A Sergipe Gás S/A (Sergas) e o Grupo Orizon firmaram um protocolo de intenções que marca um passo estratégico para a produção e comercialização de biometano em Sergipe. A parceria prevê a instalação de uma planta de geração do combustível renovável no Ecoparque Sergipe, em Rosário do Catete, com foco na utilização de resíduos sólidos urbanos provenientes de Aracaju e regiões próximas.
Segundo Alan Lemos, diretor-presidente da Sergas, o projeto permitirá integrar o biometano à rede de distribuição estadual. “Vamos canalizar esse gás para nossa rede, oferecendo um combustível limpo, eficiente e renovável, que contribuirá para o crescimento econômico de Sergipe.”
A iniciativa também inclui estudos de viabilidade técnica, avaliação de modelos operacionais e busca por oportunidades de negócios no setor de energia limpa. Para Jorge Elias, diretor de Transição Energética da Orizon, “esse protocolo permitirá que nossas equipes técnicas encontrem soluções ambientalmente e economicamente viáveis, ampliando a rede de distribuição da Sergas e ajudando na descarbonização da matriz energética brasileira.”
Apresentada durante o evento Sergipe Oil & Gas, a proposta de produção de biogás e biometano está alinhada ao perfil produtivo e ambiental de Sergipe. De acordo com dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e da Sergas, há grande disponibilidade de resíduos orgânicos no estado — provenientes de aterros sanitários, resíduos municipais e do agronegócio — que podem ser utilizados como matéria-prima em biodigestores.
A cadeia de biogás permite a geração de energia elétrica, energia térmica, combustíveis avançados e biometano, além da produção de biofertilizantes e da emissão de certificados de carbono. O projeto também contribui com metas de descarbonização e economia circular.
O potencial de produção estimado é de 230 mil Nm³/dia de biometano, o que representa 78% do volume contratado pela Sergas em 2024. O investimento previsto (CAPEX) é de R$ 420 milhões, o equivalente a 0,74% do PIB estadual, com um custo operacional anual (OPEX) de R$ 40 milhões.
A proposta se conecta à estrutura econômica de Sergipe, cujo PIB é composto por 64,8% de serviços, 30,6% de indústria e 4,6% de agropecuária. O estado conta com forte atividade agroindustrial, especialmente na citricultura, que responde por 34% das exportações, e nas cadeias da pecuária bovina e suinocultura, com 200 mil bovinos abatidos ao ano e 410 mil suínos em criação.
Potencial do Nordeste
Em nível nacional, a produção de biometano vem ganhando escala. Segundo o Ministério de Minas e Energia, o Brasil já possui mais de 50 usinas de produção em operação, com capacidade instalada de cerca de 1,2 gigawatts em 2022 e crescimento médio anual de 20%.
A região Nordeste, em particular, tem potencial para produzir até 2,5 bilhões de metros cúbicos de biometano por ano, quantidade capaz de abastecer setores estratégicos de transporte e geração de energia.
Além de substituir o gás natural fóssil, o biometano contribui para a redução da emissão de gases de efeito estufa, como o metano liberado por resíduos orgânicos não tratados. Também favorece a gestão sustentável de resíduos, promove a geração de emprego e renda, e posiciona Sergipe como referência em inovação energética e sustentabilidade.
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