Por Claudefranklin Monteiro (*)
Eu o conheci em Lagarto, numa das apresentações do Trio Elétrico Armandinho, Dodô e Osmar, grupo do qual sou fã desde os meus oito anos de idade, em 1982.
Nos melhores de meus sonhos e projetos de vida, jamais imaginei que um dia viesse a ter a oportunidade de conviver com ele e com seus irmãos. Sequer vir a ser um dos estudiosos e biográficos do grupo.
Pois bem. Do final de 2016 até a presente data, tenho reservado parte de meu tempo dedicado à pesquisa histórica, a me debruçar sobre tudo aquilo que representou e representa o Trio Elétrico Armandinho, Dodô e Osmar, mais de perto pelas lentes dos Irmãos Macêdo, não somente para o carnaval, mas também para a cultura brasileira.

Esta semana, os fãs foram pegos de surpresa com o anúncio da fragilidade de saúde de Aroldo Costa Macêdo (23.02.1958). Diagnosticado com uma doença rara e irreversível, de ordem degenerativa, doravante ele precisará de cuidados ainda mais especiais. Por isso mesmo, sob a coordenação de sua esposa, Margarida Macêdo, deu-se início a uma campanha para arrecadar fundos a fim de ajudar o talentoso músico em sua nova jornada de vida.
Intitulada de “Vamos sem medo, Aroldo Macêdo”, a campanha está aceitando contribuições pela chave-PIX 59240210768 ou pela conta Nubank – agência 001 – C/c 4189159-3 – código do banco 260. A ideia é proporcionar ao artista uma melhor qualidade de vida, frente aos desafios que a doença irá lhe impor, como perda de memória e de capacidade motora.
Desde quando comecei a pesquisa sobre o grupo (em princípio ao nível de pós-doutoramento em cultura e sociedade pela Universidade Federal da Bahia, 2017, sob a orientação do Prof. Dr. Milton Moura), Aroldo e o saudoso Paulo Milha (1965-2020) foram fundamentais. Quando não me atendia pessoalmente, deliberava Milha para que eu tivesse todas as condições de acesso ao rico acervo da Terra do Som.
Entre 2016 e início de 2020, quando estourou a COVID-19, estive por inúmeras vezes com Aroldo Macêdo. Generoso e atento, ele sempre me dedicava boas horas de conversa, em que ele se reencontrava com suas memórias e me nutria de dados valiosos.

Não tardou para tê-lo na conta de meu amigo, com gestos que sempre atestaram isso, como me convidar para o carnaval de Salvador, para curtir a festa em cima do trio, ou em um dos mais marcantes, ao me presentear com uma réplica da Fobica (primeiro trio elétrico, 1950), em agosto de 2019.
No dia 3 de dezembro de 2018, na Terra do Som, depois de uma reunião promissora com ele e Paulo Milha, tive a imensa alegria de fazer um registro fotográfico com ele e com seus irmãos, Armandinho, André e Betinho. Foi uma noite mágica, em que me senti muito amado pela família Macêdo e reconhecido com os esforços do meu trabalho.
No dia 30 de março de 2019, quando fui lhe entregar a minuta do livro “A vida é um trio elétrico” (lançado em novembro deste ano), ficamos horas batendo-papo. Ele manifestou sua contrariedade com o momento político do Brasil e tocou para mim um trecho da nova canção do grupo ao violão.
A última vez que estive com Aroldo Macêdo pessoalmente foi na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, no dia 11 de janeiro de 2024, por ocasião do show que celebrava os 50 anos do Trio Elétrico Armandinho, Dodô e Osmar. No camarim, ele me revelou que não vinha bem, que havia perdido peso e que estava às voltas com dificuldades de lembrar das coisas e das letras e melodias de algumas canções. Mas estava se cuidando.
“A vida é um trio elétrico” foi lançado com o propósito de compor uma trilogia sobre o trio elétrico. Todos de minha autoria. Com o advento da pandemia e com as mortes de Paulo Milha e Morais Moreira (2020), criei uma espécie de bloqueio criativo sobre o assunto e deixei o segundo volume pelo caminho, que conta a história do Trio Elétrico Armandinho Dodô e Osmar.
Curiosamente, depois de inúmeros ensaios, antes mesmo de saber da situação de Aroldo, resolvi, há três semanas, dar continuidade ao projeto, com previsão de publicação até o final de 2026. Adianto, e não poderia ser diferente, que a obra será dedicada a ele, e toda a renda revertida para seu tratamento.
Para além de minha gratidão, encerro o presente artigo assumindo o compromisso de rezar pela restauração de sua saúde, solidarizando-me com ele e com seus familiares e amigos.
Vá sem medo, meu amigo! Vá na fé! Força e resiliência. Precisamos e queremos, todos, que você fique bem!
Meu abraço mais afetuoso e fraterno.
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