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Kaio Lôbo (*)
“Eu nasci de novo. Para quem achar que é só uma ‘gripezinha’, a coisa é muito séria”. O desabafo é do técnico em planejamento, Cristiano Santana, 35, ao ficar curado da covid-19, depois de 10 dias de internamento no Hospital Gabriel Soares, em Aracaju. Nesse período, ele admite que chegou a perder as esperanças. “Eu, realmente, pensei que ia embora dessa vez”, admite. O quadro de saúde melhorou gradativamente até que ele recebeu alta e já está bem. Cristiano, que ficou no tênue fio entre a vida e a morte por causa da covid-19, faz um alerta: “só saiam de casa em caso necessário mesmo. Se cuidem para não passar o vírus para algum familiar ou amigo”.
Cristiano começou sentir moleza no corpo, acompanhada de tosse seca. Dia após dia, o quadro de saúde foi piorando até que a internação foi a única opção. No hospital, recebeu oxigênio, pois não conseguia respirar normalmente. “Você sente como seu pulmão tivesse travado/contraído, sem conseguir respirar, sem ele jogar oxigênio na corrente sanguínea”, explicou Santana, que teve febre durante todo período e seus lábios estouraram.
Espera de resultado
Numa situação menos grave, se comparada com a de Cristiano Santana, foi a do estudante de Jornalismo, Gabriel Jesus, 24 anos. A angústia deste jovem foi com a espera de resultado do exame da covid-19. “Eu senti os primeiros sintomas no dia 20 de maio (dor de cabeça, febre, perda do paladar e olfato), passei pelo médico da urgência da Unidade Pronto Atendimento (UPA) do Augusto Franco no dia 23 e no dia 24, onde foi coletado o material para o processamento do exame”, explicou.
Enquanto aguardava o resultado dos exames, Gabriel disse que cumpriu o isolamento social como foi determinado pelo médico. “Nós cumprimos o isolamento social de acordo com as recomendações médicas, mas será que outras pessoas estão fazendo o mesmo sem ter um retorno do seu exame? Acredito que não, infelizmente”, desabafa. Enfim, o resultado do exame de Gabriel deu positivo para covid-19. Com o tempo, ele não apresentou mais os sintomas, mas lembra que sua tia também fez o teste para saber se tem ou não covid-19, mas ainda não saiu o resultado.
Apreensiva
A fonoaudióloga Verônica Farias, 25, também foi vítima da covid-19. Ela previa que contrairia a doença por estar na área da saúde, mas mesmo assim, quando soube da confirmação ficou aflita. “É aquela velha história. É diferente o que a gente imagina e quando a gente sente na pele. Fiquei muito apreensiva”, confessa.
Verônica teve os mesmos sintomas do estudante Gabriel, como dores no corpo, dor de cabeça, perda do paladar e do olfato, mas com um agravante: falta de ar. “Eu não sei identificar se foi por causa da covid ou da ansiedade do momento”, relata.
Desde então a profissional de saúde se isolou completamente, cumprindo uma quarentena maior que 21 dias. Após a conduta consciente de isolamento ela está curada e voltou a desempenhar sua função. “Já voltei a trabalhar e estou nas minhas atividades normais”, afirma.
Evolução da covid-19
O Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (SES), divulgado na noite da quarta-feira, 17, informou que em Sergipe existem 16.807 casos confirmados da covid-19, com 383 mortes. Pelo menos 6.213 pessoas estão curadas e 19.361 exames deram negativos. Outras 9.737 pessoas estão em isolamento domiciliar e 474 internadas. A taxa de ocupação em leitos de UTI adulto a rede pública é de 72%, enquanto que na rede particular é de 93,1%. Em enfermarias, na rede pública, essa taxa é de 67,9% e na rede particular, 79,2%.
Aracaju segue como o epicentro da doença, com 10.094 casos, seguido de Socorro, com 1.205; Itabaiana, com 708; e São Cristóvão, com 661 casos. A cidade de Itabi é que tem apenas um caso confirmado da covid-19.
(*) Estagiário sob supervisão do jornalista Antônio Carlos Garcia
