“Entre o tempo e a eternidade — um homem contempla o mistério da vida, guardando no silêncio o legado que o amor deixou” Imagem gerada a partir da IA
Por Juliano César Souto (*)
O Dia de Finados, celebrado hoje, nos convida a recordar os que partiram e revisitar o que permanece — reconhecer que a vida é breve, mas o amor é eterno. Assim como uma cápsula do tempo guarda a memória de uma geração, nossas ações diárias registram — em silêncio — o testemunho do que acreditamos.
O que o tempo apaga, o espírito conserva. E é esse espírito — traduzido em amor, serviço e coerência — que constitui o verdadeiro legado de uma vida.
Inicio assim, essa reflexão fazendo correlação com a proposta da FDC , no início da minha jornada desafiadora de aos 62 anos iniciar um curso de pós-graduação on line sobre IA Aplicada à Gestão Empresarial.
É, de fato, um exercício profundo: a Cápsula do Tempo.
Cinco perguntas que nos convidam a olhar além dos títulos e conquistas:
1. Quem sou eu além dos cargos e dos papéis?
2. O que em mim permanece inalterado quando tudo muda?
3. O que dá sentido à minha trajetória?
4. Que legado quero deixar?
5. O que realmente importa, se o tempo fosse breve?
Essas perguntas não são apenas exercícios acadêmicos — são chaves espirituais. Elas nos lembram que a liderança autêntica nasce do autoconhecimento, da consciência de que a vida e o tempo são dons, e que somos administradores da própria existência.
Para lastrear essa reflexão trago dois exemplos reais:
Quando penso em legado, impossível não lembrar de meu pai, Raymundo Juliano Souto dos Santos (1932–2020). Naquela madrugada em que ele partiu, estava lendo Guerra e Paz, de Tolstói, e encontrei a passagem em que o príncipe Andrei compreende que “a morte é um despertar”. A cena, descrita pelo autor russo, tornou-se símbolo de sua própria despedida: um homem de fé, trabalho e amor que apenas acordava para outra vida.
Se há algo que pode nos consolar é a certeza da eternidade — a mesma que sentimos nas lembranças e nas lições deixadas por grandes homens como ele. Durante “88 anos negociando e fazendo amigos”, como gostava de dizer, meu pai ensinou que viver bem é servir, empreender com propósito e cultivar amizades sinceras. Homens assim jamais nos deixam: apenas voltam, como escreveu Tolstói, “à fonte universal e eterna, de onde veio o amor que os animava”.
Seu exemplo é uma cápsula de tempo viva — não enterrada no passado, mas presente nas atitudes de cada filho, neto, colaborador e amigo que segue seu modo de viver: com fé, coragem, alegria e integridade.
Poucos sabem, mas o livro que Steve Jobs relia todos os anos não falava de tecnologia nem de negócios. Chamava-se Autobiografia de um Iogue, de Paramahansa Yogananda. Foi sua leitura espiritual de cabeceira — um farol de serenidade que guiou um dos maiores gênios do nosso tempo.
De Yogananda, Jobs aprendeu princípios que o tornaram um líder incontestável:
– Simplicidade e desapego, que inspiraram o design essencial do iPhone e do Mac.
– Meditação e clareza mental, que o ajudavam a decidir com foco e serenidade.
– Tecnologia como expressão de humanidade, e não de vaidade.
– Consciência da finitude, que o levava a viver com urgência de sentido.
Se um gênio como Steve Jobs nutria sua mente com meditação e sua visão com um livro espiritual, nós, empresários brasileiros, também podemos — e devemos — unir fé vivida, virtudes estóicas e técnica de gestão.
A empresa perene nasce quando o lucro deixa de ser fim e se torna fruto de uma liderança que ouve, conhece, serve e apascenta.
“Liderar é amar com responsabilidade.
Gestão é serviço.
Espiritualidade é a fonte.”
No Evangelho de hoje (Lucas 12,35-40): “Vós também, ficai preparados”, Jesus nos convida à vigilância interior e à prontidão espiritual.
A imagem dos servos que esperam o senhor voltar da festa simboliza a atitude de quem vive desperto — com fé ativa, consciência clara e coração disponível.
Estar com “os rins cingidos e as lâmpadas acesas” é estar pronto para agir, servir e acolher o chamado de Deus, mesmo quando ele chega em horas inesperadas.
A promessa de que o próprio Senhor “passará e servirá” aos que estiverem acordados revela o núcleo do Evangelho: quem serve com fidelidade e amor será servido por Deus em retribuição.
É o ensinamento do Cristo-Servo — aquele que lidera cuidando e retribui com generosidade os que permanecem fiéis mesmo no silêncio da madrugada.
No cotidiano, essa vigilância não se refere apenas ao fim dos tempos, mas ao modo como vivemos o presente.
Ficar preparado é manter o coração desperto:
Cumprir com zelo o dever de cada dia;
Praticar o bem mesmo quando ninguém vê;
Cultivar serenidade e fé diante das incertezas;
Evitar a distração espiritual provocada pelo excesso de rotina, pressa ou indiferença.
Ser vigilante é viver com propósito — cuidar da família, do trabalho e das pessoas como quem administra algo sagrado.
É manter a lâmpada acesa da fé, da esperança e do amor, mesmo nas horas escuras.
A vigilância é um chamado à coerência: não se trata de temer a chegada do Senhor, mas de esperá-lo com alegria e consciência tranquila, como quem sabe que cada dia pode ser o último, e que cada gesto é uma oportunidade de servir.
A “Cápsula do Tempo” que cada um carrega dentro de si não é feita de metal, mas de memórias, valores e exemplos. É nela que se grava o que realmente somos — e o que permanecerá quando tudo o mais mudar.
Que este Dia de Finados nos inspire a viver com propósito, e nos ajude a alinhar mente, método e espírito, para que o tempo que temos produza frutos que o tempo não destrói.
“Felizes os servos que o Senhor encontrar despertos.” (Lucas 12,37)
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