Economia Herética

Valorização do Salário-Mínimo e combate ao Desemprego: Nossas prioridades!

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Por Emerson Sousa (*)

 

De modo muito costumeiro, sempre que falamos em Economia nos vêm à cabeça indicadores tais como o Ibovespa e o Dólar, também nos é muito recorrente à memória o desenrolar da Inflação.

Mas muito raramente o nosso primeiro pensamento se volta para o valor e o poder de compra do Salário-Mínimo ou agruras causadas pelo Desemprego.

Isso acontece porque nós somos doutrinados diuturnamente a interpretar a realidade sob o ponto de vista dos ricos.

E Salário-Mínimo e Desemprego não são temas que, verdadeiramente, interessam aos ricos.

Para ser mais preciso, esses dois assuntos só entram na pauta dos Ricos quando afetam a lucratividade de seus negócios.

Afora isso, eles não estão nem aí para esses tópicos.

Salário-Mínimo e Desemprego devem, então, ser os principais motivos de nossas preocupações em termos de política econômica, para todos nós que somos pobres.

O Salário-Mínimo e o seu poder de compra devem ser paranoicamente acompanhados por nós, porque ele é mais do que uma simples medida remuneratória.

Ele é, basicamente, a medida daquilo que nós, enquanto sociedade, consideramos que vem a ser “o viver de uma forma minimamente digna”. 

Ou seja, mais do que um simples provento, o Salário-Mínimo é uma medida de quanto nós somos civilizados.

É com base nele que nós vamos estabelecer como as pessoas vão poder garantir a sua felicidade.

Por mais contraintuitivo que te pareça ser, o Salário-Mínimo mais é um parâmetro político do que um custo econômico.

Já o Desemprego é um parâmetro do nível de vulnerabilidade às quais as pessoas estão expostas.

Quanto maior o Desemprego, mais desprotegidas estão as pessoas das adversidades do cotidiano no sistema capitalista.

Quanto maior o Desemprego, menos poder político nós temos para negociar nossa remuneração e nossas condições de trabalho.

Desemprego não é um problema individual das pessoas, que, para a sua solução, dependeria apenas do esforço e da capacitação individuais.

Ele é um problema social e coletivo.

Na sua ocorrência, a sociedade simplesmente está sinalizando que existe um grande conjunto de pessoas que são tomadas por desnecessárias para o circuito produtivo e, quem estiver fora dessa dança que dê um jeito de tomar o lugar de outro.

Claramente isso não é conduta de um povo civilizado.

Dessa forma, nós que somos pobres, deveríamos ter como variáveis econômicas principais o Salário-Mínimo e o Desemprego.

Deveria ser a partir desses dois que nós deveríamos estabelecer as nossas preferências e posições políticas.

E a regra é clara: quem não defende e não se compromete com o aumento do poder de compra do Salário-Mínimo e com a redução do Desemprego não está do nosso lado.

Enquanto classe social, precisamos definir claramente aquilo que não abrimos mãos.

Até porque os ricos deixam isso bem claro.

Não é por acaso que, nos primeiros desequilíbrios da economia, eles não se furtam em propor a redução do poder de compra dos salários bem como medidas econômicas que diminuem a oferta de emprego.

Lembra aquela conversa mole da tal da “Austeridade”?

É bem por aí!

É por isso que os Ricos adoram uma recessão, uma crise, uma depressão.

Nesses contextos, fica mais fácil para eles.

Logo, não perca tempo com indicadores que afetam menos a tua vida quanto esses dois.

Sim, e mesmo que você esteja numa boa colocação no Mercado de Trabalho e que receba mais do que o Salário-Mínimo, essas duas variáveis macroeconômicas devem fazer parte do teu interesse porque elas afetam diretamente os nossos níveis de desenvolvimento social.

Sempre que essas duas métricas entram em crise é porque a nossa economia não vai bem e, nesse momento, a tua segurança e o teu conforto passam a ficar seriamente comprometidos.

Aprenda uma coisa que ficou bem clara durante a Pandemia de Covid-19: só os Ricos se dão bem com a deterioração do Salário-Mínimo e do Mercado de Trabalho.

E nós não somos ricos, nem de longe!

Então, passe a devotar um pouco do teu tempo a essas duas grandezas econômicas e passe a identificar quem são os grupos sociais que se beneficiam da melhora de ambos e, claro, de suas pioras também.

De posse da natureza e da trajetória dessa dupla, você vai poder avaliar o desempenho das demais medidas econômicas sob a perspectiva do 99% mais pobre e não do 1% mais rico.

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Emerson Sousa

Doutor em Administração pelo NPGA/UFBA e mestre em Economia pelo NUPEC/UFS

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