Por Germano Viana Xavier (*)
Todas as coisas sem nome (2014) é o terceiro livro escrito por Whalter Moreira Santos que leio nesta vida. Antes dele, tive o prazer de ler Dentro da chuva amarela (2006) e O metal de que somos feitos (2013) – se procurar bem, você encontrará minhas impressões sobre esses dois últimos aqui na internet também. O Whalter é um sujeito singular, muito ativo em várias esferas das artes. Coincidentemente, este seu Todas as coisas sem nome, que ganhei do próprio autor, foi o vencedor do IV Prêmio Pernambuco de Literatura 2016, justamente no ano em que o meu Sombras adentro (ainda não publicado) ficou entre os 14 finalistas dentre cerca de 250 obras inscritas.
Em Todas as coisas sem nome, alguns contos trazem as aparências do fantástico bem às vistas, às claras. Sua prosa (poética – por que não dizer assim?) intensifica o significado das analogias usadas e amplifica o discurso das personagens. Com naturalidade, as tramas evoluem sob nossos olhares, atentos. Um ou outro conto menos interessante ou menos acabado não trazem prejuízo algum para o geral do compêndio. Na arte da ficção, sem dúvidas o escritor da cidade pernambucana de Vitória de Santo Antão é já um mestre bem estabelecido, e não ao léu são todos os seus títulos premiados e/ou laureados.
Por fim, um tira-gosto já bem conhecido da obra que circula por aí, pelos quatro cantos do ciberespaço: “Um filho trata dos espólios do pai pedófilo; outro descobre motivos para manter a fábrica de balas de prata do pai; um menino abusado pelo tio evangélico consegue vingança inesperada; a morte de um escritor muda a rotina de uma ilha. Esses são alguns dos enredos dos contos que compõem o livro, flertando com o fantástico e a prosa poética, com uma linguagem precisa e técnica apurada. Eu e minhas tantas palavras – quando Deus é silêncio. Eu e meus tantos escritos-vaidades. Vivendo em um mundo onde pão, poesia e Verbo são uma só coisa. Enquanto o Mundo-Realidade é feito de Concreto, Fábrica de mentiras, Golpes de Estado, Rios Envenenados, Florestas Incendiadas, Estupros Coletivos, Crianças Explodindo com vinte quilos de PETN amarrados no corpo”.
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