Dia desses eu estava assistindo ao Jornal Nacional e via uma matéria sobre o incêndio no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, ocorrido no 21 de dezembro. Velho, já não bastam os assassínios com a língua, agora também tem que queimar a bichinha?
Dias desses eu estava revirando algumas caixas, sobras de mudanças e me deparei com um CD de músicas, que se remetiam à minha época de adolescente punkrockheadbanger. E, dentre as pérolas musicais da época, havia uma canção da banda ‘careca do Brasil’ Garotos Podres: o hit ‘Papai Noel’, uma canção anticapitalista que dizia assim:
“Papai Noel, velho batuta,
Rejeita os miseráveis.
Eu quero matá-lo.
Aquele porco capitalista
Presenteia os ricos,
Cospe nos pobres”.
A letra da banda skinhead tupiniquim tem, mesmo na sua raivosidade peculiar à natureza roqueira da periferia da época, um quê de verdade: o brinde do Natal aos que têm condições de comprar, comprar, comprar. Em vez do aniversariante – neste caso dizem que Jesus nasceu em dezembro – ser o grande celebrado no Natal, Papai Noel se torna a figura central do momento.
Enquanto isso, na Sala de Justiça… esquecemos que o Natal é o nascimento de Jesus, o símbolo maior e razão da existência do Cristianismo. Durante o ano inteiro, esquecemos a pregação do amor, do compartilhamento, da fraternidade, da exaltação à vida, da aproximação com Deus (que são as bases cristãs) e, simplesmente, substituímos isso tudo pelo amigo secreto e pelo pinheiro de plástico.
Dinheiro entra em tudo. Mas o bichinho não tem culpa de nada. Ser inanimado como é, apenas se transforma na vontade das pessoas. Estas, sim, que deveriam aprender todo mundo é importante, que cada ser humano é um presente embrulhado para o outro.
Troque o panetone por um sorriso de alguém que não tem o que comer o ano inteiro. Troque o peru por um abraço em uma criança na rua, cujos olhos são desprovidos de esperança. Troque a árvore plástica pelo apertar de mãos de alguém que não se preparou e não teve oportunidades na vida e dê-lhe o que falta.
A vida nos dá a oportunidade de vivenciar um Natal TODO OS DIAS DO ANO. O problema é que vivemos esperando o Papai Noel. Mas deixe-me contar um segredo: ELE NÃO EXISTE!
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