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“Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo”

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Luiz Thadeu (*) em Hollywood, no Teatro Kodac

Todo começo de ano é um período bastante corrido para os cinéfilos do mundo todo, por conta da temporada de premiações. A indústria cinematográfica mundial tira o primeiro trimestre para fazer balanço da bilheteria e reconhecer os sucessos do ano anterior com prêmios de sindicatos e organizações. Mas quem fecha a temporada com chave de ouro é, sem dúvidas, o Oscar.

Entregue pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, a premiação é a maior noite do cinema, em que astros e produtores se reúnem em Hollywood, em Los Angeles, para comemorar os filmes que brilharam, e premiar os nomes que se destacaram.

O Oscar 2023 chegou à sua 95ª edição na noite do último domingo, 12 de março.

O filme “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo” dominou a noite vencendo sete das 11 indicações que recebeu, incluindo a de melhor filme, como já vinha sendo previsto por críticos e sites especializados. O filme só perde para “Quem quer ser um milionário”, que em 2008 levou oito estatuetas.

Além dos diretores, Michelle Yeoh levou o prêmio de melhor atriz pelo filme. Ao receber a estatueta, Michelle, 60 anos, fez um discurso contra o etarismo: “Mulheres, não deixem ninguém dizer que você já passaram da idade. Nunca desistam”. Já o de ator foi para Brendan Fraser, por “A Baleia”, que concorria com Austin Butler, por “Elvis”.

A premiação começou com bom humor, num discurso recheado de muitas piadinhas feito por Jimmy Kimmel, comum nas apresentações do Oscar.

Kimmel fez graça até com o tapa de Will Smith em Chris Rock no momento mais intempestivo do Oscar dos últimos anos. Por causa do tapa, Will Smith foi proibido de participar da cerimônia do Oscar por dez anos.

O primeiro prêmio foi para “Pinóquio por Guillermo Del Toro” na categoria de animação. A figurinista Ruth Carter se tornou a primeira mulher negra a vencer duas estatuetas do Oscar. Ela havia levado pelo figurino de “Pantera Negra”, em 2019, e venceu agora pelo trabalho na sequência do filme, “Wakanda Forever”.

As performances musicais foram o ponto alto neste Oscar. De cara limpa, vestida toda de preto, com camiseta básica e calça jeans — foi assim que a ex-extravagante Lady Gaga cantou “Hold My Hand”, de “Top Gun: Maverick”. Fez uma performance tímida, no começo, mas logo soltou o gogó. Rihanna também soou impetuosa cantando “Lift Me Up”, do novo “Pantera Negra”.

Mas foi a vibrante “Naatu Naatu”, do indiano “RRR: Revolta, Rebelião, Revolução”, que merecidamente levou o prêmio de canção original.

A Índia foi premiada também com a produção “Como Cuidar de um Bebê Elefante”, eleito melhor documentário em curta-metragem.

A estatueta de documentário em longa-metragem, por sua vez, foi entregue a “Navalny”, produção sobre o advogado Alexei Navalni, um inimigo político de Vladimir Putin. Preso na Rússia, Navalni não foi à cerimônia.

O Brasil mais uma vez passa longe das premiações; nosso cinema é incipiente diante da grandiloquência das produções estrangeiras. Embora tenhamos bons roteiristas e excelentes atores e atrizes, nossa arte cinematográfica fica aquém do desejado.

O que nos fez chegar mais perto da estatueta foi com:

O Pagador de Promessas (1962). Primeiro filme brasileiro no Oscar, O Pagador de Promessas é até hoje o único filme brasileiro a conquistar a Palma de Ouro, prêmio máximo do Festival de Cannes, na França.

O Beijo da Mulher Aranha (1985). Dirigido por Héctor Babenco (1946-2010). Por ser uma produção Brasil-Estados Unidos, o longa pôde concorrer a melhor filme, diretor, roteiro adaptado e ator. O ator americano Willian Hurt levou a estatueta de melhor coadjuvante.

O quatrilho (1996). Filme estrelado por Glória Pires, Patrícia Pillar e Bruno Campos, e direção de Fábio Barreto, O Quatrilho mostra uma comunidade rural de imigrantes italianos no Rio Grande do Sul, na qual dois casais dividem a mesma casa.

Central do Brasil (1999), além de receber uma nomeação ao Oscar, na categoria de melhor filme estrangeiro, a produção concorreu ao Independent Spirit Award e ao César. Ainda venceu o Bafta, o Globo de Ouro, o National Board of Review e o Satellite Awards – todos na mesma categoria. Além disso, Central do Brasil deu a Fernanda Montenegro uma indicação na categoria de melhor atriz. Quem acabou levando foi Gwyneth Paltrow, por Shakespeare Apaixonado (1999). Já entre os longas, a vitória ficou com o italiano A Vida É Bela (1997), de Roberto Benigni – também premiado como melhor ator.

O filme de animação “Rio”, dirigido por Carlos Santana, foi indicado ao Oscar 2012 na categoria de “Melhor canção original”, mas não ganhou.

A última vez que o Brasil deu as caras no Oscar foi com o documentário “Democracia em Vertigem”, em 2019, da diretora Petra Costa.

Enquanto a música brasileira é respeitada no mundo todo, nossa arte cinematográfica deixa a desejar.

 

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(*) Engenheiro agrônomo, palestrante, cronista e viajante. Autor do livro “Das muletas fiz asas”, o latino americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes.

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Luiz Thadeu Nunes

Eng. Agrônomo, palestrante, cronista e viajante: o latino-americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes da Terra. Membro do IHGM, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; ABLAC, Academia Barreirinhense de Letras, Artes e Ciências. Autor do livro “Das muletas fiz asas”. E-mail: luiz.thadeu@uol.com.br

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