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Zé Fernandes, artista plástico sergipano, morre de covid-19

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O artista plástico José Fernandes faleceu na tarde deste domingo,12, vítima da Covid-19. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Cirurgia, em Aracaju, há quase dois meses e o quadro se agravou nos últimos dias chegando a ter uma parada cardíaca ontem. Zé, como era chamado carinhosamente pelos amigos, tinha diabetes o que pode ter agravado o caso.

O Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde, divulgado agora à noite, mostra que Sergipe tem 37.631 casos de covid-19 e 984 mortos. Aracaju tem 20.560 casos. Em Lagarto, terra de Zé Fernandes, são 939 casos de covid-19.

Obra de Zé Fernandes

Natural de Lagarto, José Fernandes tinha orgulho de dizer que pintou seu primeiro quadro aos nove anos de idade: Um mendigo cansado com o semblante triste. Contava que, satisfeito com o expressivo resultado, decidiu que seria artista. Em 1976, depois de trabalhar por um curto período na Agência Nacional de Notícias, como operador de telex, passou a viver das telas e dos pincéis. Nesse mesmo ano, participou de sua primeira exposição coletiva na Galeria de Arte Álvaro Santos, em Aracaju.

A iconografia de José Fernandes, formada por quadros, murais e painéis, conjuga o real com onírico. Possuidor de estilo próprio, não segue escolas ou regras estéticas. Sua arte dispensa assinatura, pois o seu traço marcante e a sua inconfundível pincelada o denunciam ao primeiro olhar do observador. Sua obra figurativa é fulcrada em temas regionais e norteada por corpos e rostos femininos; feiras e mercados; pescadores e outros personagens do cotidiano; cavalos, peixes, galos e, sobretudo, pombas, uma de suas marcas e que o deixou conhecido como o artista das pombas. Para ele, a ave era “o símbolo universal da paz, do amor, da harmonia e da fraternidade”.

Em 1977, participou da Escolar/97, promovida por Pincéis Tigre, em São Paulo/SP. Em 1978, teve brilhante participação no VII Festival de Arte de São Cristóvão. Depois, foi auxiliar de restauração do Museu de Arte Sacra, através da Universidade Federal de Sergipe. No início da década de 80 morou em Brasília. Em 1982, voltou para Aracaju, mas a sua inquietude aliada ao temperamento forte e à personalidade firme, não o permitiu fixar residência na capital sergipana. Rio de Janeiro, São Paulo, Goiânia, Recife e Salvador, entre outros rincões, foram endereços alternativos de suas moradas.

Grandes mestres

Florival Santos, J. Inácio, Jordão de Oliveira e, principalmente, Jenner Augusto são os artistas que mais influenciaram Zé Fernandes, mas ele sempre destacava como de sua preferência pessoal Picasso e o pintor goiano Siron Franco: “ O possuidor de imaginário e linguagem fantásticos”.

As obras de José Fernandes estão presentes em várias coleções particulares, entre elas a da presidente Dilma Rousseff, Caetano Veloso, Arlete Sales, Cauby Peixoto, Ângela Maria, Tom Cavalcanti, Giliard, Wando e Joana, bem como em museus, a exemplo do MAM, em São Paulo/SP e do MAB, em Brasília/DF. No exterior estão, entre outros países, na Alemanha, no Japão e nos Estados Unidos.

Em 1979, depois de haver realizado a sua primeira exposição individual, na Galeria de Arte Álvaro Santos, em Aracaju/SE, José Fernandes vem participando de inúmeras exposições em várias cidades brasileiras, como em Aracaju/SE, em Salvador/BA, em Brasília/DF; no Rio de Janeiro/RJ; em São Paulo/SP e, em Porto Alegre/RS, esta, em 1991, na Galeria Tina Zapolli, com outros 22 artistas do Brasil, da Argentina e do Uruguai, ocasião em que o jornal Zero Hora de Porto Alegre ressaltou que “A brasilidade, o lado onírico na pintura, aparece no trabalho do sergipano José Fernandes.”

Laureado artista, em 1978 recebeu a Medalha de Prata, no Salão Atalaia, em Aracaju/SE e o Prêmio Medalha de Bronze, no Salão Norcon de Artes Plásticas, com a pintura “Mocidade Perdida”, uma de suas prediletas. Em 1980, foi premiado com a Medalha de Bronze, pela participação no Salão Atalaia, em Aracaju/SE. Em 1981, fundou o Arte Belle, em Brasília/DF, participou do 70º. Salão da Fundação Cultural do Distrito Federal e do XX Salão de Artes Plásticas da Aeronáutica, no Centro de Convenções de Brasília/DF, no qual foi agraciado com o Prêmio de Aquisição, na categoria pintura a óleo.

Movimento das artes

Idealizou, em 1982, com Anselmo Rodrigues e Marinho Neto, o Movimento das Artes, que alavancou o mercado de arte de Sergipe, em Aracaju/SE. Em 1983, foi selecionado para representar Sergipe no Circuito Nordeste de Artes Plásticas. Em 1987, lançou álbum de xilogravuras. Em 1988, é homenageado pela Rede de Televisão Aperipê, de Aracaju/SE, com o documentário “Memória José Fernandes”’.

No exterior, em 1990, participou de exposição coletiva na Dodge House Gallery, em Rhode Island, Estados Unidos da América. Em 1991, venceu o concurso de cartazes das Universidades Brasileiras e fundou a Associação dos Artistas de Sergipe, de onde foi eleito Tesoureiro e depois Presidente. Em 1993, foi premiado no Salão Bradesco, em Aracaju/SE. Em 1995, foi nomeado diretor da Galeria de Arte Álvaro Santos.

Em 2000, idealizou e participou da coordenação do I Encontro Cultural e Esportivo do Conjunto Inácio Barbosa, no bairro Inácio Barbosa, em Aracaju/SE. Participou do catálogo “Rumos, Artes Plásticas Sergipe 2000”, patrocinado pelo Banco do Estado de Sergipe. Em 2011, participou do projeto Caju na Rua e, em 2003, idealizou o projeto Aracaju de Tototó.

Em 2013, foi tema do kit: “Traços de personalidade e cores de sergipanidade”, da Gráfica e Editora J. Andrade. Quatro de suas obras, em 2013, foram reproduzidas em 12.000 latinhas colecionáveis, como brinde da promoção do Dia das Mães do Shopping Jardins, em Aracaju.

Fonte: Destaque Notícias

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