sobre essas siglas e suas diferenças.

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