Por Luiz Thadeu Nunes e Silva (*)
Quinta-feira, 08/05, início da tarde. Manhã corrida, ando assoberbado de compromissos previamente marcados e inadiáveis. Chego em casa para o almoço, ligo a TV para acompanhar o noticiário. Em edição extraordinária, canais de TV e a internet noticiam a fumaça branca da chaminé do Vaticano, prelúdio de que em breve teríamos a confirmação de um novo Papa, mantendo a tradição milenar de Habemus Papam. O Conclave, que reuniu 133 cardeais representando 71 países, foi o mais internacional da História das eleições de um Papa.
Depois de ver a fumaça branca sair da chaminé da Capela Sistina, a multidão que lotava a praça São Pedro ouviu o anúncio do “Habemus Papam” e, por fim, o nome de Robert Francis Prevost como o 267º líder da Igreja Católica, doravante chamado de Leão XIV, o novo bispo de Roma. Em uma decisão surpreendente do conclave, o Vaticano tem seu primeiro pontífice dos Estados Unidos na história. Ele será o líder de 1,4 bilhão de fiéis ao redor do mundo.
Em seu discurso na sacada da basílica, em italiano perfeito e sem sotaque, o novo papa agradeceu ao papa Francisco e falou na necessidade de uma Igreja sinodal. “O mal não vai prevalecer, estamos todos nas mãos de Deus”, disse Leão XIV. “Vamos em frente, somos discípulos de Cristo. O mundo precisa de sua luz, a humanidade precisa dele. Ajudem também vocês a construir pontes, com o diálogo, para sermos um só povo em paz”, declarou o novo pontífice.
Se apresentando como “filho de Santo Agostinho, agostiniano, que disse ‘com vocês sou cristão, para vocês, bispo'”. Proferiu parte de sua fala em espanhol, idioma do qual é fluente por causa de sua experiência missionária no Peru, aonde chegou nos anos 80, viveu por duas décadas e se naturalizou peruano.
A Ordem de Santo Agostinho, uma das mais importantes e tradicionais da Igreja, foi fundada no século 13 e é baseada em princípios de caridade e proximidade aos pobres. Presente em 50 países, incluindo o Brasil, ela administra igrejas, escolas ao redor do mundo.
Não é tarefa das mais fácies substituir o Francisco, um Papa que fez história na Igreja Católica como exemplo de simplicidade e Bom Pastor.
Embora seja um país de maioria protestante, os Estados Unidos têm a quarta maior população católica do mundo, com 85,3 milhões de pessoas. Só ficam atrás do líder Brasil, do México e das Filipinas. Também são a segunda nação mais representada no Colégio Cardinalício, com 16 membros, ante 51 da Itália. Apesar desse peso relativo, nunca um cardeal americano havia sido colocado entre os nomes realmente mais fortes de um conclave, e os candidatos de agora corriam por fora.
Eleito 267 Papa e sucessor de Pedro, Robert Francis Prevost, nasceu em 14 de setembro de 1955, em Chicago, ingressando no noviciado da Ordem de Santo Agostinho em 1977, fez os votos perpétuos em 1981. O cardeal Robert Francis Prevost, de 69 anos, poliglota, é visto como um eclesiástico que transcende fronteiras. Serviu por duas décadas no Peru, onde se tornou bispo e cidadão naturalizado, e depois liderou sua ordem religiosa internacional. Ocupava um dos cargos mais influentes na Santa Sé.
Formado em Matemática pela Universidade Villanova, tem mestrado em Teologia pelo Catholic Theological Union, em Chicago, e doutorado em Direito Canônico pelo Colégio Pontifício de Santo Tomás de Aquino, em Roma.
Que surpresa agradável a eleição do novo Papa Leão XIV, agostiniano, em substituição ao sul-americano Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco. Com uma simples e eficaz mensagem de apresentação, passou confiança e esperança de continuação do pensamento do Papa Francisco. Pelo seu histórico, faço votos que o Papa XIV possa surpreender, fazendo um grande pontificado. Acredito que será o Papa certo para tempos conturbados. Oxalá.