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Primo rico e os irmãos pobres: as falácias dos Coachs de Finanças

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Por Gabriel Barros (*)

 

Gerou uma polêmica necessária quando o coach de finanças – pra variar-  chamado Thiago Nigro, conhecido como “O Primo Rico”, defendeu uma jornada exaustiva de trabalho dizendo que “não tem pobreza que resista a 14 horas de trabalho”, e a referenciou ao Geraldo Rufino.

A referência aqui é o menos importante, pois que o fator decisivo é o que ele defende: que as pessoas trabalhem exaustivamente com a ilusão de que ficarão ricas. É de uma maldade que chega a ser perverso, haja vista que, diante do desespero causado pelas sociedades capitalistas que geram desemprego, precarização do trabalho, jornadas sem limites, miséria e fome, as pessoas se veem inclinadas a acreditar em algo que lhes dê esperança. Acontece que, o que ele sustenta é o aprofundamento de todas essas mazelas.

Um levantamento da International Stress Management Association (Isma) mostra que o Brasil é o segundo país com mais casos de burnout. Para quem não sabe, segundo o Ministério da saúde, a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade.  A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho.

Os principais sinais e sintomas que podem indicar a Síndrome de Burnout são: Cansaço excessivo, físico e mental; dor de cabeça frequente; alterações no apetite; insônia; dificuldades de concentração; sentimentos de fracasso e insegurança; negatividade constante; sentimentos de derrota e desesperança; sentimentos de incompetência; alterações repentinas de humor; isolamento; fadiga; pressão alta; dores musculares; problemas gastrointestinais; alteração nos batimentos cardíacos.

Como é de se observar, a situação é grave e envolve muitos problemas de saúde. No entanto, parece que para o dito Coach, ainda é pouco. Na verdade, deveríamos ter a palavra de ordem pela redução da jornada de trabalho, que é uma reivindicação direcionada ao mesmo tempo para o combate ao desemprego e para a melhora das condições de vida daqueles já empregados.

É fator urgente combater esse discurso dos Coachs que visam piorar cada vez mais os problemas já existentes, quando poderíamos nos mobilizar por algo melhor para todos. Esse tipo de vulgata ideológica atomiza cada vez mais os indivíduos, e só beneficia àqueles que ganham financeiramente com isso. Parece que o primo quer ficar cada vez mais rico, mas para que isso aconteça, os irmãos devem ficar cada vez mais pobres.

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Gabriel Barros

(*) Advogado e graduado em Direito Público

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