As exportações sergipanas sofreram uma forte retração em abril de 2025, totalizando apenas US$ 3,5 milhões, segundo análise do Centro Internacional de Negócios (CIN/SE) da Federação das Indústrias do Estado de Sergipe (FIES), com base em dados do Comex Stat. O valor representa uma queda de 93,9% em relação ao mesmo mês de 2024 e de 92,6% na comparação com março deste ano.
Segundo Rodrigo Rocha, presidente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL/FIES), o número expressivo deve ser interpretado com cautela. Ele explica que, por razões de sigilo comercial, não é possível identificar as movimentações específicas de cada empresa exportadora. No entanto, aponta que oscilações no mercado internacional, especialmente nos preços das commodities, como petróleo e suco de laranja — dois produtos com peso na pauta sergipana — podem provocar variações drásticas nos números mensais.
“Existem movimentos naturais de mercado em que a demanda por determinados produtos pode cair abruptamente. Além disso, algumas informações oficiais podem não estar completamente consolidadas no mês de referência e só aparecem nos sistemas posteriormente”, ressalta o economista.
Rocha também destaca o impacto da instabilidade política e econômica internacional sobre o comércio exterior. “A postura do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por exemplo, ainda causa turbulências no mercado global, afetando preços, demanda e até a cotação do dólar, o que pode influenciar direta ou indiretamente os produtos exportados por Sergipe”, avalia.
Mesmo em um cenário de queda acentuada, o suco de laranja congelado manteve a liderança entre os produtos sergipanos exportados, com um total de US$ 1 milhão — cerca de 29,1% do total. Em seguida vieram outras preparações alimentícias (US$ 911,8 mil) e jogos de fios utilizados em veículos automotores (US$ 331,1 mil). Juntos, esses três produtos representaram 65% das exportações do estado em abril.
Os principais destinos das exportações sergipanas foram os Países Baixos (Holanda), com US$ 1,3 milhão, os Estados Unidos (US$ 1,1 milhão) e a Índia (US$ 302,9 mil).
Déficit comercial
No mesmo período, as importações totalizaram US$ 18,3 milhões, com a compra de 180 tipos de produtos, entre os quais se destacaram a ureia (US$ 4,5 milhões), o coque de petróleo não calcinado (US$ 3,8 milhões) e fios-máquinas de aço (US$ 1,8 milhão).
De acordo com Rodrigo Rocha, a ureia é essencial para a produção de fertilizantes utilizados na agricultura, o que explica sua presença constante entre os produtos mais importados. Quanto ao coque de petróleo, o economista esclarece que Sergipe historicamente depende da importação desse insumo para abastecer suas indústrias cimenteiras, independentemente da atuação da Petrobras no estado.
Os principais fornecedores dos produtos importados foram a Argélia (US$ 4,6 milhões), os Estados Unidos (US$ 4,1 milhões) e a China (US$ 3,2 milhões).
Como resultado, a balança comercial sergipana de abril fechou com um déficit de quase US$ 14,9 milhões — reflexo da disparidade entre o que foi exportado e o volume de importações realizadas no mês.
Nos anos anteriores, Sergipe havia alcançado superávits históricos. Em 2023, o estado registrou um superávit recorde de US$ 97,6 milhões, impulsionado principalmente pelas exportações de óleos brutos de petróleo e suco de laranja. Já em 2024, o superávit foi de US$ 23,9 milhões, sendo apenas a terceira vez desde 1997 que Sergipe fechou o ano com saldo positivo na balança comercial.