sexta-feira, 19/04/2024
Porcelana chinesa Foto: Freepik

Pires de porcelana

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Natanael Fernandes de Souza (*)

No princípio era apenas um pires de porcelana que um dia caiu e despedaçou-se em mil cacos.

A regra geral e vigente era recompor a peça fragmentada para manter a integridade e o equilíbrio do conjunto, por imprescindível.

A inteligência estabelecida era a imediata restauração do pires, pedaço por pedaço, unindo-os com uma argamassa feita de material transparente, resistente e impermeável, sob pena do pires transformar-se em uma reles louça composta de cacos de porcelana.

Nunca mais reaveremos aquele pires de porcelana, após a sua reconstrução. No entanto, teremos um novo pires com toda a sua serventia.

Dessa possibilidade vive o artesão, a materialidade do talento.

Assim, também é a sociedade, a família! Antes, perfeita, unida, feliz, agora, despedaçada, desfigurada e carente de uma recomposição.

Este processo de reforma é lento e exige uma argamassa feita de paz, harmonia e concórdia cujo produto presume-se, embora imperfeito, uma sociedade transformada, porém, respeitosa pronta para ser feliz novamente.

Dessa dinâmica sobrevém a vida, o bem-estar da sociedade, a alegria da família. Outros pires se despedaçarão, serão perdidos, mas, a esperança de reencontrá-los e restaurá-los é a razão do Universo.

A lição que fica, então, é o respeito, o bom uso do livre arbítrio, a fé no Criador e Incriado se quisermos restaurar pires e a manutenção da família.

 

__________

(*) engenheiro aposentado.

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