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Nossa insanidade vai nos dizimar

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Por Luiz Thadeu Nunes e Silva (*)

 

Os homens brigam pela terra desde que mundo é mundo. Piorou nos tempos atuais. Além da guerra no norte da Europa, entre Rússia e Ucrânia, agora assistimos a um novo conflito. A carnificina no Oriente Médio invade as telas das TVs, computadores, smartphones 24 horas por dia. Assisto ao sangrento desenrolar do conflito, tomando o café da manhã, almoçando e jantando. Durmo e acordo com a tragédia.

Viciado em notícias, não tiro os olhos das telas. Ainda que tente, não consigo parar de ver fotos e vídeos dessa sandice. Não sei por que tenho feito isso, mesmo sentindo tanto desconforto. Talvez esteja tentando entender o que nunca poderá ser entendido. Talvez esteja tentando humanizar as notícias, conhecendo seus rostos e histórias. Ou talvez só esteja tentando aliviar a angústia dos impotentes com a movimentação débil de um dedo indicador.

Em tempos de precipício, alguma clareza ajuda: não pode haver espaço para relativizar a barbárie do terrorismo islâmico. Ela é absoluta e implacável. Nosso compasso humano não precisa saber se os bebês judeus foram degolados, carbonizados ou fuzilados pelos atacantes para nos situar como humanos.

De início, a matança espetaculosa desencadeada pelo Hamas contra Israel na manhã do último dia 7 não conseguiu desencadear uma guerra com mais atores. Foi, essencialmente, um atentado terrorista de crueldade máxima contra o maior número possível de judeus. Planejado e executado com ferocidade calculada pelo Hamas, o ataque conseguiu o que pretendia: aterrorizar os civis, humilhar os militares e atrair as Forças Armadas do governo de Benjamin Netanyahu para o ardil de uma invasão ao enclave palestino.

Desde que o canal americano de TV CNN mostrou o primeiro bombardeio, ao vivo, da Guerra do Golfo 2 de agosto de 1990, que durou até 28 de fevereiro de 1991, trouxemos as atrocidades das guerras para dentro de casa. Só recordando. O conflito militar travado entre o Iraque e as forças da coalizão internacional foi liderado pelos Estados Unidos e patrocinado pela Organização das Nações Unidas, com a aprovação de seu Conselho de Segurança, através da Resolução 678, autorizando o uso da força militar para alcançar a libertação do Kuwait, ocupado e anexado pelas forças armadas iraquianas sob as ordens de Saddam Hussein. A partir daquele conflito, as horripilantes cenas das guerras modernas fazem parte do nosso cotidiano.

A insanidade das guerras, a mortandade de inocentes – especialmente crianças e velhos – me angustiam. Visitei grande parte do território em conflito no Oriente Médio, e só de olhar, à distância, refastelado no sofá de casa, as cenas de milhares de pessoas mortas, elas são perturbadoras para mim.

Em um mundo cada vez mais polarizado, é importante lembrar que “Terrorismo” não é de direita nem de esquerda. É selvageria em estado bruto de desumanidade. E como tal deve ser repudiado sem relativismos que busquem justificar os meios pelos quais os terroristas procuram alcançar os seus fins.

Dizem que “nas guerras, jovens que não se odeiam se matam por ordens de velhos que se odeiam”. Triste e verdadeiro.

Fico com o moçambicano Mia Couto, que escreveu após uma sangrenta guerra em seu país: “Encheram a terra de fronteiras, carregando o céu de bandeiras, Mas só há duas nações: a dos vivos e a dos mortos…” no livro “Um rio chamado Tempo, uma casa chamada Terra”.

Eu continuo de olho na TV. Sinto o cheiro da morte no ar.

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Luiz Thadeu Nunes

Engenheiro Agrônomo, escritor e globetrotter. Autor do livro “Das muletas fiz asas". E-mail: luiz.thadeu@uol.com.br

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