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A inflação oficial no Brasil: o IPCA/IBGE

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Economia Herética/ Emerson Sousa

No Brasil, a inflação oficial é medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), cujo período de coleta se dá entre o dia 1° e o último dia do mês. É a partir dele que o governo federal calibra a meta de inflação e a política de juros.

Cobrindo nove grupos de despesas – alimentação e bebidas; artigos de residência; comunicação; despesas pessoais; educação; habitação; saúde e cuidados pessoais; transportes e vestuário – ele mensura os preços efetivamente cobrados ao consumidor em compras à vista.

Em janeiro de 2021, os itens de maiores pesos em sua formação são alimentação e saúde, participação de 21,1%, transportes, com 19,9% de contribuição, e habitação, 15,7% de valor ponderado.

A população-objetivo do IPCA abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, em dezesseis localidade distintas: Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Distrito Federal, Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.

Tendo a sua primeira referência de divulgação em janeiro de 1980, dessa data até o final de janeiro de 2021 ele registrou uma inflação de exatos 73.198.810.796.175,822160 %.

Sim, é isso mesmo o que você leu!

Isso significa que se o salário mínimo daquela data – que estava fixado em Cr$ 2.932,80 (dois mil, novecentos e trinta e dois cruzeiros e oitenta centavos) – fosse apenas reajustado pelo IPCA, ele estaria valendo R$ 780,65 (setecentos e oitenta reais e sessenta e cinco centavos) nos dias de hoje.

De igual modo, desde o lançamento do Plano Real, em julho de 1994, até o final de janeiro de 2021, a inflação captada pelo IPCA foi da ordem de 550,25803%.

Assim, o salário mínimo daquela época – definido em R$ 64,79 mensais – equivale a atuais R$ 421,30 por mês.

Por sinal, a comparação entre esses dois valores presentes do salário mínimo dimensiona o quanto o poder de compra do trabalhador brasileiro se depreciou entre 1980 e 1994 e, também, o quanto ele cresceu nos últimos 27 anos.

No âmbito dos mandatos presidenciais desde o Plano Real, o IPCA variou a uma média de 0,73% ao mês durante os dois mandatos do presidente  Fernando Henrique Cardoso.

Com o presidente Lula, essa média foi de 0,47% ao mês, ao passo que nos 64 meses da presidenta Dilma Rousseff à frente do governo, esse mesmo fator ficou em 0,58% mensais.

Já durante o consulado Temer, o IPCA variou a uma taxa de 030% mensalmente e no mandato do Sr. Bolsonaro está em torno de 0,36% ao mês, sendo que, nos doze meses de 2020, essa média ficou em 0,37% a.m.

Por sinal, desde 2017, o IPCA de 2020 foi o maior do período.

Analisando-se os seus grupos de despesas constituintes de modo desagregado, desde agosto de 1999, quando esses passaram a ser divulgados simultaneamente, é visto que esses possuem comportamentos diferentes.

Num contexto em que o IPCA total variou 267%, alimentação e bebidas, com 382% de aumento, despesas pessoais, variação de 315%, e educação, com aumento de 307%, foram os componentes que mais cresceram nesse interregno.

Por outro lado, artigos de residência (106%), comunicação (127%) e vestuário (195%) foram os que menos aumentaram nesses quase 22 anos.

Enfim, esses números mostram qual a conduta apresentada pela inflação oficial desde os estertores do século XX.

(*) Emerson Sousa é Mestre em Economia e Doutor em Administração

** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor.  Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe

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Emerson Sousa

Doutor em Administração pelo NPGA/UFBA e mestre em Economia pelo NUPEC/UFS

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