Presidente Lula ainda não se pronunciou sobre as medidas contra o tarifaço de Trump Foto: Ricardo Stucker/PR
Até o momento, o governo Lula não apresentou oficialmente o plano de contingência para enfrentar o novo pacote de tarifas unilaterais anunciado pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump. Segundo interlocutores do Palácio do Planalto há possibilidade de as medidas serem divulgadas ainda nesta terça-feira, 12, mas a apresentação depende do avanço na revisão da medida provisória (MP) que embasa o pacote. A ideia é detalhar item por item do plano para responder às sobretaxas impostas por Washington.
Embora Sergipe não tenha sido diretamente atingido pela lista de produtos tarifados, os reflexos econômicos tendem a chegar ao estado, segundo avaliação dos economistas Josenito Oliveira e Márcio Rocha.
Josenito lembra que os principais produtos sergipanos exportados para os Estados Unidos — petróleo bruto e suco de laranja in natura — ficaram de fora da taxação. “Diretamente, a gente não vai sofrer esse impacto, mas indiretamente sim, assim como o Brasil como todo”, afirmou. Ele destaca que Sergipe hoje depende menos do mercado norte-americano do que no passado, tendo a China como principal parceiro comercial.
Para o economista, a escolha de Trump foi estratégica: poupou produtos cuja substituição seria difícil para os EUA, como a laranja e o petróleo brasileiros, mas aplicou tarifas a itens que podem ser obtidos de outros fornecedores, como café e carne bovina. “O tarifaço está inserido em um contexto maior: a guerra comercial entre Estados Unidos e China e o fortalecimento do BRICS, bloco do qual o Brasil faz parte. Com Lula, que se aproximou da China e da Rússia, as dificuldades aumentaram”, avaliou.
Josenito também relaciona a irritação de Trump ao Brasil à questão das chamadas big techs. “Essas empresas financiaram a campanha dele e estão sendo cobradas aqui no Brasil. O STF aprovou que elas sejam responsabilizadas caso os usuários façam publicações indevidas, e isso significa mais custo e trabalho. Como financiaram a campanha de Trump, não querem ser regulamentadas no Brasil, e o Supremo votou a favor dessa regulamentação. Esse é outro motivo para ele estar enfurecido com o Brasil”, explicou.
Ele lembra ainda que a medida recebeu críticas de nomes como Paul Krugman, Nobel de Economia, e ex-presidentes do Banco Central dos EUA, que apontam ausência de justificativa técnica ou econômica. “Nos últimos sete anos, os EUA tiveram superávit comercial com o Brasil. Quando um país adota postura protecionista, normalmente está em déficit. Aqui, não é o caso”, frisou.
Márcio Rocha, economista do Sistema Fecomércio, reforça que Sergipe ficou praticamente isento dos impactos diretos, já que 94% a 95% dos produtos exportados para os EUA estão fora da lista de tarifação. “Nossa balança comercial com os Estados Unidos é superavitária: exportamos US$ 51 milhões contra US$ 34 milhões em importações, saldo positivo de US$ 17 milhões”, afirmou.
Dados de julho deste ano, mostram que, de forma geral, as exportações sergipanas somaram US$ 20,9 milhões, queda de 60,1% em relação ao mesmo mês de 2024 e de 47,2% frente a junho. O suco de laranja congelado liderou a pauta, com US$ 15,4 milhões (73,3% do total), seguido por sucos de abacaxi (US$ 2,5 milhões) e limoneno (US$ 686,6 mil), que juntos representaram 88,7% das vendas externas. Os principais destinos foram Países Baixos (US$ 9,2 milhões), Estados Unidos (US$ 6,9 milhões) e Bélgica (US$ 2,8 milhões).
As importações alcançaram US$ 29 milhões, puxadas por partes de turbinas a gás (US$ 8,7 milhões), ureia (US$ 7,8 milhões) e máquinas com função própria (US$ 3 milhões). Os maiores fornecedores foram Estados Unidos (US$ 9,9 milhões), Nigéria (US$ 7,8 milhões) e China (US$ 6,6 milhões). A balança comercial fechou o mês com déficit de US$ 8,1 milhões.
Para Rocha, o impacto imediato pode recair sobre nichos específicos, como componentes elétricos produzidos por indústrias locais — por exemplo, resistências para chuveiros — mas tende a ser pequeno e possivelmente revertido em negociações futuras. “Isso é mais diplomacia do que efetividade econômica. No nosso caso, não estamos sendo tão afetados como poderíamos”, disse. O economista considera provável que Trump recue em parte das medidas, como já ocorreu em outros embates comerciais. “Não acredito que a sobretaxa passe de 10%”, previu.
Ele também destacou a postura do governador Fábio Mitidieri, que em Brasília defendeu que o Nordeste “não pode pagar a conta das disputas comerciais internacionais” e pediu proteção para setores estratégicos como frutas, pescado e sal. Para ele, a fala foi “inteligente e sensata”, sinalizando compromisso com o desenvolvimento regional e nacional.
Apesar de o impacto direto em Sergipe ser mínimo, ambos os economistas alertam para possíveis efeitos indiretos, como alta da inflação, valorização do dólar e alterações na balança comercial brasileira — fatores que inevitavelmente repercutem no estado. “Mesmo numa condição confortável, Sergipe pode ser abalado pelas consequências macroeconômicas dessas medidas”, concluiu Josenito.
O Governo de Sergipe, por meio da Gerência de Meteorologia e Mudanças Climáticas da…
Por Antônio Carlos Garcia (*) Ecossistema Local de Inovação (ELI) da Grande…
O Governo do Estado informa que, na próxima quinta-feira, 20, em virtude do feriado…
Por Diego da Costa (*) final de 2025 se aproxima, e com ele…
Antes marcada para o dia 21 de novembro, data foi alterada devido ao ponto…
A Prefeitura de Aracaju divulgou os itinerários e horários das linhas especiais que estarão…