Por Cleomir Santos, Consultor de Marketing Digital (*)
Nos últimos dias, um vídeo do influenciador Felca viralizou ao expor perfis que exploram a imagem de crianças e adolescentes de forma sexualizada. O criador chamou o fenômeno de “adultização”, e seu conteúdo acendeu um alerta sobre um problema que, apesar de não ser novo, está cada vez mais presente e invisível para muitos usuários.
A repercussão foi imediata: milhares de comentários, compartilhamentos e discussões nas redes sociais sobre até onde vai a liberdade de expressão e onde começa a exploração infantil no ambiente digital. Mais do que uma denúncia, o caso abriu um debate urgente sobre ética, segurança e responsabilidade, especialmente para profissionais e marcas que atuam no marketing e na comunicação online.
O que é “adultização”
O termo “adultização” descreve o processo de incentivar ou expor crianças e adolescentes a comportamentos, estéticas e conteúdos típicos do universo adulto. Isso pode acontecer de maneira intencional ou não, mas seus efeitos são profundos.
Alguns exemplos comuns:
- Roupas e poses sexualizadas;
- Participação em trends e desafios com conotação adulta;
- Uso de linguagem, expressões e temas que não fazem parte do universo infantil.
Em muitos casos, a “adultização” é justificada como “fofura” ou “humor”, mas o impacto psicológico e social vai muito além da aparência.
Por que isso é perigoso?!
A “adultização” traz uma série de riscos que vão do campo psicológico à segurança física:
- Segurança: crianças expostas de forma sexualizada tornam-se alvos de predadores online.
- Impacto psicológico: a perda prematura de referências próprias da infância pode afetar autoestima, identidade e desenvolvimento emocional.
- Normalização cultural: quando a sexualização precoce se torna conteúdo recorrente, ela é absorvida como algo “normal” pelas novas gerações.
Não se trata apenas de “gosto pessoal” ou “forma de criar filhos”, é uma questão que envolve proteção e direitos da criança, garantidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
O papel do marketing e das redes sociais
O fenômeno da “adultização” não acontece de forma isolada. Ele é amplificado por algoritmos que recompensam o conteúdo com mais engajamento, sem diferenciar se ele é ou não saudável para o público.
No marketing digital, esse risco aumenta quando:
- Marcas usam menores em campanhas sem seguir os limites legais e éticos;
- Criadores não têm consciência ou ignoram o impacto da exposição infantil;
- Agências e patrocinadores priorizam alcance e viralização em vez de responsabilidade.
No Brasil, a publicidade infantil é regulada pelo Conar e pelo ECA, mas no ambiente digital essas regras muitas vezes são negligenciadas ou adaptadas de forma superficial.
Como combater a “adultização”
Profissionais, pais e marcas podem adotar práticas que ajudam a proteger crianças no ambiente digital:
- Privacidade: manter perfis de menores restritos ou supervisionados, evitando a exposição pública desnecessária.
- Filtro de conteúdo: revisar fotos e vídeos antes de postar, eliminando qualquer conotação sexual, mesmo que não intencional.
- Educação digital: ensinar crianças e adolescentes a reconhecer e evitar interações perigosas.
- Responsabilidade das marcas: recusar parcerias com criadores que promovam conteúdo de adultização.
- Denúncia ativa: reportar perfis e publicações que violem o ECA ou explorem menores.
Reflexão final
O caso Felca mostrou que a “adultização” é mais comum do que imaginamos, e que muitas vezes passa despercebida sob a forma de entretenimento. No entanto, cada curtida, compartilhamento ou campanha que alimenta esse tipo de conteúdo ajuda a mantê-lo vivo.
Como consumidores, criadores e profissionais de marketing, precisamos fazer uma escolha consciente: construir um ambiente digital seguro para as próximas gerações ou continuar empurrando-as para uma maturidade precoce e perigosa.
E você? Já percebeu casos de adultização nas redes? Compartilhe sua opinião nos comentários e vamos continuar essa conversa.
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