quarta-feira, 05/11/2025
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Templo da Loja Maçônica Clodomir Silva

Os graus simbólicos da Maçonaria e a busca pela plenitude: o caminho Adonhiramita

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Por Antônio Carlos Garcia (*)

 

Entre o rumor das cidades e o silêncio das oficinas simbólicas, a Maçonaria ergue-se como uma tradição de aperfeiçoamento humano. Muito além dos mistérios que o imaginário popular costuma associar a ela, a instituição é um espaço de construção moral, intelectual e espiritual. Entre os diversos ritos que compõem essa grande arquitetura iniciática, o Rito Adonhiramita ocupa um lugar de destaque, especialmente no Brasil, por preservar um simbolismo clássico e um itinerário de elevação que reflete a própria jornada humana: o caminho dos graus simbólicos e a busca da plenitude maçônica.

O Rito Adonhiramita tem origem na França do século XVIII, quando Louis Antoine Travenol e, posteriormente, Louis Guillemain de Saint-Victor, sistematizaram rituais e instruções que simbolizavam a edificação moral e espiritual do homem. O rito atravessou o Atlântico no final do século XVIII, trazido por maçons franceses e luso-brasileiros que participavam de lojas filiadas a potências europeias. Sua consolidação no Brasil ocorreu após a fundação do Grande Oriente do Brasil, em 1822, quando o rito foi oficialmente reconhecido e começou a se expandir por diversas lojas no país.

Mas é nos três graus simbólicos — Aprendiz, Companheiro e Mestre — que se encontra a essência da Maçonaria Adonhiramita, a base sobre a qual todo o edifício espiritual é erguido. Esses graus encerram, em seus ritos e alegorias, o sentido universal do trabalho maçônico: a lapidação da alma humana, a transmutação da ignorância em sabedoria, da dispersão em harmonia.

O primeiro grau, o de Aprendiz, é a porta de entrada. Nele, o iniciado aprende a olhar para si mesmo como a “pedra bruta” — metáfora da natureza humana em estado inicial. O trabalho do Aprendiz consiste em conhecer-se, domar as paixões, desenvolver a disciplina moral e aprender o valor do silêncio. No segundo grau, o de Companheiro, o maçom se torna um operário da construção simbólica: aplica instrumentos e valores no cotidiano. O terceiro grau, o de Mestre, simboliza a conclusão desse ciclo — a responsabilidade, a missão de servir e a integração de um caminho de transformação interior.

O  então grão-mestre estadual, Claírton de Santana:  exemplo a ser seguido

Em Sergipe, a Loja Maçônica Clodomir Silva nº 1477, que adotou o Rito Adonhiramita, tem sido apontada como um verdadeiro espaço de lapidação da “pedra bruta” — um celeiro de notáveis maçons cuja trajetória se confunde com a própria história ritualística local. Entre seus nomes de referência está Claírton de Santana, aniversariante do dia 21 de outubro,  ex-venerável Mestre da Clodomir e assumiu o Grão-Mestrado Estadual do Grande Oriente do Brasil em Sergipe entre 2019 a 2023.

Claírton honra esse percurso maçônico: sua atuação, agora lembrada com o afeto dos irmãos e com as homenagens da comunidade ritualística, traduz o caráter de serviço que o rito procura formar — uma maçonaria que não se limita a palavras, mas se expressa em trabalho concreto, em organização e em cuidado com as instituições que preservam a tradição.

O percurso maçônico, porém, não se mede pelo número de graus alcançados, mas pela qualidade do trabalho interior. No espírito adonhiramita, cada avanço representa menos um título e mais um estado de consciência. Os graus posteriores — os chamados filosóficos — aprofundam símbolos, história e responsabilidade, mas não substituem o vigor do trabalho cotidiano: estudar, ensinar, servir, exemplificar.

Selo da loja Clodomir Silva
Selo da Loja Clodomir Silva

É nesse ponto que emerge o conceito de plenitude maçônica: o estado em que o ensinamento recebido se transforma em vida. A plenitude não é um troféu concedido pelo acúmulo de graus, mas a integração dos princípios maçônicos — liberdade, igualdade, fraternidade, sabedoria — numa conduta permanente. O maçom pleno age como extensão do templo simbólico; cada gesto justo, cada atitude de fraternidade, é um tijolo nessa construção.

O rito Adonhiramita oferece instrumentos e simbolismos para a contínua obra de lapidação. A Loja Clodomir Silva nº 1477 e figuras como Claírton de Santana exemplificam esse ethos: não o exibicionismo dos títulos, mas a paciência e a persistência do obreiro que, noite após noite, ajusta as ferramentas e volta ao trabalho. A verdadeira sabedoria, lembram os rituais, não se proclama; pratica-se.

 

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