Por Juliano César Souto (*)
Inicio essa reflexão por uma frase que, a meu ver, melhor reflete a profícua existência do comunicador, visionário empresário e personalidade influente no cenário nacional por mais de 6 décadas, Silvio Santos.
Trabalho como propósito de vida
O homem do baú, como era conhecido, deixa o convívio humano aos 93 anos, sendo que até 92 anos, contra tudo e todos, exerceu seu dom e sua vida deixando para nós empreendedores uma lição clara que não há momento de parar e sim , apenas, mudar seus papéis.
Neste tema tenho que lembrar da minha última visita/reunião com meu pai mestre, Raymundo Juliano, em agosto de 2020 no hospital, onde traçamos, como de rotina semanal, planos e compromissos, sem considerar aquele delicado momento.
Inovação
Nos dias de hoje em que falamos de inovação, tecnologia, Inteligência Artificial devemos lembrar que o sentido mais amplo de inovação é enxergar oportunidades onde os demais veem apenas rotina, e citar um “causo” de início da vida desse brilhante empreendedor.
Silvio era um simples usuário do serviço de barca Rio-Niterói, percebeu que todas as viagens eram sempre silenciosas e por isso resolveu trazer um pouco de animação ao percurso. Investiu em aparelhagens e começou a trabalhar como “animador”. O sucesso foi tanto que ele conquistou sua própria barca, com direito a jogos de bingo e bebidas.
Negociar e fazer amigos
No seu primeiro empreendimento – barca – conhece um diretor de uma marca de cervejaria que convidou-o para ir a São Paulo e lá conheceu Manuel da Nóbrega, que tinha dificuldades de administrar o Baú da Felicidade. Logo pediu a sua ajuda para reerguer o negócio assumindo o controle, e inicia o seu primeiro programa de televisão. Nele, aproveitava para fazer propaganda do Baú. Mais à frente, o Brasil vivia a ditadura militar e o setor de comunicação sentia o trauma da crise e falência da TV Tupi, ele conseguiu convencer militares que estava pronto a ficar com a concessão de uma televisão. Primeiro, com o canal 11 no Rio de Janeiro, onde surgiu a TV Studios, a TVS. Depois, com parte do espólio da Tupi, nasceu o principal negócio de Silvio Santos: o Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT.
Profissão com devoção
Além de apresentador era um empresário bem sucedido, Abravanel construiu sua fortuna diversificando seus negócios para muito além das telas, protagonizando negócios nos segmentos de cosméticos, capitalização, mídia e comunicação, incorporação imobiliária e hotelaria, entre outros. Porém o que sempre foi referência em sua vida foi como o maior apresentador da televisão brasileira e nunca se afastando desta sua paixão, sendo modelo para um incontável número de seguidores no gênero de programa de auditório como Gugu, Faustão, Celso Portiolli etc.
Com confiança e persistência tudo é possível
O homem que administrava as empresas tinha o mesmo tino visto na televisão e era admirado pelo poder de negociação. O grupo chegou a ter quatro dezenas de empresas. Algumas deram muito certo, outras não, e usava a mesma TV como trampolim para outras empresas. Era a grande vitrine de todos os empreendimentos do grupo, tais como: na década de 80: automóveis da concessionária Vimave ou móveis da Tamakavy pululavam na tela do telespectador.
Na década seguinte, no início dos 1990, o SBT não viveu anos felizes. Golpeado por seguidos planos econômicos, o grupo passou por anos difíceis e o empresário reconheceu que havia, inclusive, o risco de falência da emissora de televisão após o Plano Collor. Para salvar usou a criatividade. Lançou um curioso plano de saúde com título de capitalização. O cliente pagava as parcelas, recebia atendimento médico e, muitos anos depois, receberia o dinheiro de volta. Desistiu do setor de saúde, mas não da capitalização. E, assim, nasceu a Tele Sena.
O mais famoso título de capitalização brasileiro surgiu com a promessa de realizar o sonho de ficar milionário ou ganhar a casa própria. O cliente tenta a sorte e ainda tem a garantia do artista de que vai receber metade do dinheiro de volta um ano depois. Autoridades, porém, desconfiaram, investigaram o produto com a suspeita de que se tratava de uma loteria disfarçada. Em uma mistura do empresário com o artista, Silvio Santos escreveu uma carta anexada ao processo que pedia o fim da Tele Sena. Em 23 páginas escritas a próprio punho, disse que o título de capitalização salvou o SBT da falência – e saiu vitorioso na Justiça.
Mas nem sempre tudo dava certo.
Ele tentou sem sucesso importar para o Brasil o sistema de vendas por telefone – que só se popularizou anos depois. O Tele Sisan (abreviação do nome do dono) existiu na década de 1990 com a oferta de produtos que nem sempre faziam o gosto do brasileiro.
O rombo do Panamericano. Na década de 2000, o Brasil viveu anos de ascensão social e a ampliação do acesso aos serviços bancários. O empresário Silvio Santos surfou como poucos nessa onda. Transformou uma pequena financeira em uma grande instituição financeira nacional: o Banco Panamericano. Conseguiu até atrair a gigante estatal Caixa Econômica Federal, que passou a ser sócia do braço financeiro de Silvio Santos. Parecia que o SBT perderia o posto de principal gerador de receita do grupo. O negócio, porém, levou um duro golpe meses depois da chegada da Caixa. O Banco Central percebeu que o Panamericano registrava várias vezes uma única operação. Assim, os números anunciados pelo banco eram muito maiores que a realidade. O rombo era de pelo menos R$ 2,5 bilhões. Até hoje há dúvidas sobre os responsáveis pelo rombo, e se o empresário sabia de algo. Se desfez do banco cheio de problemas.
Por fim, abriu um hotel de luxo no Guarujá e apostou as fichas em um novo negócio: cosméticos.
Esse pequeno resumo é uma prova de que os gênios nem sempre acertam, e vida que segue…
Atuação na política
Inicialmente com o programa “Semana do Presidente” ficou famoso por mostrar as atividades dos ocupantes do Palácio do Planalto. Foi o jeito que Silvio Santos encontrou para se relacionar com os presidentes da República – desde um general ao intelectual – todo domingo por duas décadas.
Uma única vez, em 1989, num momento de efervescência política, pois após o fim da ditadura militar e na esteira do movimento “Diretas Já” e da promulgação da Constituição Federal de 1988, a “Constituição Cidadã”, os eleitores estavam animados com a possibilidade de votar diretamente para presidente da República. O clima quente na política se refletiu na pulverização de candidaturas quando mais de 20 nomes foram lançados como concorrentes ao Palácio do Planalto. Nesse cenário despontaram o candidato Fernando Collor com uma imagem de político independente, jovem e empreendedor e na outra ponta, estava o petista Lula – líder sindical, fundador do PT e deputado federal. Em 31 de outubro de 1989, duas semanas antes do primeiro turno do pleito, o PMN oficializou a candidatura de Silvio Santos. O apresentador de televisão figurou bem nas pesquisas eleitorais, chegando a alcançar 30% das intenções de voto nas sondagens, de acordo com informações do TSE, porém problemas com o registro do PMB e questionamentos acerca da legalidade da candidatura de um proprietário de uma rede de televisão pesaram na decisão da Justiça Eleitoral, que indeferiu a tentativa de Silvio Santos, frustrando os planos do empresário, aliados e fãs.
Depois disso, o comunicador evitou fazer comentários públicos sobre a campanha relâmpago à Presidência da República. Ele até ensaiou novos movimentos na política, mas preferiu dedicar seu tempo à profissão de apresentador e às atividades empresariais.
Pode-se resumir assim a sua atuação política : Amigo de “quem ocupa o poder”, Sílvio conseguiu a proeza de não se queimar mesmo sem se manter em cima do muro, tomando lados às vezes conflituosos com a liberdade de expressão que tanto defende a TV aberta, da qual fez parte e ajudou a popularizar no país. Ao seu lado, não estavam os eleitores de direita ou de esquerda, mas os fiéis telespectadores que enxergavam nele o carisma à frente de qualquer suspeita.
Sonhar grande
Nos anos 70, sonhou em ter a sua própria emissora. A realização aconteceu cinco anos mais tarde, quando alcançou o 1º lugar na concorrência. Seis anos depois, ele recebeu a concessão de mais quatro emissoras que foram rebatizadas como Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT.
Sucessão
Renata Abravanel, filha mais nova do apresentador, deverá assumir como CEO do grupo, posição ocupada nos últimos nove anos por Guilherme Stoliar, sobrinho de Silvio. Stoliar havia substituído a Luiz Sebastião Sandoval, que ficou à frente do grupo por 40 anos. A expectativa é de que a sucessão na gestão ocorra sem grandes distúrbios: Renata tem boa formação (é graduada nos Estados Unidos) e vem trabalhando com Stoliar nos últimos anos, o que contribuiu na preparação. Porém, considerando as características do conglomerado e o estilo de gestão do fundador, o processo será desafiador porque não será simples, pois trata-se da passagem de bastão de um empreendedor e comunicador nato.
Assim, podemos aprender com a jornada de sucesso do empresário Silvio Santos que para tudo na vida, independentemente do seu objetivo, precisamos dar um passo de cada vez. Não importa se você já nasceu rico ou é bem pobre, a importância de sempre se manter focado faz toda a diferença.
O texto acima é minha livre interpretação das postagens na Internet abaixo listadas, portanto pode não refletir exatamente a mensagem dos autores.
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https://cfeg.com/o-desafio-na-sucessao-no-grupo-silvio-santos
https://istoedinheiro.com.br/saiba-qual-era-a-fortuna-de-silvio-santos-e-quem-sao-suas-herdeiras/
https://www.ignicaodigital.com.br/empreendedor-de-sucesso-silvio-santos/
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Silvio_Santos