quinta-feira, 11/12/2025
Representantes de movimentos sociais estiveram hoje na Cúria Metropolitana Foto: Jadilson Simões

Grito dos Excluídos criticará Judiciário e a mídia

Compartilhe:

Este ano, a 21ª edição do Grito dos Excluídos, no dia 7 de setembro, fará uma crítica direta ao Poder Judiciário sergipano que, frequentemente, “se coloca na contramão da democracia ao emitir decisões que criminalizam movimentos sociais e sindicais, a exemplo de reintegrações de posse e ilegalidades de greves”, dizem os organizadores. Com o tema “que país é este, que mata gente, que a mídia mente e nos consome?”, o movimento quer chamar toda a sociedade à reflexão. A entrevista coletiva para divulgar os detalhes da marcha aconteceu hoje, 28, na Cúria Metropolitana.

Embora a greve seja um direito do trabalhador, para o Judiciário isso não prevalece, diante das sucessivas liminares considerando ilegais as paralisações. Não há, no Estado, nenhum levantamento quantitativo dessas decisões. O vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Plínio Pugliesi, diz que é mais fácil lembrar quais greves não foram ilegais, isso no ano passado.  Uma delas, foi no município de Lagarto, promovida pelos professores, com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Sergipe (Sintese). Ele lamenta que o Judiciário vote favorável à reintegração de posse, quando das ocupações dos movimentos sociais, sem se preocupar para onde serão abrigadas as famílias que lutam por moradia.

Justamente para mostrar a indignação com a postura do judiciário, que os organizadores do Grito dos Excluídos escolheram a sede do Tribunal de Justiça, na praça Fausto Cardoso, para a concentração dos manifestantes, a partir das 8 horas, e depois a caminhada pelas avenidas Ivo do Prado e Barão de Maruim, onde ocorre o desfile.

O arcebispo coadjutor de Sergipe, dom João José Costa, espera que este ano participem cerca de 10 mil pessoas. Questionado se o ato teria alguma manifestação contra ou a favor da presidente Dilma Rousseff, o arcebispo assegurou que não haverá nenhuma conotação político, pois será feito em defesa vida e dos direitos da população.

Direitos que são flagrantemente negados aos que estão à margem da sociedade. O religioso criticou a superlotação no sistema carcerário sergipano e também os parlamentares federais que estão tentando aprovar a lei que reduz a maioridade penal. “Os nossos representantes deveriam visitar os presídios, porque aprenderiam que o caminho correto é promover políticas públicas, ao invés de segregar. O que acontece no Copemcan (Complexo Penitenciário Manoel Carvalho Neto) é um absurdo”, criticou  dom João José.

Candomblé – Este ano em Sergipe, o Grito dos Excluídos também traz uma novidade. Pela primeira vez, os religiosos do candomblé foram convidados a participarem junto com a Igreja Católica e 28 entidades do ato de 7 de setembro. Para o coordenador do Coletivo de Terreiros, o babalorixá Paulo César Lima Fernandes, está incluso nos protestos a intolerância religiosa. “Nossos terreiros estão na periferia da cidade e somos vulneráveis”, lamentou.

A diretora estadual do Movimento dos Sem Terra (MST), Gislene Reis, espera que estejam no ato entre 200 a 500 trabalhadores. “Além de concordarmos com todas as pautas, nós também lutamos por reforma agrária, por reforma urbana, por uma moradia digna para todas as pessoas”.

Além da denúncia, o Grito dos Excluídos é também um momento de anúncio das reivindicações e desejos do povo brasileiro. E neste ano o repúdio às tentativas de redução da idade penal e a afirmação dos direitos de crianças e adolescentes; a luta pela democratização dos meios de comunicação, com garantia da diversidade e do pluralismo de vozes, cores e ideias existentes na sociedade; o desenvolvimento sustentável, com respeito ao meio ambiente e aos direitos dos povos e comunidades tradicionais; e a necessidade das reformas populares, com destaque para a reforma do sistema político, estarão presentes nas faixas, bandeiras, camisas e cartazes.

Realizado desde 1995, o Grito dos Excluídos constitui-se numa ampla mobilização social e popular baseada em três eixos: crítica ao modelo que concentra riqueza e renda, condenando milhões de pessoas à exclusão social; publicização nas ruas da imagem dos grupos historicamente excluídos; e proposição de caminhos alternativos ao modelo neoliberal, desenvolvendo uma política de inclusão social e participação popular.

Compartilhe:

Sobre Antônio Carlos Garcia

Avatar photo
CEO do Só Sergipe

Leia Também

Comércio

Comércio varejista impulsiona saldo positivo de vagas de emprego em Sergipe 

  No acumulado dos dez primeiros meses de 2025, o comércio varejista segue impulsionando as …

WhatsApp chat