domingo, 21/04/2024
Nonô e suas invenções no povoado Cruz da Donzela Fotos: Tv Atalaia

Agricultor constrói triciclo movido a energia solar; Nonô é um autodidata e defensor da energia limpa

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Um cidadão sergipano chamou a atenção de todos, depois que postou nas redes sociais o triciclo que ele mesmo fabricou com material reciclado e movido a energia solar. Trata-se do agricultor Emanuel Messias Cardoso da Silva, 54 anos, mais conhecido como Nonô, residente no povoado Cruz da Donzela, município de Malhada dos Bois, a 64,5 quilômetros de Aracaju. Acesse aqui o canal de Nonô no Youtube.

O triciclo, que ele chama de tratorzinho, foi fabricado há um ano, mas Nonô ficou incomodado pois tinha que parar para carregar a bateria, “como se fosse um telefone celular”, compara.  Há 15 dias, decidiu investir R$ 1.100,00 em uma placa de energia solar por dois objetivos. O primeiro é que o protege do sol, pois ele usa o tratorzinho diariamente para ir de sua casa até a fazenda, distante cinco quilômetros do povoado. E o segundo  é porque  gera energia e ele não precisar ficar recarregando a bateria.

“Montei esse tratorzinho para levar água para o gado. Nesse tratorzinho tem motor de empilhadeira,  a caixa de marcha de um Gol, bateria e a placa solar”, contou. Com a invenção famosa, muita gente do povoado Cruz da Donzela quer sempre pegar uma carona ou pilotar, tirar foto da invenção com o inventor, etc.

Leia também: A tecnologia do povão , e assista à primeira parte do vídeo sobre a invenção de Nonô. 

“Hoje nós temos que usar energia limpa”, defende Nonô, que só estudou até a quarta série do primeiro grau, mas desde os oito anos de idade se interessava por geradores de energia. “Eu só queria brincar fazendo roda d’água. Fiz meu primeiro gerador aos oito anos e daí não parei mais. Meu negócio é gerador, eólica, coisa com energia limpa”, disse.

Para ele, essa facilidade em fabricar coisas a partir de material reciclado e a habilidade em consertar eletrodomésticos é  dom divino. “O Espírito Santo é quem me inspira”, acredita.

O “tratorzinho” movido a energia solar é apenas uma das fabricações de Nonô, que é casado e pai de quatro filhos. Na sua fazenda, onde cria algumas cabeças de gado, ele montou um cata-vento para ter energia eólica. “O cata-vento foi construído com um diferencial de Opala, peças de dois bagageiros de ônibus e de máquina de lavar. A energia gerada pelo cata-vento abastece toda a casa”, garante.

Nonô também construiu um biodigestor e não gasta dinheiro com gás na residência da fazenda. “Eu ponho esterco de gado no biodigestor. Tendo uma vaca, tem gás para uma família”, assegura o inventor.

Quer ver fotos das invenções de Nonô, visite o Instagram dele: @luamar01

Conserta tudo

Em Cruz da Donzela, Nonô é requisitado para consertar diversos eletrodomésticos que dão defeito. E, às vezes, não tem tempo de atender a todos. Isso porque, Nonô construiu, também,  um limpa fossa e é sempre contratado para fazer serviços na região. “Imagina, quanto dinheiro o povo daqui não gastaria para chamar um limpa fossa de Aracaju?”, indaga.

O trabalho de inventor de Nonô lembra dois personagens famosos: um dos quadrinhos e outro do cinema. O primeiro é o Professor Pardal, personagem criado em 1952 por Carl Barks para a Walt Disney Company. O professor é o inventor mais famoso de Patopólis, um amigo das pessoas e que tem bons sentimentos com todo mundo.

O outro é o agente secreto Angus MacGyver, do seriado Profissão Perigo, exibido de 1985 e 1992, que fez muito sucesso no Brasil. MacGyver, interpretado pelo ator Richard Dean Anderson, resolvia problemas complexos criando coisas a partir de objetos comuns.

 

Igreja do povoado Cruz da Donzela Foto: Jorge Henrique/ASN

Lenda

No povoado em que Nonô mora há uma lenda. Conta-se que em Malhada dos Bois vivia uma pequena população concentrada em torno de uma igreja, rendendo culto à Santa Guilhermina.

“Reza a lenda que Guilhermina era o nome da donzela assassinada pela “sanha bestial” de um provável estuprador. Morta a virgem, ergueram uma santa Cruz à sua lembrança. Daí o povo vir a ser conhecido como Cruz da Donzela”, diz o blog do professor Itamar Freitas, pós doutor em História.

 

 

 

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