Sergipe tem cerca de 600 vagas abertas para mulheres em funções como pedreira, carpinteira e eletricista predial. A oportunidade faz parte do projeto “Elas Constroem”, iniciativa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) em parceria com o Senai, que busca ampliar a participação feminina no setor da construção civil em todo o país. A Associação Sergipana dos Empresários de Obras Públicas e Privadas (Aseopp) coordena a implementação local do programa, que já conta com turmas-piloto e deve atingir 60 mulheres na primeira etapa.

A presidente da Comissão de Responsabilidade Social da CBIC, Ana Cláudia Gomes, explica que o projeto surgiu da necessidade de estruturar ações já realizadas de forma isolada. “Há três anos, transformamos essas iniciativas no projeto Elas Constroem, criando uma rede de mulheres líderes regionais. No primeiro ano, trabalhamos o letramento em gênero e inclusão; no segundo, a mentoria; e agora estamos na fase de qualificação técnica. A ideia é inserir mulheres diretamente em funções demandadas pelo mercado, garantindo empregabilidade real”, destacou.
Segundo ela, o diferencial está em identificar localmente quais funções são mais difíceis de preencher. A partir daí, a CBIC articula com o Senai a formatação dos cursos. “Não adianta formar numa área sem demanda. O que buscamos é garantir que as mulheres tenham acesso a empregos formais, com estabilidade, carteira assinada e todos os direitos trabalhistas”, explicou.
Sergipe em destaque
No estado, os cursos estão sendo articulados pela Aseopp, em parceria com a Fies, a Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Empreendedorismo (Seteem), a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (Sepm) e a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (Adra).
“Temos vagas de verdade, com demanda urgente das empresas. Nosso papel é transformar essa necessidade em oportunidade para as mulheres, garantindo também as condições para que elas permaneçam nos cursos, com apoio em transporte, lanche e até creche em alguns casos”, afirmou Adriana Crepaldi, administradora e líder do projeto em Sergipe.
Nordeste bem representado
De acordo com Ana Cláudia Gomes, a região Nordeste é uma das mais engajadas no projeto. Aracaju, Salvador, São Luís e Teresina já iniciaram turmas-piloto, somando cerca de 180 alunas apenas nessa fase inicial. “A construção civil vive um paradoxo: o setor cresce, mas falta mão de obra qualificada. Ao mesmo tempo, temos 52% da população formada por mulheres, ainda pouco inseridas nesse mercado. O Elas Constroem rompe barreiras culturais, como a ausência de vestiários femininos nos canteiros, e aposta na força da qualificação para abrir espaço real”, ressaltou Ana Cláudia.
Cursos em Sergipe
Os cursos seguem a metodologia “Aprendendo a Construir” do Senai, com foco em prática e empregabilidade. As aulas têm duração média de dois a três meses, com carga horária entre 40 e 60 horas, geralmente em turmas noturnas de três horas.
Próximas turmas em Sergipe:
Pedreiro de Revestimento – início em 22 de setembro
Carpintaria – início em 6 de outubro
Outros cursos em pauta: eletricista predial, operador de Bobcat, pintor e instalador hidráulico.
Cada turma tem 20 vagas exclusivas para mulheres, podendo chegar a 30 inscritas para compensar eventuais desistências.
O setor da construção civil é um dos que mais absorve mão de obra no país e enfrenta uma carência estrutural de profissionais qualificados. Para Ana Cláudia Gomes, a entrada das mulheres não apenas supre a demanda, mas também traz benefícios qualitativos.
“Elas demonstram alto nível de atenção aos detalhes e comprometimento, o que impacta diretamente na qualidade final da obra. Além disso, podem crescer na carreira, chegando a cargos como encarregadas e mestres de obras”, completou.
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