segunda-feira, 19/05/2025
espiritualidade, paz interior
A espiritualidade lhe dá paz interior Imagens: Pixabay

O Papa, a espiritualidade e a desigualdade social

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Por Valtênio Paes (*)

 

A morte do Papa causou reações diferentes no Brasil. Uma rede de TV dirigida por outra religião destinou três minutos para noticiar o fato, outra, trinta minutos. Islamismo, Judaísmo, Cristianismo (Católica Romana com mais de 1,3 bilhão de seguidores, Igreja Ortodoxa, protestantismo (Luterana, Batista, presbiteriana, metodista etc.) Anglicana e Pentecostalismo somam mais de 800 mil seguidores e tantas outras. As religiões sempre estiverem presentes na vida dos povos do planeta, porém existem diferenças claras entre religião e espiritualidade em seus rituais.

Como dissera o professor e doutor Guido Nunes Lopes:

“A religião não é apenas uma, são centenas.
A espiritualidade é para
os que prestam atenção à sua Voz Interior.
A religião tem um conjunto de regras dogmáticas.
A religião ameaça e amedronta.
A espiritualidade lhe dá Paz Interior.
A religião reprime tudo, te faz falso.
A espiritualidade transcende tudo,
te faz verdadeiro!
A religião não é Deus.
A religião inventa.
A espiritualidade descobre.
A religião é humana,
é uma organização com regras.
A espiritualidade é Divina, sem regras.
A religião é causa de divisões.
A espiritualidade é causa de União.

A religião está em um livro sagrado.
A espiritualidade busca
o sagrado em todos os livros.

A religião se alimenta do medo.
A espiritualidade se alimenta
na Confiança e na Fé…

A religião se ocupa com  o fazer.
A espiritualidade se ocupa com o Ser…

A religião nos faz renunciar ao mundo.
A espiritualidade nos faz viver em Deus,

A religião é adoração.
A espiritualidade é Meditação.

A religião sonha com a glória e com o paraíso.
A espiritualidade nos faz viver
a glória e o paraíso aqui e agora.

[…]”

Ed René Kivitz, pastor e teólogo, frequentemente discute sobre a relação entre religião e espiritualidade, com foco nas mudanças na modernidade e na influência do mercado na fé. Argumenta que a “religião pode ser uma forma de expressão da espiritualidade, mas nem toda prática religiosa é necessariamente espiritual”.

Se a religião deveria ter, em sua essência, a espiritualidade ao buscar a conexão com o divino, o imaterial e o sagrado, então, não deveria pregar o ódio. Nas redes sociais ocorreram manifestações de ódio pela morte do Papa Francisco e notícias falsas com seu sucessor, o Papa Leão XIV.

O novo Papa tem pensamento enraizado na Rerum Novarum, encíclica papal, escrita por Leão XIII em 1891, que aborda a questão social e a condição dos operários em resposta à Revolução Industrial e ao surgimento do socialismo. Buscou defender os direitos dos trabalhadores e estabelecer princípios para a justiça social. Leão XIV, também agostiniano, retornará ao tema. Aceita o capitalismo, mas rejeita a miséria.

Papa Francisco
Papa Francisco

O falecido Papa Francisco produziu contribuições espelhado em Francisco de Assis, fez opção pela inclusão de pessoas de todas as características. Moderado, conciliador ou reformador, como queiram chamar: defendeu imigrantes, respeitou pessoas de todas as opções sexuais, buscou a conciliação com católicos ortodoxos e outras religiões, fim das guerras, da exploração predatório do planeta com a primeira encíclica sobre meio ambiente.  Exerceu liderança mundial.

A chegada de Leão XIV, agostiniano revigorando Leão XIII, proponente da encíclica Rerum Novarum. Nela se extrai uma proposta para a questão social, que se manifestava na desigualdade entre ricos e pobres, especialmente os operários, que sofriam com a falta de direitos e condições de trabalho dignas. A encíclica defende a necessidade de um diálogo e colaboração entre capital e trabalho, de forma a garantir a justiça social e a dignidade da pessoa humana.

Que o novo Papa encarne a espiritualidade plena, portanto desposada da ganância material. Que se consiga contribuir para o fortalecimento da espiritualidade das pessoas no planeta, aliás, como devem ser todos os líderes religiosos na terra. Padres, pastores, monges, espíritas, progressistas ou conservadores, têm a obrigação de priorizarem a espiritualidade nas suas práticas com a sociedade, sob pena de cometerem estelionato religioso. Impossível verdadeira espiritualidade sem justiça social.

 

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Sobre Valtenio Paes de Oliveira

Coditiano
(*) Professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada-Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.

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