domingo, 07/12/2025
Luiz Thadeu
Luiz Thadeu, o Forrest Gump brasileiro

O viajante Luiz Thadeu parte para uma volta ao mundo movido pelos sonhos

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Por Antônio Carlos Garcia (*)

  No próximo dia 26 de outubro, o escritor,  palestrante e colunista do Portal Só Sergipe, Luiz Thadeu Nunes inicia mais uma jornada pelo mundo — uma viagem de 31 dias, percorrendo 44.430 quilômetros, o equivalente a uma volta completa ao redor da Terra. Serão 61 horas de voo e dez países inéditos no roteiro, tendo como ponto de partida São Luís, com a primeira escala em Fortaleza, e destino final em Amsterdam, ponto de partida para a travessia entre a Europa e a Ásia.

Meu mote é meu sonho.”, define Luiz Thadeu, em sua casa em São Luís, “a última capital do Nordeste brasileiro”, como ele gosta de dizer. “Sexta-feira é o dia em que desacelero da vida para sonhar. Todos os dias eu reservo um tempo para isso, porque os sonhos são a minha matéria-prima.

E nesses sonhos, estão as viagens, como essa que nasceu a partir de uma mudança de planos. “Meu roteiro inicial era pela África, mas esbarrei em um muro de exigências. Onze países, e todos pedindo vacinas e vistos com burocracia. Eu pensei: se é tão difícil entrar, é porque não me querem. E não vou forçar a entrada em lugar que não me recebe de braços abertos”, conta.

Foi então que entrou em cena o amigo Ivan Zanella, especialista em roteiros e passagens aéreas, responsável por transformar o impasse em descoberta. “Ivan me perguntou: ‘Por que não começamos pela Europa?’. E eu respondi: ótimo, assim visito o último país europeu que me falta — a Islândia. De repente, percebi que, com pequenas conexões, faria uma volta completa ao planeta.”

O roteiro, cuidadosamente planejado, parte de São Luís e segue por Fortaleza, Amsterdam, Reykjavik, Varsóvia, Baku, Dushanbe, Toshkent, Bishkek, Almaty, Ulan Bator, Pequim, Riadee Istambul. A jornada deve durar 31 dias, com passagens por dez países inéditos, somando 161 na lista total de Luiz Thadeu — um feito que poucos viajantes brasileiros alcançaram.

Luiz Thadeu, Roteiro de viagem
O roteiro de viagem de Luis Thadeu

“Dos 50 países da Europa, só faltava a Islândia. Agora fecho o segundo continente. Já conheço todos os 36 das Américas. Me faltam alguns na Ásia e na África. Eu brinco que, depois de conhecer o planeta, vou virar guia turístico de Deus”, diz rindo.

Um viajante com fé inabalável

A leveza das palavras contrasta com a história que o moldou. Em 2008, Luiz Thadeu sofreu um grave acidente, que o deixou entre a vida e a morte. Foram seis anos de recuperação, 43 cirurgias e 26 pinos de platina no corpo. “Saí do hospital em uma cadeira de rodas e com uma missão: não desperdiçar mais um dia sequer da vida que Deus me devolveu”, lembra.

Desde então, o jornalista maranhense tornou-se referência de superação. “Sou um homem de fé extrema. Quando voltei a andar, fiz uma promessa: iria agradecer a Deus conhecendo o mundo que Ele criou. E Ele tem me sustentado em cada passo, em cada embarque, em cada fronteira.”

A primeira viagem após o acidente foi um divisor de águas. “Quando pisei de volta em Guarulhos, olhei para o alto e disse: ‘Senhor, quero conhecer o mundão que o Senhor fez’. E Ele me deu isso. Eu nunca fui rico, mas aprendi que riqueza é poder sonhar e caminhar. O resto é acessório.”

O bolso, o planejamento e o propósito

Luiz Thadeu, autor do livro das "Muletas fiz asas"
Luiz Thadeu, autor do livro das “Muletas fiz asas”

Luiz Thadeu faz questão de esclarecer que suas viagens são bancadas por ele mesmo. “Quem financia minhas aventuras é meu bolso. Aprendi desde os oito anos a guardar dinheiro. Hoje não invisto mais em carro, nem apartamento. Meu investimento é o mundo. O retorno vem em forma de experiência, cultura, fé e história.”

O orçamento é detalhado com precisão: cerca de R$ 16 mil em passagens aéreas, algumas adquiridas com milhas, e US$ 1.500 para hospedagem e alimentação ao longo do mês. “Eu pesquiso muito, me hospedo em lugares simples, mas limpos e seguros. Não viajo para luxar, viajo para viver.”

Ele costuma se preparar com antecedência: organiza documentos, revisa seguros de viagem e verifica condições de saúde. “Tenho acompanhado minha pressão, que anda um pouco oscilante, mas viajo com seguro total, com cobertura médica e assistência. A idade chega, e é preciso respeitar o corpo, sem deixar a alma envelhecer.”

O homem que fez das muletas asas

Há anos, Luiz Thadeu caminha com muletas. “Elas são minhas asas, pois minhas pernas não respondem. Cada passo é uma conquista, e cada fronteira é uma vitória sobre o que me disseram que seria impossível.”

Essa trajetória o transformou em palestrante e escritor, já ouvido e lido em países como Portugal, Angola e Moçambique. “As pessoas me chamam de Forrest Gump brasileiro, e eu gosto. Porque Forrest Gump é aquele que simplesmente vai — e é isso que faço. Vou, porque ficar parado não combina com a gratidão que tenho pela vida.”

Em São Luís, ele mantém um ritual: sempre que regressa de uma viagem, faz questão de visitar a Igreja de Santo Antônio para agradecer. “Nunca volto sem agradecer. Viajar é uma bênção, mas voltar é um milagre.”

A vida, o tempo e os sonhos

Prestes a completar 67 anos no dia 7 de dezembro, Luiz fala da passagem do tempo com serenidade. “A gente envelhece, mas o sonho não tem rugas. Enquanto eu puder colocar um pé depois do outro, vou continuar sonhando.”

Ele repete uma de suas frases preferidas, que virou lema de vida: “Aproveite a Terra enquanto está em cima dela”.

“Tem gente que espera o momento ideal, o dinheiro ideal, o corpo ideal. Eu não espero mais nada. Faço o que posso com o que tenho. O importante é não parar.”

De São Luís para o mundo

A cada embarque, Luiz carrega duas bandeiras: a do Brasil e a do Maranhão. “Sou um cidadão do mundo, mas minha raiz está aqui. São Luís é minha base, meu ponto de partida e chegada. Daqui já saí para os cinco continentes, e daqui parto outra vez.”

Ele também destaca o apoio de amigos e familiares. “Sem as pessoas que torcem por mim, nada disso seria possível. Tenho amigos que me ajudam com dicas, com reservas, com palavras. E isso é combustível.”

Viajar é agradecer

Luiz encerra a conversa com a mesma poesia com que começou. “Minha matéria-prima são os sonhos. É com eles que construo tudo. Se um dia eu deixar de sonhar, deixo de existir. Enquanto tiver um sonho, terei um destino.”

“Viajar é a forma que encontrei de agradecer por estar vivo. E o mundo é meu altar. Cada país, uma prece. Cada escala, um recomeço.”

 

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