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Uma chuva de dinheiro

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David de Andrade Rocha (*)

O Conselho de Políticas Monetárias (Copom) votou pela redução da taxa Selic em 0,75% ao ano fazendo com que ela chegasse ao seu menor patamar histórico de 3% ao ano. Há duas semanas falei sobre as implicações dessa redução, no seguinte texto O dilema da Selic.

Outro dado muito importante nessa semana foi que a inflação teve uma retração de 0,36% no mês de abril, algo muito raro de se ver no pais. Claro que isso se deve a toda a crise da covid-19, que podemos observar desse cenário que se forma.

O ministro Paulo Guedes já citou que pode haver a necessidade de uma chuva de dinheiro no Brasil, o que foi uma metáfora para a chamada prática de imprimir dinheiro. Sendo assim, uma medida para lidar com essa crise e tentar minimizar uma possível depressão econômica que possa vir a surgir em conjunto com essa crise pandêmica.

O problema aqui é que uma impressão de dinheiro pode maquiar o real problema, jogando a conta para o futuro e também desvalorizar mais ainda o Real como moeda e isso não seria apenas de forma especulativa. Seria infelizmente de forma estrutural, se isso acontecer em um cenário em que o Banco Central já teve que queimar muito das reservas internacionais, nos veremos em maus lençóis.

Novamente nos vemos diante de um dilema capaz de tirar o sono de muitos. Se não tiver estímulos econômicos é provável que a economia pare, mesmo com a Selic a 3%, e isso iria ser terrível em relação ao número de desempregos gerados com a quebra de diversas empresas, afetando logicamente o psicológico das pessoas e não sabemos quais os efeitos que pessoas desesperadas podem ter em um Brasil fragilizado.

Mas também existe um problema em causar “uma chuva de dinheiro” mesmo que no início salvasse a economia e algumas empresas, mantendo-se assim os empregos. Estaríamos criando apenas um cenário ilusório de bonança financeira, e como sabemos que a tempestade segue essa condição de bons ventos, estaríamos possivelmente diante de uma tempestade perfeita.

Jogando a conta para o futuro, sem saber se esse futuro estaria melhor do que estamos hoje para enfrentar essas crises. Como disse, um dilema sério. Enfrentar agora ou depois não traz alívio nenhum aos nossos receios, só sabemos que uma hora teremos que enfrentar esse terrível cenário.

Não sabemos quando nem como se apresentarão as consequências do que está acontecendo agora e na verdade isso está fora do nosso controle, mas existe algo que podemos controlar, que é a  nossa própria situação para enfrentar esses desafios. Como?

Nos educando financeiramente e trabalhando nosso psicológico para lidar com o dinheiro. Se vai vir tempos de bonança, aprendamos a fazer desse dinheiro uma fortaleza para os perigos futuros e não é no dinheiro que temos que focar para fazer isso, é em nós mesmos, pois se soubermos manter e investir esse dinheiro para multiplicar de maneira segura sem que seja afetado em demasia pelos efeitos que virão, estaremos melhores preparados quando essa bomba estourar.

Por isso faço essa exortação, para que nós fortaleçamos como sociedade que lida com os assuntos financeiros, estudemos nossas finanças e as melhores formas de fazer investimentos para nos proteger e até lucrar com esse Cisne Negro* que se aproxima.

Sem mais para o momento,

Um abraço e bons investimentos.

P.S: O termo Cisne Negro é utilizado para se referir a momentos de incerteza econômica, pois conta a lenda que durante milênios o ser humano acreditou que só existiam Cisnes Brancos, até que foi encontrado o primeiro Cisne Negro e isso mexeu com a sociedade cientifica da época. Desde então é usado para se referir a momentos que quebram nossas crenças econômicas ou que eram completamente inesperados, aqueles que conseguem antever um acontecimento desses muitas vezes lucra muito e ou se protege das flutuações do mercado.

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David Rocha

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