Entre passos e descobertas, a infância se enriquece na convivência com o pai Imagem gerada por IA
Por Heuller Roosewelt (*)
Há alguns anos, eu pensava que compreendia o conceito de empatia em sua plenitude: “capacidade psicológica de sentir o que sentiria outra pessoa, caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela”. Mesmo que essa capacidade de me colocar no lugar do outro, de entender suas perspectivas, não adviesse essencialmente em concordar com elas. Esse cuidado com o próximo, essa busca por solidariedade, empatia e cidadania sempre foram pilares na minha vida e na minha conduta familiar.
No entanto, a paternidade me apresentou uma nova dimensão de empatia, uma que nenhuma teoria ou leitura poderia ter me preparado. O conceito de “NÓS” se expandiu de forma inimaginável. Antes, eu pensava em “NÓS” como eu e mais alguém que trilhava um caminho ao meu lado. Agora, com meu filho, o “NÓS” se tornou intrinsecamente ligado ao seu desenvolvimento, à minha contribuição para que ele cresça e se realize. Essa percepção me trouxe uma admiração ainda maior por todos os pais que dedicaram suas vidas, que fizeram sacrifícios e renúncias em nome do bem-estar de seus filhos.
Tomando por essa identidade, relembro a obra “Pais e Filhos”, de Ivan Turgueniev, que na época da faculdade me marcou pela reflexão sobre os conflitos geracionais. Ao reler com o novo status de pai, a obra ganhou nuances completamente diferentes. A incerteza, os desafios cotidianos vistos sob óticas distintas por pais e filhos, tudo ressoou de uma maneira muito mais profunda. Ao mesmo tempo, a leitura de “Mulherismo Africana”, de Clenora Hudson, complementou essa visão, destacando a importância de um papel masculino mais presente e íntimo na dinâmica familiar, reforçando a ideia de que o avanço social depende de uma educação conjunta, onde pais e mães devem oferecer o afeto e a orientação ao mesmo tempo, de forma equilibrada.
Por mais que eu tenha uma grande admiração pelo papel de meu pai na minha construção como ser social, cresci em uma época na qual o papel do pai era, predominantemente, o de “O Provedor da Família”. Meu pai era um exemplo disso: um homem trabalhador, que ao chegar em casa dedicava algum tempo a brincadeiras, mas cuja participação no processo educacional era secundária, com a principal responsabilidade recaindo sobre minha mãe. Tenho um imenso respeito e gratidão pela contribuição dele na minha formação, mas hoje, como pai, aspiro a um modelo diferente para expressar minha atuação para com meu filho. Sei que meu pai agiu dentro do contexto e da educação que recebeu, em que demonstrar afeto abertamente era, até pouco tempo atrás, visto como uma responsabilidade primordialmente materna.
A convivência com meu filho, agora, aos seus quatro anos, trouxe uma avalanche de novas experiências. Questões sobre o cuidado prático se misturam a reflexões emocionais que criam um vínculo poderoso. Entendo que minha participação no dia a dia não só oferece mais segurança para o desenvolvimento dele, como também traz tranquilidade para a mãe.
O conceito de “Pai Presente”, defendido por educadores como Humberto Baltar (Pai Presente), Thiago Queiroz (Canal: Paizinho, Vírgula!), Marcos Piangers (O Papai é Pop), vai muito além de apenas prover materialmente ou “ajudar” ocasionalmente. O homem se transforma e se ressignifica quando se dispõe a ser pai (de verdade). É sobre ser o coprotagonista na vida do filho, construindo um vínculo forte e igualmente importante ao da mãe. Ele apresenta um papel tão importante quanto o dela em todas as fases da vida da criança. O exemplo da enfermeira que pergunta pela mãe na hora da vacinação para acalmar a criança, já não encontra a mesma resposta: o pai está ali, pronto para acolher, num vínculo tão forte a ponto de também ser suficiente para confortar e segurar a mão do filho.
Não é fácil! A paciência se exaure, cansa, sobrecarrega… Mas o conceito de paternidade agora se traduz em estar mais próximo do filho, tentando estar presente de forma atenta, participativa, carinhosa, sensível e empática.
É sobre ser um ator principal na sua criação, não um mero coadjuvante. São nesses momentos, no riso compartilhado, no abraço apertado, nas perguntas incessantes e nas descobertas conjuntas, que a verdadeira essência da paternidade se revela, especialmente neste vibrante quarto ano de vida do meu filho.
#ParaTodosVerem: A imagem mostra um pai de barba e seu filho pequeno, ambos de costas para o observador, caminhando de mãos dadas por um caminho sinuoso em um cenário predominantemente verde. A paisagem evoca um sentimento de esperança e progresso.
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