Negócios

Quando o delivery é uma das poucas alternativas de venda para o empresário

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O serviço de delivery (entrega) cresceu em Aracaju, depois da decretação do isolamento social em virtude da pandemia do coronavírus. As empresas que atuam com alimentos só funcionam com esse tipo de serviço, pois está proibida a aglomeração de pessoas. A avaliação de como está o trabalho com uma única modalidade divide opiniões: para uns, a procura surpreendeu; para outros, nem tanto.

Os empresários Flaviano Rocha Araújo e Taíza Marinho Rocha, proprietários do Acarajé da Tinha, no bairro Luzia, disseram as que as vendas de acarajé e abará aumentaram, em média 75%. “Em um domingo, quando abrimos, vendemos toda nossa produção até às 19 horas”, contaram.

“Vendíamos, por dia, 26 acarajés, sendo que 75% das vendas eram presenciais e 25% no delivery. Hoje, praticamente se inverteu. Nestes primeiros 15 dias, estamos vendendo 20 por dia, sendo 70% no delivery e 30% presenciais. Agora, houve uma queda geral, mas o delivery compensou”, explicaram.

Para Flaviano e Taíza ficou uma lição: “aprendemos que não podemos desistir. Temos que buscar alternativas para inovarmos. Fizemos promoções e estamos tendo um bom resultado. Nossa avaliação no aplicativo I Food tem sido boa e isso tem nos ajudado bastante”.

Sair do aluguel

Jonisson, do Mozicos, e a esposa

“Tivemos uma queda muito grande no faturamento”, diz o empresário Jonisson Vieira Barreto, dono do Mozicos, que vende cachorro quente no bairro Luzia. A maioria das vendas da empresa era presencial, mas agora com a determinação de somente fazer entregas de alimentos, Jonisson teve que buscar mais plataformas para deslanchar o seu produto.

“O nosso serviço de delivery era somente com o I Food. Depois entramos no Rap, mas como achamos mais complicado, tiramos. Há 15 dias entramos no Uber Eats e ainda não deu para fazer uma análise”, comentou.

Na semana passada, Mozicos teve congestionamento no delivery, diante dos pedidos dos clientes. “Superou minha expectativa e fui fazer entregas no meu carro. Mesmo assim o cliente reclamou da demora. Ele não entende”, comentou. Quanto às entregas no local, “tem horas que não há ninguém, mas outras, congestiona. Eu aviso que as pessoas podem fazer o pedido por telefone e ir lá buscar, para evitar filas”, explicou.

Mas esse fluxo nas vendas é pontual. A queda acontece e pode ser comprovada em números. Antes da pandemia, Jonisson comprava 240 pães por dia, mas hoje pensa se é necessário comprar 30 ou 40, por conta da demanda. “Eu deixava, por dia, R$ 1 mil reais no comércio para comprar meus produtos. Hoje não compro isso por semana. Tenho 15 dias que não vou ao centro. Usei o meu estoque e quando está faltando algo, compro aos poucos”, explicou.

A queda nas vendas gerou um efeito dominó. Jonisson tinha quatro empregados, demitiu todos eles e o trabalho é feito por ele e pela esposa. “Eu tinha um trailer, no bairro Jabotiana, com dois empregados. Tive que fechar e demiti-los. O mesmo aconteceu no nosso ponto aqui no Luzia: despedi os dois colaboradores”, lamentou.

O próximo passo é sair do imóvel alugado e fazer os cachorros-quentes em casa. “Além do aluguel, pago água, taxa de esgoto, que é um absurdo, e energia elétrica.  Vou conversar com o dono do imóvel e se não houver um consenso, saio e vou trabalhar em casa”, comenta.

Hamburgueria

André e os clientes da hamburgueria, antes da pandemia

O mesmo pensamento – deixar o imóvel onde trabalha – é do empresário André Vasconcelos, dono da hamburgueria A Firma, também no Luzia. Esse é o primeiro empreendimento de André, formado em gastronomia há três anos. “Já trabalhei em outros bairros de Aracaju e este é nosso terceiro ponto”, afirmou.

Com a pandemia sentiu a queda nas vendas, “mas não tão grande. No entanto, acho que as coisas vão piorar, porque vai chegar o momento que as pessoas não terão dinheiro. O Brasil é um país quebrado e vai ser muito ruim”, imagina.

Em maio, André vai entregar o imóvel onde trabalha e ir para um apartamento que a mãe dele tem e está vazio. “Com é só para entrega, produzo os hambúrgueres de qualquer lugar”, disse. O próprio André está fazendo as entregas e trabalhando com a esposa.

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Antônio Carlos Garcia

CEO do Só Sergipe

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