Um tabuleiro multidimensional: Tecnologia, energia, finanças e narrativas em disputa global Imagem gerada por IA
Em tempos de guerras visíveis e invisíveis, o Brasil não pode continuar em silêncio técnico e institucional. O mundo está se reconfigurando em torno de dois grandes blocos de poder — EUA e China —, e conflitos como Ucrânia e Oriente Médio são peças estratégicas desse jogo.Por Juliano César Faria Souto (*)
Ocidental (EUA + OTAN + G7): que tenta preservar sua hegemonia.
Emergente (China + Rússias + Irã + Sul Global): que busca reconfigurar as regras do jogo.
Esse tabuleiro é multidimensional: Tecnológico (IA, chips, redes 5G); Energético (rotas e fontes); Financeiro (desdolarização e novas moedas digitais); Narrativo (liberalismo x soberania, unipolaridade x multipolaridade).
Inspirado nas lições de Osvaldo Aranha que sempre foi altivo, visionário, corajoso. Assumiu protagonismo na ONU, não se escondeu atrás de discursos vazios, tomou posição com altivez e pensou estrategicamente, sendo reconhecido por frases como:
“O Brasil não pode permanecer imóvel quando o mundo se move.”
— Discurso na ONU, 1947 (paráfrase de ideias contidas)
“A imparcialidade não é sinônimo de indiferença.”
— Trecho do posicionamento brasileiro durante o voto de partilha da Palestina.
Hoje, vivemos o oposto:
A diplomacia profissional foi substituída por assessores políticos e ideológicos.
O Itamaraty virou porta-voz cerimonial, sem papel de formulação.
A “neutralidade” transformou-se em inação institucional.
Hoje, na prática, a diplomacia brasileira é conduzida majoritariamente por figuras sem cargo formal na estrutura do Itamaraty. O ex-chanceler Celso Amorim, atual assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, atua como principal articulador das posições externas do Brasil, ofuscando o protagonismo institucional do Ministério das Relações Exteriores.
O atual chanceler, embaixador Mauro Vieira, tem presença discreta no debate internacional. Apesar de representar o país formalmente em cúpulas e fóruns, não há iniciativas consistentes de mediação ou liderança regional que marquem a posição do Brasil em temas como a guerra da Ucrânia, o conflito Israel X Irã ou as reformas dos organismos multilaterais.
Além disso, nas recentes participações em eventos como o G20 e a Assembleia Geral da ONU, o Brasil adotou discursos genéricos e posições ambíguas, sem apresentar propostas estruturadas de solução ou cooperação. Não se trata de ideologia, mas de ausência de um projeto diplomático de Estado, capaz de dialogar com múltiplos polos e propor alternativas viáveis aos impasses globais.
1900–1945 | Diplomacia do Prestígio e da Construção Nacional
Barão do Rio Branco: consolida a política externa técnica e respeitada.
Primeira Guerra: Brasil participa simbolicamente.
Segunda Guerra: Osvaldo Aranha lidera diálogo com EUA e preside a 1ª Assembleia da ONU (1947), com papel decisivo na criação do Estado de Israel.
1945–1989 | Guerra Fria e Alinhamento Flexível
Alternância entre alinhamento ocidental e política externa independente.
Reconhecimento da China, aproximação com África e Oriente Médio.
1990–2010 | Inserção Global e Multilateralismo Ativo
FHC: integração econômica e abertura.
Lula: BRICS, G20, Sul-Sul, protagonismo internacional com chanceleria forte.
2011–2018 | Estagnação e Perda de Protagonismo
Dilma: retração diplomática.
Temer: retomada tímida do pragmatismo.
2019–2022 | Ideologização e Isolamento
Diplomacia antiglobalista, ataques a organismos multilaterais.
Esvaziamento técnico do Itamaraty, decisões concentradas no Planalto.
2023–2024 | Retórica multilateral sem protagonismo real
Celso Amorim ocupa papel oficioso.
Participações em fóruns sem propostas concretas.
Brasil se diz neutro, mas não media nem propõe.
Tendência atual: a diplomacia brasileira é omissão ou apenas cerimonial.
O Brasil precisa reprofissionalizar o Itamaraty, devolver a ele sua missão de Estado, acima de governos.
Não é hora de omissão. É hora de reconstrução institucional.
A falta que nos faz, como nação, termos um projeto nacional apartidário, com visão de longo prazo, conduzido por lideranças altruístas, que pensem no futuro e não em eleições ou ganhos imediatos.
O Brasil ainda pode ser ponte entre os mundos – mas só se recuperar sua coragem estratégica e o respeito que já teve. Que a voz de Aranha sempre defensor uma diplomacia ativa, pautada por valores e ação estratégica, ecoe em nossos dias :
“ Neutralidade sem ação é irrelevância”
EPÍLOGO — Que papel o Brasil quer ter no século XXI?
Um mundo em guerra fria tecnológica, energética e narrativa.
O Brasil, ainda na plateia, tem potencial de ponte estratégica.
Nossa diplomacia precisa de Estado, não de cerimonial.
O Sul Global busca lideranças com voz e projetos.
Neutralidade não é silêncio: é ação com propósito.
E você, leitor? Como cidadão e parte integrante desta nação, o que pensa sobre o papel do Brasil nesse novo cenário mundial? Que voz queremos ter nos debates globais, que legado queremos deixar?
Aristóteles já dizia, no século IV a.C.:
“O homem é um animal político. Ou seja, tem que participar efetivamente da cidade — da nação — onde vive.”
Sua reflexão, sua participação e sua ação importam. Que este epílogo seja o começo de um novo diálogo nacional. O Brasil precisa de cada um de nós.
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