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Quando o trabalho começa em casa

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Petruska Menezes ( * )

Atividade comum para áreas como Ciências da Computação, alguns tipos de vendas ou pequenos negócios, a pandemia transformou o home office (ou trabalho em casa) numa nova rotina para muitos trabalhadores de outros segmentos. Algumas multinacionais já pensam em não retomar o trabalho presencial em 100% do tempo, e outras estão estudando a possibilidade de transformar o home office em seu principal modelo de trabalho para determinadas áreas da empresa.

Antigo sonho de consumo de diversas pessoas, a realidade está se apresentando de forma muito diferente. Quem achava que o home office daria mais tempo para os cuidados familiares e pessoais está frustrado. Esta modalidade de trabalho em casa pede produção e, como tal, não necessariamente está vinculada ao tempo. Com exceção do planejamento e cumprimento eficazes, os trabalhadores constatam que estão trabalhando mais do que antes.

Dentro das empresas, principalmente as maiores, existem a preocupação com a postura e o cuidado com os movimentos corporais, móveis adequados e estrutura adaptada de forma ergométrica e ergonômica para não causar lesões físicas ou mentais – o que provavelmente não acontece em casa. Nem todos os trabalhadores compreendem que a cadeira precisa estar com determinada altura em relação à mesa, os pés apoiados em uma banqueta, o computador na altura do campo de visão e a repetição diária de posturas incorretas, no decorrer dos anos, pode desenvolver doenças ligadas ao trabalho.

Além disso, mas não menos importante, saber lidar e separar o tempo destinado ao trabalho é algo que se faz necessário de ser delimitado. Como o trabalhador em home office, na maioria das vezes, exceções aos que batem ponto virtualmente, faz seu próprio horário, precisará aprender a estabelecer quantas horas por dia deve trabalhar, mesmo que não atinja o resultado esperado para determinado dia.

Foto: Pixabay

Saber lidar com o tempo é o mais importante para este tipo de trabalho. Alguns especialistas em gestão do trabalho orientam que não se trabalhe de pijama, que se estabeleça horários fixos para iniciar e terminar o dia, entre outras regras. Particularmente, como profissional especializada em subjetividade humana, alerto ser importante que o trabalhador em home office encontre a melhor forma de se sentir confortável para o trabalho. Por exemplo, ele pode escolher trabalhar 10 horas na segunda-feira e 6 horas na sexta-feira, sentindo-se muito mais leve e com a semana muito mais produtiva e também relaxante, com a criação de seu próprio horário. Trabalhar com roupas confortáveis, desde que a pessoa não utilize videoconferência, também não me parece um problema se ficar claro para o trabalhador sua disponibilidade para a execução das tarefas.

A pandemia da COVID-19 desmistificou o trabalho no modo home office, demonstrando que não é um trabalho mais confortável nem melhor. É apenas outro modelo, com suas vantagens e desvantagens e, como tal, pedirá adaptações aos “novos” trabalhadores deste modelo. Respeitar os dias e horas de descanso é fundamental para a manutenção da saúde mental e o home office pedirá ao trabalhador uma inovação na sua forma de trabalhar, para não adoecer e garantir seu bem-estar.

(*) Profa. Esp. Petruska Passos Menezes é psicóloga e psicanalista, integrante do Círculo Psicanalítico de Sergipe, tem MBA em Gestão e Políticas Públicas pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), Gestão Estratégica de Pessoas (pela Fanese), Neuropsicologia (pela Unit) e em curso Gestão Empresarial pela FGV.

** Esse texto é de responsabilidade exclusiva da autora.  Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.

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Petruska Menezes

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