Antônio Carlos Garcia (*)
A sergipana Victória Louise dos Santos, de 25 anos, doutoranda em Biotecnologia Industrial pela Universidade Tiradentes (Unit), foi selecionada para integrar a lista das 25 Mulheres na Ciência – América Latina, iniciativa da 3M que reconhece jovens cientistas de destaque. O trabalho que a levou a conquistar o prêmio consiste no desenvolvimento de um curativo inovador para o tratamento do câncer de pele, que ao ser colocado sobre a região afetada e exposto a uma fonte de luz, promove a destruição do tumor.
Sob orientação da professora Patrícia Severino, também premiada em edições anteriores da 3M, Victória desenvolve uma pesquisa de doutorado que está em fase de validação. O projeto utiliza uma membrana bioativa composta por polímeros naturais (quitosana e ácido hialurônico) e pelo corante rosa de bengala.
“A membrana é criada a partir de polímeros, por meio de uma metodologia que permite a formação de várias camadas, incorporando o corante rosa de bengala. Assim, ela funciona como um carreador e, juntamente com a luz, promove o tratamento”, explicou a jovem cientista.

O objetivo é oferecer uma alternativa inovadora para um problema de saúde global. “Minha pesquisa consiste em um tratamento inovador para câncer de pele. Desenvolvi um curativo especial que, ao ser colocado sobre a área afetada, é ativado por uma luz e destrói o tumor”, resumiu.
A inspiração para o trabalho surgiu ainda na graduação em Farmácia, quando Victória realizou iniciações científicas com membranas voltadas a outros tipos de tratamento. “No doutorado, optamos por direcionar esse conhecimento para o câncer, já que o câncer de pele é uma problemática mundial”, disse.
O projeto já passou por etapas importantes: o design do curativo foi concluído, os testes in vivo com animais foram realizados, e agora estão sendo finalizados os ensaios celulares. “É difícil afirmar quando a população terá acesso, porque a pesquisa no Brasil enfrenta muitos desafios. Mas, com parcerias da universidade e do governo, acredito que será possível levar esse produto ao mercado para ajudar a população”, afirmou. A previsão de conclusão do doutorado é entre 2027 e 2028.
Reconhecimento e impacto
Para Victória, receber o prêmio da 3M representa não apenas um reconhecimento científico, mas também social. “A pesquisa no Brasil não é tão valorizada, e eu, como mulher, enfrento ainda mais dificuldades para estar imersa nesse meio. Esse prêmio reconhece um trabalho árduo, de muitos anos de iniciação científica e aprendizado”, destacou.
Ela relata que, após o anúncio, suas redes sociais ganharam visibilidade. “Recebi mensagens de pessoas me parabenizando, perguntando sobre iniciação científica e carreira acadêmica. Muitas mulheres disseram que se sentiram estimuladas a seguir esse caminho. Agora também vou fazer um doutorado sanduíche na Irlanda, o que abre novas oportunidades”, contou.
Victória divide o laboratório com a colega Érika Santos Lisboa, também selecionada entre as 25 premiadas. Érika, também de Aracaju (SE), está na vanguarda da medicina regenerativa com sua pesquisa sobre bioimpressão 3D de tecidos cardíacos. Utilizando uma biotinta especial à base de platina e óxido de grafeno, investiga formas de imprimir tecido humano viável, o que pode abrir caminho para eliminar a necessidade de transplantes cardíacos no futuro.
“Foi ótimo termos duas premiadas no mesmo laboratório. Trabalhamos juntas em outros projetos e, mesmo com pesquisas diferentes, seguimos a mesma vertente de inovação”, destacou Victória.
Contexto do prêmio
A nova geração de cientistas nas universidades brasileiras é fortemente inspirada por desafios ambientais, conectadas digitalmente e alinhadas à responsabilidade social. Esse movimento ficou evidente nos trabalhos vencedores da 5ª edição do programa, que neste ano teve foco exclusivo em estudantes universitárias. Criada em 2020, a iniciativa busca dar visibilidade a jovens cientistas da América Latina e do Canadá que já estão promovendo transformações reais em suas comunidades e nos campos da ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM).
Entre as brasileiras selecionadas estão pesquisas que vão desde a criação de materiais bioativos inspirados na biodiversidade amazônica para regeneração de tecidos humanos, até tecnologias de bioimpressão 3D para produção de tecidos cardíacos e soluções para diagnóstico precoce de câncer de mama.
“Essas jovens olham para os desafios com coragem, propósito e criatividade. Elas não têm medo de ocupar espaços, questionar e propor soluções fora do convencional. Estão moldando um futuro mais diverso e transformador”, afirma Marcia Ferrarezi, líder de P&D da 3M para a América do Sul.
Esse movimento acompanha uma tendência global: ciência com propósito, impacto social direto e maior inclusão. Segundo o Índice do Estado da Ciência 2023, encomendado pela 3M, 86% das pessoas acreditam que as mulheres ainda são um recurso inexplorado na ciência e tecnologia.
Além do reconhecimento individual, o programa 25 Mulheres na Ciência tem um papel de inspiração coletiva. Ao contar as histórias dessas jovens pesquisadoras, a 3M busca criar referências para meninas que hoje estão nas escolas e ainda descobrem quais carreiras seguir no futuro.
Sobre a 3M
A 3M (NYSE: MMM) está focada em transformar indústrias ao redor do mundo por meio da aplicação da ciência e do desenvolvimento de soluções inovadoras voltadas para o cliente. A equipe multidisciplinar da empresa atua na resolução de desafios complexos, aproveitando plataformas tecnológicas diversificadas, capacidades diferenciadas, presença global e excelência operacional. Mais informações podem ser encontradas em: news.3m.com.br/news-center.
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