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O turismo de eventos voltou a movimentar a economia sergipana. Desde sua reabertura, em agosto de 2021, o Centro de Convenções AM Malls, em Aracaju, já recebeu 260 eventos, sendo 34 de âmbito nacional ou regional, com impacto estimado em R$ 112 milhões na cadeia produtiva local — incluindo hotelaria, bares, restaurantes, transporte e agências de viagem. Segundo Rafaella Mamede, diretora do Centro de Convenções AM Malls Sergipe, o espaço se tornou um dos principais motores da retomada do setor.
O diretor de Captação de Eventos da Secretaria de Turismo de Sergipe, Hugo Julião, confirma que o estado vive um novo ciclo após a revitalização do Centro de Convenções sob gestão da AM Malls. “Houve um divisor de águas. Ficamos cerca de 12 anos fora do radar dos grandes eventos por causa da deterioração e fechamento do antigo CIC (Centro de Interesse Comunitário). A PPP com a AM Malls foi fundamental para reposicionar Sergipe”, ressalta.
Hugo iniciou o trabalho de captação há cerca de dois anos e meio, inicialmente por meio de um convênio entre a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) e a Prefeitura de Aracaju. Com a gestão do governador Fábio Mitidieri, o foco em eventos foi ampliado. “O governador fez uma transformação no turismo, reconhecida por todo o trade. Estruturou o calendário de festas — como o São João, que antes era incerto — e agora prioriza a captação de eventos”, destaca.
Além do AM Malls, novos espaços surgem para diversificar a oferta, como o Sales Multieventos, voltado para shows e grandes apresentações, e o Porto Farol, destinado a eventos corporativos de médio porte. “Esses espaços complementam a estrutura do estado e ampliam nossa capacidade de receber diferentes perfis de eventos”, pontua.
Segundo ele, 99% das captações de eventos são realizadas em parceria entre a Secretaria de Turismo e o AM Malls. “Recentemente conquistamos o Congresso Brasileiro de Cefaleia, em São Paulo, e estamos buscando o Congresso Brasileiro de Agronomia, no Maranhão. Essa integração entre governo e iniciativa privada transmite segurança aos organizadores”, explica.
Hugo também destaca o impacto econômico direto dessas conquistas. “O congresso que captamos em Vitória vai trazer 5 mil pessoas para Sergipe durante quatro dias. São cerca de 20 mil diárias de hotel, 20 mil refeições e toda a movimentação de transporte, turismo e serviços. E muitos participantes trazem a família, ampliando ainda mais o consumo”, relata.
Ritmo intenso
A diretora do Centro de Convenções AM Malls, Rafaella Mamede, assegura que a captação de eventos segue em ritmo intenso. “A previsão é que até o fim do ano a gente chegue a 285 ou 290 eventos, entre os já confirmados e os que estão em tratativas. Hoje já temos eventos captados até 2027 e em prospecção até 2029, com Sergipe vencedor em processos de candidatura de grandes congressos nacionais que serão realizados aqui no Centro de Convenções”, explica.
Desde sua entrega, após ampla reforma e concessão à iniciativa privada por meio de uma parceria público-privada (PPP) com a AM Malls, o Centro de Convenções se tornou peça-chave da retomada da economia de eventos no estado. O novo pavilhão superior, inaugurado em agosto de 2023, ampliou ainda mais a capacidade e consolidou o espaço como o maior e mais moderno equipamento do tipo em Sergipe.
Com capacidade total para quase 10 mil pessoas, o Centro de Convenções AM Malls possui pavilhão térreo para até 6.500 pessoas em pé ou 4.500 sentadas e pavilhão superior com 1.810 lugares, além de diversos auditórios e salas menores — como Atalaia (350), Abaís (220), Terra Caída (165), Pirambu (150), Caueira (84) e Aruana (64).
Valorizar empresas locais
Com quase três décadas de atuação no setor, o empresário Alexandre Porto observa que o mercado sergipano começa a recuperar o dinamismo que já teve. “Eu já dirigi o Convention Bureau e fui presidente da instituição. Entre 2000 e 2010, captamos diversos congressos e eventos para Aracaju. Nesse período, minha empresa, a Êxito, chegou a organizar 18 congressos em um único ano”, recorda.
Ele lembra que também prestou assessoria na fase de estruturação comercial do AM Malls, antes de investir em seu próprio empreendimento, o Porto Farol, inaugurado há um ano e com capacidade para 800 pessoas. “Com o Porto Farol, passamos a oferecer uma estrutura completa, desde a organização até o local do evento. Isso amplia as opções para congressos e encontros de médio porte”, explica.
Alexandre defende que a retomada do setor depende da valorização das empresas locais. “Se um congresso traz empresas de fora para prestar serviço aqui, há dois problemas: ou não há qualificação local — o que não é verdade —, ou não há valorização das empresas sergipanas. Isso precisa mudar”, enfatiza.
Ele também reforça a importância de planejamento antecipado e equilíbrio entre eventos grandes e médios. “Hoje, os espaços de eventos da cidade, exceto o Centro de Convenções, têm capacidade entre 500 e 800 pessoas — como o Delmar, o Vidam e o Porto Farol. Esses eventos enfrentam menos concorrência e são maioria no mercado”, explica.
Sobre desafios estruturais, Porto aponta a necessidade de aprimorar a malha aérea. “Já melhorou, mas ainda precisa evoluir. Temos que planejar eventos em períodos de baixa temporada, para fortalecer a ocupação hoteleira e o turismo. A aviação regional é fundamental para isso”, avalia.
Com a reabertura do Centro de Convenções AM Malls e o fortalecimento da parceria público-privada, Sergipe retoma sua posição no mapa nacional de eventos. A união entre poder público, empresários e o trade turístico começa a gerar resultados concretos, movimentando a economia e projetando o estado para os próximos anos.
“O setor está engatinhando, mas com bases firmes. O governo tem feito um excelente trabalho no desenvolvimento do turismo, e os frutos já começam a aparecer”, conclui Hugo Julião, da Secretaria de Turismo.
